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É possível compensar o desempenho acadêmico ruim na candidatura?

Priscila Bellini - 15/09/2017
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Quem já pensou em se candidatar a uma universidade estrangeira pode ter se assustado com o número de itens na application. É normal que, em um processo desses, entrem em conta critérios como atividades extracurriculares, proficiência em inglês e, claro, o histórico escolar do candidato. E aí vem o problema: é possível compensar um desempenho acadêmico ruim e conseguir uma vaga?

O começo da conversa tem a ver com expectativas. Para universidades mais concorridas — a exemplo de nomes como Harvard e Oxford –, as exigências ficam mais altas. “Para as escolas de alto prestígio, isso é o mínimo esperado”, explica o brasileiro Mateus Benarrós, formado em Arquitetura na Universidade Yale e fundador da APPLY, empresa que ajuda jovens no processo de application. Cabe ao estudante, portanto, analisar bem sua trajetória e identificar pontos fortes em que possa se destacar no processo seletivo. Se não é possível, a princípio, conseguir uma bolsa em Harvard, talvez uma universidade menor seja o caminho.

Como as seleções levam em conta muito mais do que as boas notas, um caminho certeiro é identificar quais outros requisitos se destacam. Segundo Benarrós, tais processos privilegiam alunos que são agentes de mudança “dentro e fora da escola”. “Conheci colegas de quarto em Yale que gabaritaram todos os exames SAT, mas não foram aceitos em muitas escolas pois usavam todo o seu tempo para somente estudar para exames”, conta Benarrós.

A estratégia para se dar bem varia de acordo com o caso. Se o problema do candidato é uma área específica — por exemplo, notas ruins em Física e Matemática –, é possível “compensar” em outras disciplinas. “Se você não consegue tirar notas altas em nada, seja um excelente atleta, artista ou músico”, opina Mateus Benarrós, que, quando se candidatou à graduação no exterior, passou em 19 universidades.

Saiba sua história

A regra de ouro para uma boa application é saber contar sua história de uma maneira que faça sentido. Então, se o seu forte não foram as notas, use o restante dos itens para narrar sua trajetória de forma atrativa. Projetos sociais dos quais participou, por exemplo, ou esportes que praticou… Tudo conta, e pode compensar o desempenho acadêmico ruim.

Não vale, entretanto, trabalhar em uma ONG por dois fins de semana, às vésperas da candidatura. Como pondera Mateus Benarrós, da APPLY, tais atividades precisam ser levadas a sério e demonstrar um comprometimento de longa data. Vale investir tempo em prática de esportes, estudo de idiomas, olimpíadas científicas, simulações da ONU… “Brinco com meus alunos que ser campeão de cuspe à distância também deve entrar nas atividades do application”.

Outro ponto relevante em matéria de application tem a ver com a forma como os examinadores avaliam cada candidato. Em universidades americanas, por exemplo, muitas avaliam a trajetória de cada estudante tendo em conta, também, as limitações que enfrentou. Por exemplo, um aluno pode desenvolver um projeto social próprio, em seu bairro, apesar da falta de condições financeiras   e, assim, atrair os olhares de quem trabalha no escritório de admissões. Como aponta Benarrós, esse perfil costuma ser visto de forma positiva pelos examinadores. “É alguém que tem poucas chances, mas que batalha muito duro para sair de uma condição problemática para uma situação melhor”, sintetiza ele.

Quanto antes, melhor

Pensando no plano de ação para se dar bem nas applications, tempo também é um recurso precioso. Quanto antes o candidato se prepara, melhor. Com antecedência, por exemplo, é possível escolher atividades variadas que atraiam o aluno e nas quais ele se interesse.

Fica mais fácil demonstrar um comprometimento de longo prazo com uma causa ou uma atividade, seja uma liga de futebol ou um clube. “E quanto mais cedo o aluno se engajar em atividades, melhor ele se sairá nelas”, conclui Mateus Benarrós.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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