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Como é estudar Relações Internacionais em universidades da Ivy League

Priscila Bellini - 28/10/2022
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Por Priscila Bellini

Dê uma espiada nos noticiários sobre o que acontece no mundo e vai ver que – juntando todos os conflitos, acordos, guerras acontecendo – encontrar um ponto de equilíbrio é difícil. Para dizer o mínimo, entender tais conexões entre pontos distantes do globo exige muita dedicação. Pensamos cada vez mais nas relações de poder, nas dinâmicas migratórias e nos bens humanos e materiais em todo o mundo.

Essa lista extensa, que poderia continuar por muitas páginas, faz parte dos temas estudados pelos alunos do curso de relações internacionais. É claro, a abordagem varia de acordo com a instituição e com a localidade. Provavelmente, um estudante no Brasil tenha de saber mais sobre os detalhes do Mercosul para passar em um exame da graduação, enquanto um americano, por exemplo, só necessite de conhecimentos mais elementares sobre o assunto.  

Existem vários rankings que avaliam os cursos de Relações Internacionais, com suas áreas de especialização e com a amplitude de seus objetos de estudo. Um dos que mais chama a atenção é o da publicação Foreign Policy, que se debruça sobre as principais instituições de ensino do mundo, e aponta os líderes nos níveis de graduação, mestrado e PhD. Como em muitas áreas do conhecimento, as universidades melhor avaliadas são as gigantes Harvard, Stanford, Columbia, Yale… todas em solo americano. Outro ponto em comum entre as campeãs é o vínculo à Ivy League, o grupo de instituições de elite nos Estados Unidos que virou sinônimo de excelência acadêmica.

Quando decidiu se candidatar ao curso de graduação em Relações Internacionais fora do Brasil, a brasileira Tatiana Gaspar logo se encantou por outro nome que faz parte da Ivy League: o da Brown University. A instituição, localizada em Rhode Island, possui 230 prédios e oferece centenas de oportunidades em pesquisa e em estágios para os alunos desde a graduação. Um dos pontos de destaque na Brown, também presente no curso de Relações Internacionais, é a liberdade dada aos alunos para adaptar seu próprio currículo.

São poucas as aulas que se tem de fazer, obrigatoriamente, e isso dá muita flexibilidade para traçar um curso que tenha mais a ver com você e seus próprios interesses

Isso porque, ainda que se escolha qual a área de concentração durante a formação acadêmica, a Brown preza pelo “open curriculum”. “A ideia de poder escolher o que quisesse, além dos pré-requisitos dos meus dois cursos me atraiu muito. Sempre tive interesse em diversas áreas, e com essa liberdade pude fazer cursos de sociologia, psicologia, e artes visuais”, conta Tatiana, que uniu na graduação os diplomas de Relações Internacionais e Economia. “São poucas as aulas que se tem de fazer, obrigatoriamente, e isso dá muita flexibilidade para traçar um curso que tenha mais a ver com você e seus próprios interesses”.

Perfil flexível

É um ambiente interessante, segundo ela, para os interessados na área de RI que procurem uma instituição pautada por debates, por flexibilidade e por possibilidades que vão além do currículo formal. “Eu me sentia, com frequência, a pessoa mais burra em diversas discussões, dentro e fora de sala”, brinca Tatiana, ao falar do contexto rico em debates. “Sempre considerarei minhas horas fora de aula tão importantes quanto as da minha formação”.

Em uma instituição membro da Ivy League, é de se esperar que o corpo docente seja repleto de nomes de destaque — o que, de fato, acontece em Brown. Mas, como relata Tatiana, é possível contar com os professores à disposição sempre, para tirar dúvidas dos alunos ou encarar um debate mais complexo. O ambiente de discussões e de trocas também está presente nas aulas em si — tanto as lectures introdutórias quanto as matérias mais específicas, com turmas menores.

Há matérias, por exemplo, em que um grupo pequeno (de 15 a 20 alunos) participa de aulas pautadas por discussões sobre um tema específico, ao longo de três horas. “Nunca achei que algum professor meu não estivesse interessado na aula ou nos alunos por qualquer razão. Muito pelo contrário, ficar em uma aula onde o professor claramente tem uma paixão imensa pelo que ensina não era incomum e, nem preciso dizer, incrivelmente gratificante”, conta a brasileira.

Em uma universidade como Brown, é fácil encontrar estudantes que tenham traçado com liberdade cada matéria no currículo, dentro e fora de seu curso escolhido inicialmente. Com um ambiente flexível e com um corpo discente extremamente diverso, Brown oferece boas opções mesmo para quem, no fim das contas, não deseja seguir à risca a carreira em Relações Internacionais. Trabalhando com Finanças, área da Economia em que se focou durante a graduação, Tatiana conta que optar por RI em Brown lhe deu a chance de frequentar um curso “que fosse me ajudar a pensar melhor e até a pensar diferente”.

 

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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