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Saiba como estudar na universidade criada pela ONU

Lecticia Maggi - 15/07/2016
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Por Priscila Bellini

Pense em uma universidade em meio a uma floresta tropical das mais primitivas, onde há mais de 150 espécies de pássaros, cerca de 50 de répteis e outras 300 de plantas. No centro disso tudo, cercada por riachos e monumentos erguidos em homenagem às Nações Unidas, fica a Universidade pela Paz (ou UPEACE, como ficou conhecida pela sigla em inglês), a uma distância de 35 quilômetros de São José, capital da Costa Rica.

A Universidade abriga, atualmente, cursos de especialização e mestrados voltados para resolução de conflitos e estabelecimento da paz – que vão desde áreas como educação até gestão de recursos naturais. Para os que não têm condições de encarar um mestrado por lá, porém, são também oferecidos cursos online, que abarcam questões correlatas para uma audiência do mundo todo. Presencialmente ou online, o objetivo central da instituição é construir um ambiente em que os alunos possam refletir sobre os muitos aspectos que envolvem a paz e os conflitos passados e presentes.

História

A UPEACE foi criada em dezembro de 1980, através de uma resolução das Nações Unidas que reconhecia a vontade de erguer uma instituição voltada para pós-graduação e aprofundamento de estudos ligados aos estabelecimento e manutenção da paz. Para obter o terreno destinado ao campus, a ONU contou com uma doação do governo da Costa Rica, que cedeu logo de cara 300 hectares. Desde o início, a instituição manteve sua independência política e financeira, com um conselho autônomo para gerir suas decisões.

Por todo lado, o campus mostra as referências a momentos importantes nessas décadas de trajetória. Por exemplo, um dos prédios é cercado pelas bandeiras hasteadas de todos os países que assinaram a resolução criadora da UPEACE. Em outro ponto do campus, várias esculturas feitas pela artista cubana Thelvia Marín ficam distribuídas em espiral, no chamado “monumento ao Trabalho, ao Desarmamento e à Paz”.

Programas presenciais e online

Em geral, os cursos são multidisciplinares e partem dos princípios de direitos humanos, do estudo de situações de conflito e, claro, da busca pela paz. A lista de disciplinas presenciais inclui tópicos voltados a, por exemplo, Meio Ambiente, Desenvolvimento e Paz – que se desmembram em cinco ramos diferentes de formação – como Lei Internacional e Direitos Humanos.

É esse o objetivo central da instituição: construir um ambiente em que os alunos possam refletir sobre os muitos aspectos que envolvem a paz e os conflitos passados e presentes

A própria universidade destaca que não é necessário ter formação específica em determinada área para ser aceito em um dos cursos, já que os alunos vêm de cenários bastante distintos. Pelos dados que a UPEACE fornece, a maior parcela dos estudantes – cerca de 31% – está envolvida em pesquisa e áreas ligadas à educação, mas há porcentagens consideráveis em áreas como as de Relações Internacionais e Mídia. Como a instituição busca cada vez mais diversidade entre os alunos, a tendência é que os perfis mais variados encontrem espaço para desenvolver pesquisas por lá.

Já os cursos online são feitos remotamente e exigem uma application própria, tão detalhada quanto a seleção para os cursos presenciais. É necessário fazer um cadastro com informações sobre o passado acadêmico do candidato e experiências para além da sala de aula. Para a maioria dos cursos, é necessário ter a graduação completa, inglês avançado (com bom desempenho em exames como IELTS e TOEFL) e interesse nas áreas de estudo. Por exemplo, você pode se candidatar ao “Dimensões da Lei Internacional sobre Paz e Conflitos” e comprovar que, nos últimos anos, participou de diversos seminários sobre o assunto e fez estágio na área. Confira aqui detalhes sobre o processo de candidatura.

Por um ano de curso, em média, o estudante paga 17 mil dólares, somados a uma taxa administrativa de 2,5 mil dólares (obrigatória mesmo para alunos bolsistas). Para eventuais abatimentos no valor, o estudante deve comprovar condições bem específicas – refugiados, por exemplo, têm garantidos 50% de bolsa. A universidade aconselha dedicação exclusiva ao curso e o visto disponível para os alunos não abarca a permissão para trabalho na região.

Mesmo os cursos online não são gratuitos, e seus preços variam por programa, podendo mesmo alcançar valores semelhantes aos presenciais. Em parte deles, o pagamento não ultrapassa os 5 mil dólares, e as aulas acontecem em um sistema próprio da UPEACE.

 

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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