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Pós-graduação lato sensu e stricto sensu: qual é a diferença?

Gustavo Sumares - 12/05/2023
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No momento de escolher qual pós-graduação realizar, é comum se deparar com os termos lato sensu e stricto sensu. Essas expressões normalmente se referem a tipos diferentes de programas  de pós-graduação. Mas qual é a diferença entre os programas de cada tipo? E qual é a importância delas para quem quer estudar fora?

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Essas são algumas das questões que vamos abordar na sequência. A seguir, esclareça as principais dúvidas relacionadas às modalidades lato sensu e stricto sensu de pós-graduação.

Significado de cada um

Tanto “lato sensu” quanto “stricto senso” são expressões que vêm do latim. Elas significam, respectivamente, “sentido amplo” e “sentido estrito”. Em outras palavras, se referem a cursos de pós-graduação em sentido mais amplo ou mais estrito.

O “sentido estrito” (ou stricto sensu) é aquele que está mais ligado à interpretação acadêmica tradicional do que é uma pós-graduação. Ou seja: é um mestrado ou doutorado focado em pesquisa e produção científica. Eles concedem o título de “mestre” ou “doutor” a quem os conclui, e exigem a produção de uma tese ou monografia no final.

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Já o “sentido amplo” (ou lato sensu) não está tão ligado a essa tradição. São programas de pós-graduação que efetivamente ampliam o que foi aprendido na graduação, mas sem um vínculo acadêmico tão forte. A ausência desse vínculo permite que eles sejam oferecidos em uma maior variedade de áreas, e frequentemente eles se aproximam mais do mercado de trabalho.

Lato sensu e stricto sensu nas leis

As modalidades de graduação lato sensu e stricto sensu se encaixam nas modalidades descritas na lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional — mais especificamente, a lei número 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Em seu artigo III, a lei fala dos programas de pós-graduação, que incluem “programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros (…)”.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), as pós-graduações stricto sensu se referem aos “programas de mestrado e doutorado”. Já as pós lato sensu são os “programas de especialização” e “incluem os cursos designados como MBA”.

Nos dois casos, são cursos voltados para alunos formados no ensino superior e que atendam às exigências da instituição de ensino. Ou seja: tanto para lato sensu quanto para stricto sensu, você precisa já ter concluído a graduação e ser aceito pela escola onde quer estudar.

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Sobre os programas lato sensu, o MEC também afirma que eles devem ter pelo menos 360 horas de duração — os programas stricto sensu não têm essa determinação. Outra distinção importante é que os programas lato sensu concedem certificado (e não diploma) a quem os conclui.

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E em outros países?

Essa distinção entre programas de pós-graduação é válida para o Brasil. Outros países, no entanto, têm distinções diferentes. Mas, via de regra, também existe uma separação entre aqueles que são mais focados em pesquisa e os que não têm esse foco. E é bom ter em mente: o doutorado, ou Ph.D. sempre está relacionado a pós-graduação stricto sensu. Por isso, vamos falar a seguir sobre cursos de mestrado.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, por exemplo, é comum que os programas de mestrados sejam designados pelas siglas M.A., M. Sc. ou até M.Res. — que designam, respectivamente, os títulos de Master of the Arts, Master of Sciences ou Master of Research.

Em geral, os títulos de M.A. são mais parecidos com os nossos mestrados lato sensu, enquanto os M.Sc. e M.Res. têm mais semelhanças com os mestrados stricto sensu. Mas nos EUA, não é necessário fazer o mestrado antes do Ph.D. (que equivale, nesse caso, ao nosso doutorado).

Por isso, é comum que os alunos interessados em pesquisa saiam da graduação e entrem direto no Ph.D. Ter um título de Master pode ajudar no processo de seleção para o Ph.D. e a experiência certamente contribui — especialmente se o candidato já fez um programa relacionado a pesquisa. Mas como não existe a exigência, a distinção entre M.A. e M.Sc. acaba sendo um pouco diferente.

