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Como o intercâmbio na Irlanda impulsionou a carreira dessa empreendedora brasileira

Priscila Bellini - 05/04/2018
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A brasileira Talita Holzer Saad embarcou para a Irlanda pela primeira vez durante a graduação em Engenharia de Produção, na Universidade Federal de São Carlos. O período no exterior fazia parte do programa Ciência Sem Fronteiras e tinha como destino o Trinity College Dublin, melhor universidade irlandesa. Foi o ponto de partida de sua jornada empreendedora, quando teve a oportunidade de cursar a disciplina de Inovação em Desenvolvimento de Produto. “Nesta matéria, um time de alunos de diversas disciplinas e normalmente trabalha para resolver um problema. No nosso caso, pediram para acharmos uma solução para incluir pessoas com deficiência intelectual na sociedade”, conta a empreendedora brasileira.

Com essa proposta em mente, a brasileira começou a desenvolver uma ferramenta que ajudasse pessoas com deficiência intelectual a se deslocar pela cidade. O aplicativo, batizado de waytoB, daria mais independência à população em tarefas comuns, do dia a dia: pegar um ônibus, se localizar enquanto passeia e, claro, ir de A a B sem precisar de um acompanhante.

Para criar uma solução, a metodologia usada fez a diferença, segundo a engenheira. Em sala de aula, o Trinity College usava um ciclo específico, de User Centered Design, em que o desenvolvimento do projeto era diretamente focado no usuário. “É muito comum, principalmente para engenheiros, se apressarem para achar soluções sem entender a fundo o problema e as necessidades de quem vai usar o produto ou serviço”, explica Talita.

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Envolver o usuário em todas as etapas e trazer para o processo também os stakeholders faz parte de cada etapa do plano, nessa abordagem. “Desde definir o problema e encontrar as reais necessidades do mercado, até os testes de diversos protótipos e validação da solução”, detalha.

“Apoio da universidade foi essencial”

Depois do intercâmbio na Irlanda, Talita retornou às terras brasileiras e conquistou o diploma de engenheira de produção. A intenção de levar para frente o projeto era compartilhada não só por ela e por seu parceiro, Robbie Fryers, mas também por professores que apostavam na proposta.

Os professores Kevin Kelly e John Dinsmore, ambos do Trinity College, ajudaram a arrecadar 100 mil euros para o projeto, que também foi reconhecido por premiações internacionais, como o James Dyson Award. Talita também contou com iniciativas do governo da Irlanda, como as do Social Entrepreneurs Ireland, para aperfeiçoar a ideia. Na prática, a empreendedora brasileira ganhou também um espaço para trabalhar no aplicativo no próprio campus da universidade.

A abertura da universidade para projetos inovadores não é novidade. Há iniciativas variadas, como a aceleradora para estudantes launchbox, que dão as bases para jovens interessados em empreendedorismo: mentorias, workshops e eventos diversos entram no pacote. “Esse apoio ajuda demais, porque você sente que está em uma comunidade que quer ver você bem sucedido”, comenta Talita.

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Uma empreendedora brasileira na Irlanda

Na Irlanda e no Brasil, os números de empreendedoras são mais baixos do que os correspondentes ao gênero masculino. Em solo irlandês, a ala feminina representa 22% daqueles que empreendem. Ainda assim, há um esforço de órgãos governamentais e universidades em mudar esse quadro. “Me tranquiliza saber que existem diversas iniciativas que buscam maior igualdade na área”, comenta Talita.

Entre os projetos em que a engenheira participa, estão iniciativas como a “Increasing Gender Diversity in STEM”, que visa atrair mais mulheres para áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. “Este programa parte do pressuposto que não é possível ser o que você não pode ver”, explica Talita. “A ideia é disponibilizar a maior quantidade de informação sobre as profissões desses campos e exaltar mulheres bem sucedidas para servirem de exemplo”.

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A empreendedora brasileira reconhece a influência de outras mulheres em sua trajetória profissional e, ao se envolver em tais iniciativas pela igualdade de gênero, quer passar a lição adiante. Um dos exemplos que Talita menciona vem da experiência de estágio na consultoria Falconi, em que participou durante a graduação no Brasil – e onde conheceu líderes que a inspiram. “Eu espero um dia conseguir ter este mesmo impacto e motivar mulheres a lutarem para atingir seus objetivos”, sintetiza ela.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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