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Eles estudaram juntos, e agora estão entre os 4 brasileiros aprovados pelo MIT

Nathalia Bustamante - 28/03/2017
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Aos 14 anos, Dayanne Rolim Carvalho saiu da cidade de Crato, no interior do Ceará, para estudar em Fortaleza – a mais de 500 quilômetros de distância. De família humilde, ela conseguira uma bolsa integral, incluindo moradia e alimentação, a partir da sua participação em Olimpíadas Científicas durante o Ensino Fundamental.

A adaptação não foi fácil – além da saudade dos pais, Dayanne morava em uma pensão com outros estudantes, já universitários, e precisou se adaptar a estudar com colegas que vinham das melhores escolas do país.

Natural de Teresina, Rogério Júnior mudou-se para Fortaleza com 15 anos, também para estudar. Além de estar na mesma sala de Dayanne, ele também participava de Olimpíadas Científicas e passou a morar a mais de 500 quilômetros dos pais, na casa da avó. Ambos se interessam por ciências exatas – Dayanne por química e Rogério pela matemática – e, como forma de compartilhar conhecimento e retribuir as oportunidades que tiveram, davam aulas em escolas públicas da capital cearense.

O esforço de ambos foi coroado no último dia 14. Dayanne e Rogério estão entre os quatro brasileiros aprovados pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology. As famílias, embora radiantes, ainda têm pouca perspectiva do tamanho desta conquista: a instituição é uma das mais seletivas do mundo e, a cada ano, apenas 2 ou 4 brasileiros conseguem conquistar o comitê avaliador.

Sonhadores e Esforçados, desde muito cedo

Antes de se mudar para Fortaleza, Dayanne estudava com bolsa integral em um colégio em Juazeiro do Norte. Ao nascer do Sol, pegava um ônibus que a levava à cidade vizinha, onde passava o dia inteiro. Além das aulas, participava de cursos complementares de ciências e matemática e, no oitavo ano, seu colégio participou pela primeira vez de Olimpíadas Científicas. Nos quatro anos que se seguiram, ela conquistou 35 medalhas e foi duas vezes medalhista de ouro das Olimpíadas Nacionais de Física e Química.

A Olimpíada é importante porque te ajuda […] a entender que difícil é relativo

Rogério começou ainda mais cedo – desde o sexto ano estudando para Olimpíadas Científicas, ele credita boa parte das suas conquistas a estas competições. “A Olimpíada é importante porque te ajuda a reconhecer desafios de verdade. E, mais que isso, descobrir que somos capazes de superá-los. Ajuda a entender que difícil é relativo”, explica ele.

No primeiro ano do Ensino Médio, Rogério participou de uma palestra da Fundação Estudar em que um aluno de Duke explicou o processo de candidatura para graduação no exterior. Já sabendo que “difícil é relativo”, ele saiu da palestra decidido: iria estudar fora. Começou a se preparar desde o primeiro ano e sequer fez vestibular no terceiro, apostando todas as suas fichas no application.

Foi ele, inclusive, um dos primeiros a apresentar a Dayanne a possibilidade de estudar no exterior. Para ela, o interesse em estudar no exterior veio tarde, apenas no final do segundo ano. “No início, achei que era muito distante da minha realidade. Minha família não teria condições de arcar com os custos do processo seletivo, nem com os custos da própria graduação”, relembra. Determinada, Dayanne descobriu instituições como a EducationUSA e a Fundação Estudar, que ajudam a custear todo o processo de application, além de fornecer orientação e acompanhamento. Além disso, por paixão, ela já se dedicava a atividades extracurriculares que acabariam fortalecendo a sua candidatura – como dar aula para estudantes de escolas públicas e participar de cursos avançados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.  O sonho ficou mais perto.