No final, os M.A. também têm um foco mais relacionado ao mercado de trabalho e a profissões de humanas, negócios e administração. Os M.Sc., por sua vez, se relacionam mais a ciências exatas e biológicas.

Europa

Na Europa, os programas costumam se diferenciar entre Taught Masters Degrees (algo como “programas de mestrado ensinados”, em tradução livre) e Research Masters Degrees (“programas de mestrado de pesquisa”). Os primeiros são, via de regra, mais parecidos com as nossas pós-graduações lato sensu; os segundos, com as nossas pós stricto sensu.

O título recebido no fim desses programas também costuma ser M.A. (para os Taught Masters) e M.Sc. (para os Research Masters). E ambos contam como um mestrado concluído.

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Isso é importante, porque nas instituições europeias, diferentes das universidades estadunidenses, em geral é preciso fazer o mestrado antes do doutorado ou Ph.D. Naturalmente, os requisitos variam conforme a instituição. Mas em alguns casos, o Ph.D. também pode exigir que o aluno tenha experiência em pesquisa — nesse caso, o M.Sc é mais indicado.

É o caso do Canadá também: por lá, costuma-se exigir mestrado antes de que o estudante ingresse no doutorado. Mas tanto no Canadá quanto na Europa, algumas instituições têm uma opção de fast-track: são cursos nos quais o aluno faz um ano de mestrado e já pode seguir para os 3 ou 4 anos de Ph.D. Para quem pensa em seguir carreira acadêmica nesses países e ainda não fez o mestrado, esse fast-track pode ser uma boa escolha.

Compatibilidade dos mestrados lato sensu e stricto sensu para estudar no exterior

Então, se você quer fazer um mestado no exterior, qual dessas opções é a melhor? Ou ainda: se você pensa em seguir carreira acadêmica fazendo doutorado no exterior, deve fazer uma pós-graduação lato sensu ou stricto sensu no Brasil?

Não existe uma única resposta a essas perguntas. O que é importante ter em mente é que, via de regra, para quem quer fazer pesquisa, os M.Sc. ou pós-graduações stricto sensu são mais indicados. Em geral, todos os programas de mestrado que oferecem diploma no Brasil são reconhecidos como Masters em outros países.

Isso significa que se você quiser fazer doutorado na Alemanha, por exemplo, pode ser mais indicado fazer um mestrado stricto sensu no Brasil antes. Pode até ser que um mestrado lato sensu brasileiro seja aceito, mas a chance da outra categoria ser aceita é maior — além disso, você já vai ter uma experiência bem próxima do seu doutorado durante o mestrado, e com isso consegue decidir se é realmente isso que você quer.

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Em todo caso, é importante que a sua escolha tenha a ver com o que você pretende para a sua carreira. Se você pretende seguir carreira acadêmica, um M.Sc.  ou research masters pode ser mais indicado; se não, um M.A. pode ser mais a sua cara.

E o MBA?

No Brasil, os programas de MBA entram na categoria de pós-graduação lato sensu. De maneira semelhante, o MBA no exterior não é considerado um mestrado científico ou de pesquisa. Quem o conclui ganha um título específico, que é… isso mesmo, o de Master in Business Administration (ou “mestre em administração de negócios”).

Na Europa, da mesma forma, os MBA costumam ser considerados mais próximos dos Taught Masters que dos Research Masters. Para quem pretende seguir numa carreira executiva, isso não importa muito. Mas se depois do MBA você planejar fazer um doutorado ou Ph.D. pode ser interessante saber que existem mestrados científicos de teor semelhante ao do MBA.

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É possível, por exemplo, fazer um M.Sc. em áreas relacionadas a gestão, engenharia ou temas como business analytics, por exemplo. Esses programas são interessantes para quem quer um background mais robusto na parte científica da pós-graduação, mas também se preocupa com a aplicabilidade dos estudos no mercado corporativo.

E esses programas também costumam ser mais acessíveis, menos concorridos e exigir menos anos de experiência que os MBAs. Por isso, é uma opção que também pode ser interessante para quem quer fazer pós no exterior.

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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