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Pesquisa de Oxford aponta remédio eficaz contra COVID-19

Gustavo Sumares - 23/06/2020
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A Universidade de Oxford divulgou na semana passada os resultados de uma pesquisa de terapias contra a doença pandêmica causada pelo novo coronavírus. De acordo com os resultados, o medicamento dexametasona se revelou eficiente no tratamento de paciências com a doença, tornando-se o primeiro remédio eficaz contra COVID-19, segundo a ciência.

No estudo, o tratamento com dexametasona reduziu em um terço a taxa de mortalidade entre pacientes que precisaram de respiradores. Entre os pacientes que precisavam apenas receber oxigênio, a redução da mortalidade foi de aproximadamente um quinto.

O estudo

O resultado é uma das descobertas de um programa da universidade chamado Recovery (Randomised Evaluation of COVID-19 Therapy, ou “avaliação randomizada de terapias para COVID-19”).

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O programa tratou mais de 11,5 mil pacientes de 175 hospitais diferentes do Reino Unido com diversos medicamentos promissores, incluindo azitromicina, dexametasona e plasma sanguíneo de pessoas recuperadas. No total, 2.104 pacientes foram tratados com doses de 6 miligramas diárias de dexametasona, administradas uma vez ao dia.

Eles foram comparados com outros 4.321 pacientes que receberam, aleatoriamente, apenas cuidados comuns. Para os pacientes em respiradores, a dexametasona cortou o risco de morte de 40% para 28%; para os que receberam oxigênio, o medicamento reduziu o risco de 25% para 20%.

Impacto

“Com base nesses resultados, uma morte seria prevenida tratando cerca de 8 pacientes em respiradores, ou tratando cerca de 25 pacientes recebendo oxigênio”, diz a universidade. Podem parecer resultados tímidos, mas considerando que a doença já causou centenas de milhares de mortes no mundo, esse potencial de prevenção é imenso.

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Entre os pacientes que apresentam sintomas de COVID-19, é relativamente comum que eles necessitem de oxigênio ou mesmo de respiradores. De acordo com a BBC, se o medicamento tivesse sido usado no Reino Unido desde o começo da pandemia, poderiam ter sido salvas até 5 mil vidas.

O programa Recovery está sendo realizado pelo Nuffield Department of Population Health, o departamento da Universidade de Oxford voltado a pesquisas de saúde pública. Ele tem o apoio do Nuffield Department of Medicine, e é financiado pela Universidade de Oxford com apoio de órgãos públicos. A dexametasona é o primeiro remédio contra COVID-19 cuja eficiência foi cientificamente comprovada.

O remédio eficaz contra COVID-19

A dexametasona é um medicamento já bem conhecido, usado no tratamento de doenças como reumatismo, asma e, em combinação com antibióticos, tuberculose. Para pacientes com sintomas mais leves, ela é tomada oralmente, como um comprimido; para os que estão em respiradores, ela é administrada por via intravenosa.

Um ponto positivo do medicamento é que ele é barato. Na avaliação de um médico ouvido pela BBC, dez dias de tratamento com dexametasona custam cerca de 5 libras no Reino Unido (cerca de R$ 32 na cotação atual).

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Ela é o primeiro medicamento cuja eficácia em reduzir a mortalidade contra COVID-19 foi cientificamente comprovada. Outro potencial candidato, o remdesivir, também foi avaliado pelo estudo de Oxford.

Já se mostrou que ele reduz a duração dos sintomas da doença de 15 dias para 11, mas ainda não há dados suficientes para comprovar que ele reduz a mortalidade. Além disso, diferente da dexametasona, o remdesivir é um medicamento relativamente novo, e com preço ainda desconhecido.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconheceu os resultados do estudo e celebrou o achado. No entanto, ela reforça que pessoas não devem sair de casa para comprar o remédio. Não há indícios de que ele seja benéfico para pessoas com sintomas mais leves da COVID-19, que não precisam de auxílio para respirar.

Além da pesquisa de remédios, a Universidade de Oxford também está atuando em outras frentes contra a COVID-19. No fim de abril, a instituição começou a testar uma vacina contra a doença em humanos.

 

 

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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