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Como usar inteligência emocional a seu favor durante o intercâmbio

Priscila Bellini - 01/06/2018
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Para muitos brasileiros, a experiência de um intercâmbio no exterior é um momento planejado e esperado. São meses de organização financeira levada a sério, lista de documentos a providenciar – tudo pensando na preparação para mudar de país. Ainda que itens mais práticos nesse processo, como visto e acomodação, devam ser levados em conta, há um fator extra no cálculo.

“Preparar-se emocionalmente para fazer um intercâmbio é vital”, resume a psicóloga Andrea Tissenbaum, do Blog da Tissen. Em outras palavras, saber usar elementos do que se chama de inteligência emocional pode melhorar a experiência. Por trás do conceito, estão aspectos da personalidade de uma pessoa que se relacionam, como o nome indica, ao domínio das emoções. Não só de entender as suas próprias, mas de identificar e saber lidar com as dos outros, apresentando empatia e desenvolvendo habilidades sociais nesse processo.

É importante saber usar inteligência emocional a seu favor, nesse período em especial, pela série de desafios que vem junto a ele. “Por exemplo, não saber se expressar bem por ainda não ter domínio do idioma local, perder as referências e ficar longe da família e de sua cultura de origem”, comenta a brasileira.

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Tais dificuldades podem ficar nítidas em situações cotidianas que parecem bastante simples. Ao ouvir uma piada e não conseguir achar graça no que foi dito, por exemplo. “Não é porque a graça não existe, mas porque não temos um completo domínio do idioma e da cultura local”, aponta a psicóloga.

Entretanto, em um ambiente imersivo, as surpresas e desafios não aparecem apenas nos detalhes – afinal, viram uma constante na vida do estudante, em um ambiente tão diferente de seu país de origem. “De certa forma, logo na chegada, temos de resetar as nossas bases e manter a mente aberta para o novo mundo que nos cerca”.

Como usar inteligência emocional ao seu favor

Diante de tantas mudanças, como se preparar para valer? Como não há receita mágica que indique qual será o país de destino ideal e a lista de situações a que um aluno será exposto, trata-se de um processo bastante pessoal. Nessas horas, vale apelar para o processo de autoconhecimento – bem antes de fazer as malas.

Como explica Andrea Tissenbaum, isso pode ajudar na superação de desafios ao longo do período no exterior. “Quando você sabe bem quem é na sua essência, entende suas limitações e sua capacidade de superação”, explica a psicóloga. “Isso ajuda a ser mais generoso e paciente consigo mesmo, a ficar confiante com a escolha que fez e a dar lugar ao novo em sua vida”. Como consequência, o estudante consegue “mergulhar na experiência sem tantos receios”.

Explorar o domínio do autoconhecimento significa conhecer não só os próprios traços de personalidade como também as próprias preferências e interesses. Andrea sugere uma lista de perguntas que o aluno deve se fazer antes de planejar onde irá desembarcar para o intercâmbio. “Pequenos detalhes como gostar de viver em uma cidade pequena ou grande, preferir clima frio ou quente”, explica a brasileira.

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Há ainda questões a serem mais aprofundadas no processo: do que o estudante gosta, o que valoriza e que o faz feliz, além de seus traços de personalidade mais marcantes. Pode ser que o estudante tenha dificuldade em expressar suas vontades e emoções quando se vê em um ambiente novo, ou que seja exatamente o oposto disso, sempre extrovertido.

Para conduzir esse processo de autoconhecimento, uma saída é recorrer a profissionais, como psicólogos, ou mesmo optar por fazê-lo sozinho. Para os que não pretendem, a princípio, trabalhar esse aspecto em terapia ou em um processo de coaching, Andrea Tissenbaum sugere um ponto de partida. “Também é possível começar a experimentar isso escrevendo sobre si próprio ou ouvindo como as pessoas à volta percebem suas características, comportamentos e reações”, diz a psicóloga. Há ainda cursos específicos sobre o assunto, como o Autoconhecimento Na Prática e o Inteligência Emocional Na Prática.

Uma vez em solo estrangeiro, esse processo não para. É a vez de optar pela adaptação ao novo contexto. “É você quem estará chegando e aquele universo já existia antes de isso acontecer”, sintetiza Andrea. Aprender a forma como esse novo lugar se organiza e como as pessoas se comportam faz parte – ainda que apareçam situações inusitadas no caminho, que fogem a qualquer script.

Quais os benefícios de usar inteligência emocional

Não é raro que se fale sobre como o intercâmbio muda o estudante. Não só pelos aperfeiçoamentos técnicos – como a proficiência em um idioma estrangeiro -, mas por soft skills adquiridas e situações às quais o aluno é exposto.

Competências como boa comunicação, flexibilidade, tolerância e capacidade de adaptação são algumas das soft skills que vêm na bagagem de quem aproveita o período no exterior. Afinal, tão longe de casa e tendo de se encaixar em uma nova rotina e em novos costumes, o estudante muda.

Como explica Andrea Tissenbaum, durante o período fora do Brasil, cabe ao aluno se motivar por conta própria, ter iniciativa e organizar a própria vida pessoal, de modo a incorporar seus gostos e interesses. Mais do que isso, se integrar da melhor forma a uma outra comunidade, como a de alunos da universidade.

O benefício, para quem aproveita ao máximo o tempo em terras estrangeiras, é crescer em vários sentidos, como destaca a psicóloga brasileira. Tornar-se capaz de estreitar relações com pessoas diversas, enxergar diferenças de forma positiva e encontrar soluções criativas a partir de situações inusitadas são alguns dos pontos positivos que vêm no pacote.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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