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Como funcionam os jornais universitários de Harvard e Yale

Priscila Bellini - 15/02/2018
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Os jornais universitários têm uma longa tradição nos campi americanos. Publicações do tipo costumam engajar estudantes de graduação, que escrevem textos sobre eventos na universidade (ou fora dela), artigos de opinião e crônicas. Entre os principais, estão veículos como Yale Daily News e The Harvard Crimson.

Para garantir a atividade desses jornais universitários, cada universidade tem um orçamento diferente. Todos os anos, são destinados alguns milhares de dólares para garantir a impressão e distribuição, seja diária ou semanal, dos textos publicados por estudantes. Há ainda versões digitais e edições especiais, como as feitas em semanas de calouros e de graduação.

Mas qual a vantagem, enquanto aluno de graduação, em se juntar ao time desses jornais? Logo de cara, um ponto positivo é ganhar treinamentos e experiência com escrita e cobertura jornalística, mesmo sem ter trabalhado em um veículo maior. Também serve de oportunidade para quem deseja desenvolver habilidades de liderança, assumindo funções que vão da edição ao marketing.

Quando surgiram os jornais universitários

As publicações mais tradicionais, no caso dos Estados Unidos, surgiram no século 19. Para ter uma ideia, The Yale Daily News e The Harvard Crimson tiveram suas primeiras tiragens, respectivamente, em 1878 e 1873.

Naquele mesmo período, apareciam cada vez mais publicações nesses moldes em território americano, mesmo fora da Ivy League. O Daily Targum, da Universidade Rutgers, surgiu em 1869, como publicação mensal. Já o Columbia Daily Spectator, ligado à Universidade Columbia, deu seus primeiros passos em 1877, e hoje continua como publicação online diária, com uma impressão semanal. Por sua vez, The Daily Californian passou a ser produzido pelos alunos de Berkeley em 1871.

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De lá pra cá, os moldes dos jornais universitários mudaram. A circulação de alguns deles foi ampliada, por exemplo, e adaptada para versões diárias e em cores. Houve ainda os que passassem a oferecer edições especiais aos fins de semana, como suplementos de cultura.

Com o tempo, essas publicações também ganharam mais independência, como a garantia de um espaço no orçamento da universidade e liberdade para publicar sobre assuntos diversos – desde debates sobre admissions até sobre a autoimagem das estudantes.

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Conheça dois dos principais jornais universitários americanos, ligados a duas das mais prestigiadas instituições de ensino dos Estados Unidos.

The Harvard Crimson

Inicialmente chamada de “Magenta”, a publicação figura entre os mais importantes jornais universitários do país, em sua versão online e impressa. Figura constante na história da instituição de ensino, o Crimson deve seu nome à cor oficial da Universidade Harvard, o carmesim.

Para fazer parte do time editorial, os alunos precisam passar por um processo de um semestre. Nesse período, devem participar de encontros semanais com outros estudantes interessados no jornal, escrever artigos de opinião, postagens de blogs e matérias longas. Em outras palavras, trata-se de uma preparação e tanto para os jornais universitários.

E não é à toa, já que o próprio Harvard Crimson declara ser um negócio “milionário”. Estima-se que os recursos do jornal, distribuídos entre despesas com impressão e apoio a estudantes, chegue a um milhão de dólares. Todos os semestres, 90 alunos que colaboram para o jornal recebem remuneração, obtida de acordo com sua necessidade financeira.

Entre os jovens que passaram pelo The Harvard Crimson, estão personalidades como os ex-presidentes americanos John Kennedy e Franklin Roosevelt. Durante seus estudos em Harvard, os dois integraram a equipe como editores.

The Yale Daily News

O veículo da Universidade Yale também está entre os jornais universitários mais antigos e tradicionais. Desde sua criação, em 1878, o Yale Daily News teve sua independência editorial e financeira garantidas. Distribuído pelo campus e pela região de New Haven de segunda a sexta-feira, o jornal lança também edições especiais, como a referente à partida de futebol americano anual contra Harvard (uma rivalidade no esporte iniciada em 1875).

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Em geral, os estudantes responsáveis pelo jornal trabalham voluntariamente e precisam encarar um período de treinamento de seis meses. É um período útil para aprender as técnicas jornalísticas e noções sobre ética e padrões da publicação. Depois desse treinamento, chega o momento de receber as funções do jornal, que vão desde fotografia até design.

Entre os antigos membros da equipe que alcançaram destaque, estão jornalistas nomeados ao Prêmio Pulitzer e políticos. Outras figuras associadas à publicação são duas personagens da ficção: Rory Gilmore e Paris Geller, da série Gilmore Girls.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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