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Como escrever o essay perfeito na sua application

Priscila Bellini - 03/04/2018
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Aqui vai uma verdade brutal sobre applications para graduação: no papel, a maioria dos jovens é comum. Só nos Estados Unidos, três milhões de jovens enviam suas candidaturas às universidade todos os anos. Os avaliadores experientes – em particular nas instituições concorridas – sabem como identificar um essay que vem carregado de clichês e jogá-lo na pilha de applications rejeitadas em segundos.

Felizmente, você tem a modesta chance de se distinguir. Universidades americanas e ao redor do mundo estão se distanciando cada vez mais dos resultados de testes padronizados e notas no histórico acadêmico, enquanto se aproximam do componente mais genuíno das applications: os essays. Se escritos excepcionalmente bem, funcionam como uma catapulta para a carta de aceite. Então, qual é o melhor jeito de vender o seu peixe para Harvard, com menos de mil palavras à disposição?

Nada de escrever “o que vem do seu coração”

Muitos pais e professores costumam dizer aos estudantes: “escreva de forma sincera”, “escreva sobre seus sentimentos” ou “escreva sobre o que importa para você”. Apesar de bem-intencionado, esse conselho não ajuda. Um essay pode ser completamente sincero, e ainda assim ser péssimo.

Em vez de sair de um ponto de partida tão amplo, comece com uma estratégia mais específica, de pesquisar os piores clichês de essays para candidatura. Dessa forma, mesmo que você não tenha a mínima ideia sobre o que escrever, ao menos sabe o que deve evitar. Exemplos de erros clássicos que fazem os avaliadores revirarem os olhos incluem:

  • Definições de dicionário (“Webster’s defines ‘courage’ as…”)
  • Epígrafos ou referências a escritores famosos (“It was the best of times…”)
  • Efeitos sonoros (“Whizz! Snap! Whew! went the rocket that I built…”)
  • Frases que são apenas uma sequência de palavras que você encontrou no SAT (“The fortuitous phenomena that transpired on the fortnight of…”)
  • Informações repetidas de outras partes da sua application, como uma lista de todas as suas atividades extracurriculares
  • Falar da universidade, em vez de falar de si mesmo
  • Abusar da voz passiva, em vez de contar uma história que atraia o leitor

Não seja interessante, seja interessado

E agora, sobre o que escrever? Propostas de redação são intencionalmente abertas, e há diversas formas de falar de um mesmo assunto. Aqui vai uma tática infalível: escreva sobre uma pessoa, um lugar ou uma ideia que você ame genuinamente – talvez até o suficiente para sorrir feito bobo quando pensa nela.

“Escreva sobre o que interessa, e não sobre o que é interessante sobre você”, diz a repórter da Quartz Jenni Avins, que escreveu sobre seu emprego de meio-período no Ensino Médio, fazendo crepes em uma cafeteria. “Eu me interessava pelas pessoas que entravam na cafeteria e nesse pequeno mundo. Era um texto analítico sobre ter uma janela de onde observar uma comunidade”.

Leia também: O que alunos da Ivy League leem – e você também deveria

Entretanto, isso não significa que você deve divagar indefinidamente ao longo de cinco parágrafos. Certifique-se de que o seu assunto revela algo sobre você, ou sobre o que você deseja estudar e conquistar. A redação da Jenni destacava sua curiosidade quanto aos outros. Já o editor de Ciência da Quartz Elijah Wolfon escreveu sobre as pizzarias de Nova York – sendo que o texto tratava, na verdade, da sua mudança de cidade e de como lidar com o sentimento de perda.

O dean de admissions de Yale, Jeremiah Quinlan, já disse em entrevista que a universidade procura “paixão” nos alunos que aceita. E pode apostar que os responsáveis pelas admissões de Stanford, MIT e outras escolas concorridas estão em busca da mesma coisa. Não se preocupe se o tema parecer chato ou pretensioso demais, porque a emoção por trás dele importa mais do que isso.

Explore memórias não tão agradáveis

Pode parecer instintivo pintar a melhor imagem possível de si mesmo no essay – mas deixe de lado a vaidade e o orgulho por um momento. Você passou o restante da sua application destacando suas notas excepcionais, suas habilidades de liderança e seus trabalhos voluntários. Muitas vezes, os assuntos mais interessantes são aqueles que deixam suas imperfeições escaparem.

Você pode começar com uma reflexão sobre um momento em que se esforçou muito, cometeu um erro ou se sentiu constrangido. O repórter de tecnologia da Quartz, Mike Murphy, por exemplo, escreveu sobre se perder no Grand Canyon quando era criança. Ele começa o texto dando o tom da cena: “I’m sorry, but 3:30 a.m. is never the same as 4:00 a.m”. Então, explica como ele e seus pais acidentalmente se separaram de um grupo de viagem, e leva o leitor a entender os desafios que enfrentou na sua jornada até voltar à segurança, usando um tom de humildade e aprendizado.

Bons essays não precisam destacar os superpoderes do candidato. Eles podem expor fraquezas, demonstrar suas sutilezas e autoconhecimento.

Conte uma história, da forma que preferir

Quando se trata de um essay, assumir o risco – grande ou pequeno – é melhor do que optar pelo caminho seguro. Tente formatos diferentes para o seu texto, para ver se um deles se destaca mais do que os outros.

“Os avaliadores têm de ler tantas redações que se parecem até fisicamente. Um essay que fuja do óbvio é mais memorável”, diz o editor Jean-Luc Bouchard. “Eu escrevi uma série de poemas ligados entre si, no meu caso, e acho que, apesar de as poesias não serem das melhores, ganhei pontos por arriscar algo diferente”.

Leia também: 6 coisas que aprendi estudando em Stanford

Você pode se lembrar das notícias sobre Ziad Ahmed, um estudante que foi admitido por Stanford depois de escrever #BlackLivesMatter cem vezes em uma de suas redações. Esse tipo de tentativa pode parecer enigmática – e não é recomendável arriscar uma ideia parecida num futuro tão próximo – mas funciona para uma coisa: chamar a atenção do leitor. Ziad, que estagiou com Hillary Clinton e foi reconhecido pelo ex-presidente americano Barack Obama em um jantar na Casa Branca em 2015, já estava mais do que qualificado. O que o texto dele fez foi pausar as atividades dos avaliadores por um momento, e fazer com que eles prestassem maior atenção àquela application.

Mexa no seu essay. Pense nele não só como um texto em sentido acadêmico, mas como uma tela em branco que você pode usar como preferir.

Revise

Faça uma revisão gramática e ortográfica da sua redação. Peça a um professor, amigo, parente ou mentor para lê-la novamente – e depois peça a mais cinco pessoas para fazer o mesmo. Os responsáveis pelas admissões passam por dezenas de textos todos os dias, e o tédio pode fazer com que fiquem mais sensíveis aos erros de digitação e deslizes gramaticais. Demonstre para eles esse pequeno sinal de respeito e já contará com mais pontos do que muitos candidatos.

Este texto foi originalmente publicado pelo Quartz, e adaptado pelo Estudar Fora. Para acessar a versão original, escrita por Amy Wang, clique aqui.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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