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Por que essa advogada decidiu mudar de carreira e trabalhar com educação

Priscila Bellini - 28/04/2021
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A brasileira Talita Nascimento passou a faculdade de Direito, na Universidade de São Paulo, e o começo de carreira dividida entre o interesse no setor privado e no público. Recém-formada, foi para setor de private equity do banco de investimentos BTG Pactual. Depois, veio a possibilidade de mudar de carreira: trabalhar com educação, direto do MEC (Ministério da Educação) em Brasília.

Mas a transição entre duas áreas tão distintas não aconteceu da noite para o dia. Durante a graduação, no Largo São Francisco, Talita atuava em um serviço de assessoria jurídica à população de baixa renda e no escritório-modelo da faculdade. “Queria ter experiência em Direito nos grandes escritórios, para me formar enquanto profissional, mas também tinha um viés de trabalho comunitário, social”, explica a advogada de formação, que passou pelo estágio de escritórios como o Machado Meyer, em áreas como contencioso cível.

Uma vez com o diploma em mãos, ela seguiu para o BTG Pactual e encontrou ali uma “escola ótima”. “Eu tinha preocupação em trabalhar em um espaço competitivo, com pessoas muito boas e espaço de autonomia maior, mesmo que tivesse um perfil mais júnior”, detalha Talita. Entretanto, mesmo que o banco oferecesse autonomia e aprendizados valiosos, o interesse no setor social e público falava mais alto.

Foi quando a brasileira recebeu uma oferta vinda de uma colega, também da área de Direito, para trabalhar no MEC. Na época, a proposta vinha da área responsável por legislação e elaboração de normas internas, que tinha contato com o Legislativo e com programas ligados ao Ensino Superior.

Trabalhar com educação: “antes de decidir, pense no aluno”

O emprego na área pública exigiu que Talita se mudasse para a capital federal e chefiasse um time diverso, formado por 14 servidores públicos. Entre os membros da equipe, estavam pessoas de 20 a 60 anos de idade. “A única motivação que eu podia oferecer era a missão por trás do que a gente fazia lá”, conta a brasileira.

À frente da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Talita precisava ter em mente uma frase já conhecida no setor: “antes de decidir, pense no aluno”. Uma das medidas implementadas por Talita teve a ver com os feedbacks para a equipe. “Instituímos metas internas dentro da equipe, uma avaliação interna, para que todo mundo pudesse se avaliar com alguma periodicidade, para saber como se engajar mais”, relata.

Depois de mais de um ano de trabalho, o cenário mudou. O esposo de Talita, que também atuava no governo federal, conseguiu uma vaga em um programa de mestrado da School of International and Public Affairs da Universidade Columbia. Era a chance de embarcar para Nova York e, mais do que trabalhar com educação, aproveitar a chance para estudar a área.

Mestrado em Columbia

Morar em Nova York foi a oportunidade para que Talita conhecesse de perto das atividades e cursos conduzidos em Columbia, antes de fazer a própria application. E também aproveitasse as oportunidades disponíveis na Big Apple. Uma delas, anterior ao mestrado, foi um trabalho voluntário de três meses nas Nações Unidas. Tratava-se, na época, de um projeto de três meses voltado à igualdade de gênero, no Fórum da Juventude da Comissão sobre a Situação da Mulher.

Quando decidiu cursar o mestrado na universidade americana, a preocupação inicial era de fazer matérias que complementassem sua formação acadêmica original. “Não tive estatística na graduação, nem macroeconomia, e muitas vezes ficava meio rendida nos debates, precisava confiar em um parecer técnico”.

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A escolha do curso de interesse também precisava se alinhar aos planos de Talita para depois do mestrado: voltar ao Brasil e a trabalhar com educação. “Para mim, não adiantaria estudar aquilo e trabalhar em outro país, porque eu tinha que contribuir aqui”, explica ela. “Era meu objetivo desde o primeiro dia de Columbia”.

Talita optou pelo mestrado em International Education and Development, de Columbia, para aprender mais sobre a área. “Um dos pontos cruciais da minha escolha foi que os professores conhecessem a realidade do Brasil e da América Latina, e que me ajudassem a pensar soluções para o meu país”, conta ela.

Em sala de aula, foi a vez de aprofundar noções de matérias como economia e pedagogia. Mais do que aulas expositivas, a jovem brasileira teve a oportunidade de se envolver em projetos práticos. “Um deles foi desenvolver um currículo de práticas democráticas para a Ucrânia”, cita a advogada. “O outro foi um estudo comparado de movimentos sociais no Brasil e na Colômbia, envolvendo pedagogia”.

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Com mais uma formação acadêmica no currículo, Talita retornou a terras brasileiras com a ideia de se aproximar mais da realidade das escolas e das secretarias estaduais. Encontrou uma oportunidade na startup Mira Educação, como gerente de relações governamentais. “Meu trabalho é fazer parcerias com estados e municípios, entender do que precisam e manter essa relação cotidiana, com parceiros atuais e novos”.

A brasileira admite que a mudança de carreira, que permitiu a ela trabalhar com educação, fez bem. “Eu conto com orgulho no que trabalho, porque tem um significado, tem um impacto”.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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