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3 surpresas que tive ao ir estudar nos Estados Unidos

Lecticia Maggi - 03/07/2016
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Por Carol Lyrio

Enquanto sonhava em fazer faculdade nos EUA, durante muito tempo carreguei duas imagens bem caricatas de como seria a minha experiência universitária: a primeira era de festas com meninas maquiadas e garotos engomadinhos, ambos com sorrisos lindos no rosto e copos vermelhos nas mãos – bem cena de filme mesmo. A segunda era de alunos, dessa vez com backgrounds e aparências mais diversos, em um café ou biblioteca, com livros, cafés e computadores esparramados, envolvidos em um debate intelectual com jeito de briga para quem via de fora. Vivenciei as duas vinhetas em mais de uma ocasião, mas felizmente meus quatro anos não se restringiram a só isso. Escolhi compartilhar algumas surpresas que me marcaram.

#1 Nem todo inverno é como imaginamos

Essa talvez seja a menos emocionante, mas teve um efeito enorme por durar muitos meses e se repetir todos os anos. Eu imaginava o inverno americano como aquela cena branca, com vilarejos e araucárias cobertos por neve branquinha. Como Duke era na Carolina do Norte, sabia que não teríamos muita neve e fiquei aliviada em descobrir que o frio raramente passaria de -5º. O que eu não previ, e que acabou me afetando muito mais, foi o número reduzido de horas de sol/luz por dia.

#2 Todo dia é dia… de estudo!

Era de se esperar que houvesse festas todas as noites para quem as procurasse – afinal, muitos alunos não tinham aula todos os dias, e quando tinham poderiam começar tão tarde quanto 18:00. Entretanto, minha surpresa maior foi descobrir que, independente do dia da semana, eu teria pessoas com quem estudar! A biblioteca principal ficava aberta 24h por dia todos os dias exceto sábado, quando frequentemente se viam grupos de alunos sendo escoltados/expulsos às 22:50 para que a biblioteca fechasse pontualmente às 23h. E era mais do que ter companhia – existe uma espécie de acordo/entendimento entre alunos que se um amigo recusa um convite de festa para estudar os outros respeitam essa decisão sem piadinhas.

#3 Professores que trabalham para ensinar

Pode parecer óbvio, mas em muitas universidades de ponta nos EUA os professores mais renomados ‘toleram’ dar aula como uma contrapartida necessária para terem recursos que viabilizem a pesquisa acadêmica (sua prioridade). Em Duke, um ou outro eram assim mas a maioria, sem abrir mão da busca pelo conhecimento, era paciente e acessível. Muitos tinham uma prática de office hours, que funcionavam como uma espécie de plantão no qual alunos tiravam dúvidas sobre a matéria, buscavam mentoria e orientação ou, como acontecia na maioria dos casos, entendiam como aumentar suas notas. Além disso, se esse horário fixo semanal estipulado pela faculdade batesse com alguma aula minha, eu tinha total liberdade para convidar o professor para um café.

 

* Foto: Waking up to this…❄️❄️❄️ — em Craven Quadrangle, em Duke / Crédito: Carol Lyrio

 

Sobre o Autor

Carioca criada em São Paulo desde pequena, Carol Lyrio se formou em psicologia e francês pela universidade de Duke, na Carolina do Norte. Envolveu-se com esportes variados, foi voluntária em colégios da cidade ao longo de sua graduação e fundou a associação brasileira da universidade em 2012. Está de volta em SP há dois anos trabalhando com a Fundação Estudar, onde é responsável pelo programa Prep Scholars.

 

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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