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Brasileiro conta como é dar aula no Caltech – o top dos rankings para tecnologia

Redação do Estudar Fora - 07/07/2016
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Pesquisa, estudo e trabalho árduo sempre fizeram parte da vida do físico Fernando Brandão. Foi essa combinação de fatores que o levou ao Instituto Tecnológico da Califórnia, ou Caltech – a melhor universidade do mundo segundo a Times Higher Education.

Desde o início deste ano, Fernando está trabalhando onde considera o lugar ideal para o desenvolvimento de seus projetos. Lá, com uma carga didática menor, ele pode se dedicar à pesquisa:  “Sou teórico, então gasto a maior parte do meu tempo pensando em novas ideias, discutindo com colegas daqui e de outros lugares do mundo. Além disso, eu leio, escrevo artigos, leciono e supervisiono alunos de doutorado”, conta.

Para Fernando, a física quântica é cheia de desafios, com muitas questões a serem estudadas e que está sempre evoluindo. Ele quer ajudar a melhorar a área e tornar o computador quântico uma realidade. Para isso, garante que algo essencial é manter contatos. “Eu viajo, participo de grupos e congressos. E a rotina é sempre essa: resolver problemas e desenvolver soluções”, explica.

Eu viajo, participo de grupos e congressos. E a rotina é sempre essa: resolver problemas e desenvolver soluções

O caminho para chegar lá

Fernando nasceu em Belo Horizonte e quando começou sua vida acadêmica ainda estava incerto sobre qual caminho seguir. Ele iniciou seus estudos em Engenharia de Controle e Automação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com dois anos de curso percebeu que sua área era outra. Foi assim que se transferiu para Física e deu início a uma trajetória acadêmica.

“Eu queria mudar para me dedicar à pesquisa, mas qual a área certa para mim ainda era uma dúvida. Foi quando conheci a computação quântica, que misturava o que mais gostava, física e computação, que me encontrei”,  conta.

Leia também: Por dentro de como é estudar na Caltech, na visão de um brasileiro

Fernando terminou a graduação e emendou com o mestrado. Após isso, percebeu que ainda precisava se especializar mais. Decidiu conhecer outros lugares e candidatou-se para o doutorado em várias universidades fora do país. “Como eu queria continuar minha pesquisa, precisava procurar um lugar que já estivesse mais desenvolvido na área. Fiz inscrição para muitos lugares e onde deu certo foi na Imperial College London, que tinha um programa forte”, explica.

Concluído o PhD, ele continuou em Londres para o pós doutorado. Retornando para o Brasil, fez outro pós doutorado e tornou-se professor adjunto de física na UFMG. Depois foi para a Suíça, estudar no ETH, Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. “Foram alguns anos bem puxados, mas valeu a pena. Coloquei todo o esforço que eu precisava para conhecer bem a área. Cada uma dessas experiências me permitiu trabalhar com pessoas diferentes em projetos distintos, o que é muito importante para a construção de uma carreira cientifica sólida”, comenta.

Foram alguns anos bem puxados, mas valeu à pena. Coloquei todo o esforço que eu precisava para conhecer bem a área.

Foi pensando no desenvolvimento da área de computação quântica que, em 2013, Fernando conseguiu um financiamento do governo inglês para montar um grupo de pesquisa na University College London  e virou professor do departamento de Ciências da Computação. Lá, ele trabalhou por dois anos, até que surgiu uma oportunidade como pesquisador na Microsoft, em Seattle. Ele conta que o seu trabalho na empresa foi parecido com o que já fazia na academia, mas com essa experiência passou a pensar mais em problemas práticos e expandiu seus horizontes.

Voltar ao Brasil não está nos planos de curto prazo. “Tenho saudades de morar no país, mas pensando nas condições que tenho para fazer pesquisa, o momento é de permanecer aqui. Além de não termos tanto recurso, é preciso que algumas questões burocráticas mudem. O que é feito está concentrado nas mãos de poucos”, desabafa.

Ele explica que o Caltech atualmente também proporciona uma integração maior na comunidade científica mundial, além de promover algo fundamental no ensino, que é dar tempo ao aluno para estudar por conta própria, estimulando a independência, o que ele considera essencial na carreira científica.

Por Jéssica Ribeiro

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