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Intercâmbio: por onde começar a se preparar?

Nathalia Bustamante - 03/03/2016
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Por Nathalia Honci

Eu sabia que não seria fácil, afinal, se preparar para o intercâmbio requer tempo e dinheiro – e eu não tinha nenhum dos dois. Estava decidida a mudar de profissão e tornar meu inglês finalmente razoável (depois de ter terminado um curso regular no Brasil), então me dei o prazo de um ano e não se falava mais nisso. Comecei lendo diversos sites especializados em intercâmbio, internacionais e nacionais, de instituições públicas e privadas. Li também blogs, li histórias de gente que foi e voltou, que foi e ficou, e isso só aumentou minha ansiedade para ir, apenas ir.

Separe alguns países e leia sobre eles. Se não for o suficiente, leia sobre outros. Com o tempo, você vai ter parâmetros suficientes para saber qual se encaixa ao seu perfil.

O primeiro passo para se preparar para o intercâmbio

Muita gente me pergunta como começar a procurar por um programa de intercâmbio e minha resposta é sempre a mesma: separe alguns países e leia sobre eles. Se não for o suficiente, leia sobre outros. Com o tempo, você vai ter parâmetros suficientes para saber qual se encaixa ao seu perfil. Essa busca me fez ver que intercâmbio não é só para os meus colegas ricos que fizeram high school, há diversas modalidades econômicas, como o baratíssimo au pair e o democrático work and study.

O primeiro passo foi me munir de informações sobre a legislação de estudo e trabalho nas mais diversas nações, sobre as línguas necessárias ao intercambista em cada país e sobre a margem de preço da vida em cada lugar. Era começo de 2014 e eu passei, pelo menos, um mês fazendo isso, mas as minhas exigências eram tantas que poucos países sobraram.

Conhecendo melhor os programas de intercâmbio

À época, eu falava apenas o inglês como língua estrangeira, então muitos programas de países como Alemanha, França e Holanda foram descartados. Eu tinha um orçamento mais que apertado, então destinos como a Austrália e a Nova Zelândia ficaram inviáveis. Além disso, eu precisava trabalhar para pagar as minhas despesas e poucos países possuíam uma política maleável com relação a isso. Sobraram, então: Estados Unidos (au pair), Canadá e Irlanda (work and study).

Optei, é claro, pelo intercâmbio mais barato (custava cerca de R$ 2 mil) e que me traria uma experiência de verdadeira imersão: o au pair. Apesar de eu nunca ter tido o sonho americano, era para lá mesmo que eu iria, já que o país é referência absoluta nessa modalidade. Iniciei o processo, mas desisti depois de alguns meses. Au pair é para quem quer e gosta de cuidar de crianças. O application é melindroso, demorado, trabalhoso e você tem um contato real com as famílias ainda no Brasil, como deve ser. Ou a demora me assustou ou o destino conspirou ao meu favor.

Iniciei o processo, mas desisti depois de alguns meses. Au pair é para quem quer e gosta de cuidar de crianças.

Depois da desistência, recebi uma proposta irrecusável para conhecer alguns países europeus. Era o meu tio querendo que eu pusesse os pés para fora do Nordeste. Sem pretensões, embarquei em meados de 2014 para França, Suíça e Itália, e isso foi o divisor de águas. Pela primeira vez, eu entrava em contato com o caldeirão cultural que é a Europa. Eu estava na casa de amigos e tomava café com sul-americanos, asiáticos e africanos na mesma mesa. No ônibus, eu ouvia um bengalês conversar com um turco em inglês! Foram 15 dias inacreditáveis!

Work and Study

Voltei para o Brasil e comecei a procurar programas de work and study nos dois países que haviam sobrado: o Canadá e a Irlanda. O país do gelo foi minha primeira opção por todas as histórias de sucesso que eu havia lido de brasileiros por lá. Mas, para minha surpresa, aquela era uma fase de transição na legislação do país, o que causou restrições na possibilidade de trabalho por lá. Não deu outra: a Irlanda estava em promoção e eu comprei um curso de inglês que me custou tudo o que eu ia conseguir arrecadar até o fim daquele ano, pouco mais de R$ 7 mil.

Uau! Eu havia conseguido pagar meu intercâmbio de um ano! E na Europa! Eu mal podia contar as horas. Uma coisa boa em todos os programas que eu havia selecionado era a possibilidade de visto de um ano com renovação para mais um, tanto os de au pair, como os de work and study, realidade que já está um pouco mudada. Na Irlanda, por exemplo, o atual visto é de oito meses.

Para que eu completasse meu planejamento, faltava apenas saber como eu pagaria minhas passagens e os € 3 mil exigidos pela imigração do país. Mas isso já é assunto para os próximos capítulos! Em 2015, mudei duas vezes de país, conheci uma dezena de outros, aprendi três línguas e não me arrependi nem por um segundo da escolha que fiz.


nathalia-honci-miniaturaNathalia Honci
Jornalista e entusiasta da área de Educação. Tem o sonho de ser #poliglotaaos30, mas acha que vai conseguir antes disso, já que estuda dia e noite. Com dois intercâmbios na bagagem, morou primeiramente na Irlanda e atualmente vive na bella Itália. Compartilha suas experiências de estudo em seu blog, o Brazilians in Europe.com  e suas reportagens sobre oportunidades na Europa para brasileiros em seu perfil profissional.

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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