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Saiba como estudar árabe no exterior (e com bolsa)

Priscila Bellini - 06/02/2018
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Ganhar fluência em um idioma estrangeiro no exterior é o sonho de muitos brasileiros. Há várias opções de destinos e escolas de idiomas à disposição, para todos os bolsos. Para estudar árabe, idioma menos comum entre os alunos brasileiros, a regra prevalece: há muitos caminhos possíveis.

Uma das particularidades do árabe, entretanto, tem a ver com o nível de comprometimento necessário para aprender o idioma. Trata-se de um compromisso de longa data, se comparado a outras línguas, como o inglês.

Um dos pontos de partida para entender esse comprometimento necessário refere-se justamente ao guarda-chuva que chamamos de “língua árabe”. Quando usamos tal expressão, podemos nos referir a três elementos diferentes: ao árabe dos textos clássicos (como o Alcorão); ao padrão, comumente chamado de “Modern Standard Arabic” (presente em livros, discursos oficiais das Nações Unidas e jornais) e aos dialetos, falados no dia a dia em cada país.

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O “Modern Standard Arabic”, ensinado na maioria das universidades brasileiras e estrangeiras, não é falado nas ruas, ainda que possa ser entendido por boa parte da população local. Em vez da norma padrão, falam-se dialetos, que variam de acordo com a região e podem se aproximar mais ou menos do MSA. Basta espiar um exemplo simples, como palavra usada para descrever o número “dois”. Na norma padrão, fala-se “ethnayn”, enquanto, no dialeto levantino, o correto seria “tneen” ou “tinteen”. No dialeto marroquino, a mesma palavra vira “juuj”.

Pensando em tais aspectos, não é exagero dizer que estudar árabe é um compromisso e tanto. Justamente por isso, tanta gente que procura o idioma anima-se com a ideia de praticá-lo lá fora, em ambiente imersivo. Antes de fazer as malas, entretanto, vale refletir sobre alguns pontos para escolher o curso ideal e o decidir o destino do intercâmbio.

1) Conheça qual seu nível de proficiência no idioma

Essa etapa exige que você analise quais os conhecimentos que já tem sobre a língua e ajuda a escolher quais os programas possíveis. Há institutos que aceitam alunos sem conhecimento prévio – como o Qasid Arabic Institute, na Jordânia –  e há aqueles que recomendam que o aluno tenha cumprido o nível básico.

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Um nível básico do idioma permite que o estudante consiga ao menos “se virar” na fase de adaptação do intercâmbio. Afinal, dependendo do país e da região em que se vive, pouca gente fala inglês e pode ser difícil se comunicar. Saber cumprimentos, números, frases básicas para se deslocar pela cidade… Tudo isso serve como um “manual de sobrevivência”.

Outro ponto relevante nesse exercício de autoconhecimento tem a ver com as expectativas do estudante durante o período no exterior. Isso porque, a depender do nível de proficiência inicial e do tempo disponível, os resultados serão bastante diferentes. Fica difícil, por exemplo, sair do zero e atingir o nível avançado no idioma em poucos meses.

2) Decida “qual” árabe você deseja aprender

De início, há três caminhos possíveis (e que podem ser combinados, de acordo com o programa): o árabe padrão, o clássico e os dialetos. Por um lado, há quem procure os estudos de árabe clássico para se aprofundar em textos religiosos, como o Alcorão.

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Por outro, há quem tenha base em dialetos específicos e queira aprender a norma padrão para avançar em estudos universitários. Há ainda quem deseje entender como se fala árabe “na prática” e precise de um empurrãozinho para ganhar fluência em dialetos.

Instituições como o Qalam wa Lawh, no Marrocos, oferecem cursos de MSA e também formações em dialeto local (no caso, o darija), para os que planejam estudar árabe em ambiente imersivo. Há bolsas, como a Ibn Battuta Scholarship for Peace and Diplomacy, que focam uma das modalidades, como o árabe padrão.

3) Defina qual será o país de destino 

Determinar o destino do intercâmbio é um passo importante, não só para quem deseja estudar árabe. Nessa equação, há fatores numerosos a considerar: o clima local, a moeda, os custos de vida, as leis locais, os costumes. É possível que um país como a Arábia Saudita some mais pontos positivos com um aluno, enquanto o Egito pareça uma opção menos atrativa.

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Antes de fazer as malas, portanto, cabe ao estudante pensar em fatores bastante variados, como o dialeto local (nem sempre “parecido” com o que se aprende nas aulas de MSA) e a estabilidade política.

Uma vez determinado o destino, é a hora de procurar centros de idiomas reconhecidos, que tenham vínculos com instituições estrangeiras e boa estrutura. Para além da estrutura, vale a pena checar também as bolsas de estudo e seus prazos. No Qatar, por exemplo, destaca-se a Arabic for Non-Native Speakers, da Universidade do Qatar, que tem duração de um ano. Já na Jordânia, o Qasid Arabic Institute oferece apoio e possui programas de intercâmbio de longa data com universidades como Harvard e Oxford.

4) Procure alternativas para estudar árabe

Além dos programas de ensino do idioma, há outras oportunidades para quem deseja estudar árabe. Buscar estágios no exterior, em países do Oriente Médio e do Norte da África, pode ser uma saída, que conta com ferramentas como o Jobbatical. Há ainda oportunidades de trabalho voluntário, em países como a Palestina.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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