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NASA quer ajuda de brasileiros para encontrar novos asteroides – do sofá de casa

Mariane Roccelo - 11/07/2022
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Brasileiros de todas as idades e com todos os níveis de escolaridade que têm interesse em monitorar e aprender sobre o espaço e astronomia são o público alvo do programa Caça Asteroides, desenvolvido pela NASA em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, do Governo Federal (MCTI). Para participar não é necessário ter conhecimento prévio sobre astronomia.

Todos os inscritos têm acesso a um treinamento para aprender a identificar os corpos celestes antes de botar a mão na massa. As inscrições pora a edição de 2022 do programa estão abertas e podem ser feitas através deste link (disponível aqui). A participação é gratuita. 

O departamento da NASA responsável por levar a iniciativa para diversos países, incluindo o Brasil, é o International Astronomical Search Collaboration (Colaboração Internacional de Pesquisa Astronômica), ou IASC. Por aqui, o programa acontece desde 2020 e atualmente está na 3ª edição.

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Identificar possíveis ameaças

Apesar de o objetivo principal da iniciativa ser popularizar a ciência e astronomia entre pessoas de todas as idades e nacionalidades, ela também tem um segundo – e não menos importante – benefício: através dos esforços colaborativos de pessoas em todo o mundo, são identificados centenas de novos asteroides anualmente que podem, eventualmente, oferecer alguma ameaça à Terra.

Foi um desses corpos celestes cuja rota pode colidir com nosso planeta que a estudante de medicina da USP, Verena Paccola, encontrou enquanto participava do programa em 2020. “Descobri um asteroide que é classificado como raro, que normalmente quando cai aqui na terra é fraco”, conta. Desde que começou a participar da iniciativa, há dois anos, ela já encontrou mais de 25 asteroides e chegou a ser premiada em Brasília, na 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que aconteceu em dezembro de 2021.

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Sobre a possibilidade de encontrar algo muito diferente ou perigoso para a vida na Terra, ela conta que não tem medo e, na verdade “acho um alívio”. Encontrar asteroides desse tipo ajuda a “dar tempo de impedirem” uma possível colisão. “Se alguém não tivesse descoberto, aí seria um problema, porque nos pegaria de surpresa”, explica.

Como funciona o Caça Asteroides

Todos que participam do programa aprendem a acessar e usar uma plataforma do IASC, da NASA, que recebe imagens do Telescópio NASA Infrared Telescope Facility, localizado no Havaí. “Qualquer um pode se inscrever, só é necessário ter um computador e internet”, explica Verena.

Podem participar equipes de até 5 integrantes ou pessoas individualmente, como foi o caso da estudante. Após inscritos, os selecionados devem escolher uma das campanhas mensais de caça, que ficam abertas no site oficial do programa no Brasil (disponível aqui).

Telescópio NASA Infrared Telescope Facility (IRTF), responsável por registrar as imagens para o programa Caça Asteroides. Foto: University of Hawai‘i News

As equipes então participam de um treinamento online em que especialistas ensinam como usar o software da NASA para detectar os asteroides, fazer a programação e analisar os números encontrados. No treinamento, também são apresentadas questões básicas de astronomia. De acordo com Verena, qualquer cidadão, de qualquer formação e idade, consegue acompanhar o treinamento e participar do programa.

“Toda pessoa pode aprender, só precisa ter vontade e tempo”, porque as análises de imagem demandam dedicação. “Há até crianças aqui no Brasil que descobriram asteroides”. Ao participar do programa, além de aprender a usar o software da NASA, os participantes entram em contato com “uma comunidade muito legal de astrônomos profissionais e amadores que estão sempre compartilhando dados e informações”.

Imagens retiradas do Software da NASA. Fonte: http://iasc.cosmosearch.org/

Durante as análises de imagens, os inscritos recebem sequências de registros feitos pelo telescópio Facility e, com o treinamento, conseguem identificar quais movimentos são característicos de um asteroide. Cada equipe ou participante recebe uma quantidade de registros para serem analisados e, semanalmente, o programa envia um relatório com as descobertas da semana.

Para encontrar novos asteroides, entretando, é necessário empenho e um pouquinho de sorte porque a quantidade de material analisado é grande. Sobre ter descoberto mais de 25 asteroides, Verena conta que enviou para o programa “muitas imagens, muitos relatórios, foram bem mais que 25”. 

Oportunidade de aprender ciência na prática e fazer grandes descobertas

Quando viu a oportunidade de trabalhar em parceria com a NASA, Verena percebeu que “era a chance de fazer alguma coisa que me interessava mais, que me motivava, e que sentia que estava fazendo algo a mais pela ciência”. Ela se inscreveu já na primeira edição do programa no Brasil, em 2020, enquanto estudava para o vestibular, antes de entrar no curso de medicina da USP.

Apesar de estar se formando em outra área, ela conta que astronomia é algo que sempre lhe chamou muito atenção, e a oportunidade de participar do Caça Asteroides foi ótima para “poder exercitar um pouco essa curiosidade”. A estudante afirma que começou a gostar ainda mais de astronomia depois que participou do programa. “estou tendo muito estímulo”.

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Com o sucesso das descobertas feitas ao participar das últimas edições do programa, o incentivo para a pesquisa foi tanto que Verena está planejando montar uma equipe de caça asteroides para a próxima edição do programa. A chamada para a equipe acontecerá no perfil do instagram da estudante (disponível aqui).

Ao encontrar um novo asteroide, a pessoa responsável pela descoberta tem a possibilidade de nomear o corpo celeste. O processo de nomeação dura meses e, até o momento, Verena ainda não concluiu o processo de nomeação de um dos asteroides que encontrou – que receberá o nome de Rochele, uma homenagem à avó da estudante.

Verena Paccola e o coordenador do IASC, da NASA, Patrick Miller, durante a 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Foto: arquivo pessoal.

 

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Mariane Roccelo
Escrito por Mariane Roccelo. Entre em contato com Estudar Fora pelo e-mail [email protected].

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