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Alta do dólar assusta, mas não abala busca por intercâmbio

Lecticia Maggi - 21/09/2015
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O dólar americano chegou a R$ 3,95 na última sexta-feira (19/9), atingindo o segundo maior patamar de sua história. A moeda só perdeu para o valor registrado em 10 de outubro de 2002, quando encerrou em R$ 3,99. Nas casas de câmbio, a cotação do dólar turismo chegou a R$ 4,40. Neste cenário tão desfavorável é de se imaginar que o setor de estudos no exterior está sendo um dos mais abalados, certo? Agências garantem que a procura por intercâmbio não foi afetada.

Acompanhar a alta do dólar nos noticiários é como uma bomba aos que sonham com o intercâmbio. Mas o medo é muito maior do que a capacidade de viajar em si

A instabilidade econômica e a desvalorização do real assustou e provocou uma nova postura entre os futuros intercambistas, mas não acabou com o sonho de estudar fora, afirmam representantes das agências Central de Intercâmbio (CI) e Global Study.

“Acompanhar a alta do dólar nos noticiários é como uma bomba aos que sonham com o intercâmbio. Mas o medo é muito maior do que a capacidade de viajar em si”, garante Jan Wrede, diretor comercial da CI, onde a demanda cresceu entre 5% e 6% em relação ao ano passado. A estabilidade deste mercado, segundo ele, é reflexo de como os brasileiros valorizam o intercâmbio e reconhecem seus efeitos na vida profissional.

Maurício Marques, diretor comercial da Global Study, afirma ainda que o intercâmbio virou uma opção importante aos recém-desempregados pela crise econômica. Segundo ele, tem sido comum encontrar estudantes que buscam recomeçar fora do país, para depois retornar ao Brasil ainda mais qualificados para enfrentar o competitivo mercado de trabalho. “Muitos perderam o emprego e decidem usar a rescisão como um novo investimento profissional”, completa.

Para conter um impacto nas vendas, o setor movimenta-se há um ano para evitar aumento dos preços, oferecendo longos parcelamentos, por exemplo. O objetivo é dar segurança aos estudantes, hoje mais cautelosos devido às oscilações abruptas do mercado. “Muitos clientes chegam com medo, mas quando recebem o valor do pacote convertido em real ficam surpresos. Acredite ou não, o mercado ainda pratica valores de 2002. Os roteiros de lazer sofrem mais com a cotação da moeda do que os próprios cursos”, explica Wrede.

Marques ressalta que muitas escolas estrangeiras acompanham a crise econômica e hoje oferecem descontos de até 40% aos latinos, especialmente brasileiros, como é o caso da College of English Language (CEL), nos Estados Unidos. “Arrisco dizer que esse movimento começou em abril deste ano. Algumas escolas criaram pacotes no estilo ‘compre três semanas, ganhe uma’. Isso ajuda a controlar os valores apresentados ao aluno no balcão”.

O estudante não deve ter medo para negociar. Ao buscar uma agência, precisa expor objetivos da viagem e orçamento. “Em momentos mais assustadores é quando o mercado se movimenta para tornar o produto mais acessível e possível”, diz.

Com um empurrão da internet e outro da alta do dólar, os estudantes brasileiros se tornaram mais criativos e abertos para aprender inglês fora dos locais tradicionais, como Estados Unidos e Inglaterra. Tanto Wrede como Marques concordam que a bola da vez é o Canadá, com uma cotação mais amigável. Outra opção é Cidade do Cabo, na África do Sul, que tem uma moeda muito barata em relação ao real. “África do Sul é a opção mais econômica hoje. O país só precisa vencer uma barreira de preconceito que ainda existe”, conclui Marques.

Veja a seguir dicas para driblar a alta do dólar e não desistir de estudar fora:

Planeje com antecedência e busque alternativas

O intercâmbio é um plano de vida. Por isso, os especialistas indicam que o estudante defina orçamento, objetivos e destino entre seis meses a um ano antes de embarcar. O ideal é quitar a dívida antes da data da viagem. E esteja aberto para encarar outros destinos, com horários flexíveis. É um detalhe que faz diferença no preço final.

Estime o custo de vida local

É importante buscar uma referência do que irá gastar para viver no destino escolhido. “Existem muitas despesas que não conseguimos estimar daqui do Brasil”, diz Wrede. Uma dica é pagar antecipadamente gastos como passeios, parques e shows. Isso ajuda a guardar dinheiro em espécie para situações inesperadas e evitar surpresas.

Compre a moeda local aos poucos

Muitos temem novos aumentos do câmbio e deixam para comprar a moeda necessária para a última hora. É uma manobra de risco. Ao planejar o intercâmbio com antecedência, você consegue comprar aos poucos até alcançar o valor necessário. “Você não ganha muito, mas perde bem menos”, aconselha Wrede.

Estude e trabalhe

Além de proporcionar experiência profissional no exterior, a modalidade “work & study” é uma alternativa para quem quer economizar. Canadá, Austrália e Irlanda são destinos muito procurados por permitir ao estudante trabalhar durante o intercâmbio.

 

Por Carolina Garcia

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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