A preparação para a candidatura

No caso de Dayanne, a preparação começou com uma application “de treineiro”: no terceiro ano, ela se candidatou para o programa de verão de Yale, Yale Global Scholars, que exigiu que ela enviasse exames de proficiência em inglês e cartas de motivação – as famosas essays. “A gente aprende que é mais fácil falar de outras coisas além de nós mesmos”, ri ela.  Foi aprovada com bolsa integral, e a experiência internacional foi determinante para que a jovem tivesse convicção do que queria. Em Yale, teve a possibilidade de desenvolver um projeto de pesquisa com outros estudantes do mundo todo.

A gente aprende que é mais fácil falar de outras coisas além de nós mesmos

No processo de construção das essays, Dayanne descobriu que “não conseguia falar de mim sem falar da química”, e foi importante a ajuda que recebeu da sua mentora do Prep Scholars. “Foi a primeira pessoa para quem liguei quando recebi o resultado”, diz, emocionada.

Já segundo Rogério, o grande trunfo da sua candidatura foi conseguir mostrar resultados expressivos das iniciativas às quais se dedicava. “Porque, se não for algo que você está amando fazer, não vai fazer por muito tempo”, explica. No seu caso, Rogério se dedicou a estudar programação e, mais que isso, a ensinar programação, em escolas públicas e através de um curso de programação online. “Isso ajudou a mostrar que eu não só um bom aprendedor de conteúdo, mas que conseguia transformar isso em realidade e em impacto na vida das pessoas”, argumenta. Para ele, que também recebeu apoio do Prep Scholars, o mais importante não é falar sobre o que você fez, e sim como você fez e como isso mostra quem você é.

Recebendo o Resultado

Na semana anterior, Rogério já tinha recebido um não de Caltech. Na noite anterior ao resultado do MIT, não conseguiu dormir. “Já estava começando a pensar em como seria meu ano de cursinho por aqui”, ri. No dia, combinou com um amigo [Daniel Lima, ex-Prep que atualmente estuda em Princeton] de se falarem por Skype, e o amigo acompanhou todo o momento – da abertura do e-mail, que não tinha uma resposta logo de cara – às lágrimas de alegria que acompanharam o resultado. “Foi a melhor notícia que já dei para a minha família. Hoje em dia, meu pai já sabe muito mais de MIT do que eu”, ri ele.

Muita felicidade, e ao mesmo tempo aquele pesar

Já para Dayanne, o resultado teve um sabor agridoce. “[Ser aprovada no MIT] foi parecido com o momento em que tive que ir para Fortaleza. Muita felicidade, e ao mesmo tempo aquele pesar [de deixar a família]. É bem dual”, se emociona.

As expectativas para o MIT

A jovem ainda não recebeu todos os retornos de universidades – mas nem Yale, universidade pela qual tem uma queda, a dissuadiria de ir para o MIT. “No tipo de pesquisa que quero fazer, as universidades mais fortes são Stanford e MIT. Nem Harvard se compara”, explica.

A instituição, líder em pesquisa e inovação, também atrai Rogério pela vontade de “botar a mão na massa”. “Lá estão os pesquisadores que vão mudar a sociedade em 10 anos, e a possibilidade de contribuir com isso já na graduação é muito grande”, afirma. As expectativas do jovem para quando chegar ao MIT são altas. “Quero mudar o mundo diariamente”, afirma.

Passo a passo, jovens como ele e Dayanne já vem fazendo isso.

 

Candidate-se ao Prep Scholars

O Prep Scholars, programa preparatório da Fundação Estudar para graduação, está com inscrições abertas para a turma 2017-2018 até o dia 10 de abril. O programa seleciona estudantes do terceiro ano do ensino médio que sonham em estudar nas melhores universidades do mundo e os prepara durante o seu processo de candidatura. O programa é gratuito e tem mais de 90% de aprovação.

Os interessados devem preencher um formulário de candidatura e enviar histórico escolar e outros documentos complementares através do site. Podem se inscrever estudantes que estejam no terceiro ano do Ensino Médio ou que tenham tirado um “gap year” antes de entrar na universidade.

 

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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