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Uso de evidências é ferramenta para conter os impactos negativos da COVID-19

Mariane Roccelo - 11/07/2022
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A educação deve considerar evidências reais de eficácia na hora de escolher os métodos de ensino e aprendizagem adotados em sala de aula. Algumas técnicas mantidas por tradição se mostraram pouco eficientes em uma pesquisa realizada pelo Education Endowment Foundation, do Reino Unido. A importância da chamada educação baseada em evidências foi destacada neste artigo da Nature que mostrou como técnicas de ensino mais eficazes podem ajudar a melhorar o rendimento dos estudantes em sala de aula em até 6 meses.

De acordo com o artigo, a educação deve funcionar como outras áreas das ciências e considerar os resultados obtidos em pesquisas e testes sobre a capacidade de sucesso de cada método de ensino adotado. De acordo com o artigo, “testar se um método melhora os resultados educacionais é muitas vezes mais complexo do que testar se um medicamento melhora a saúde”, entretanto há dados que já indicam a eficácia de algumas técnicas sobre outras.

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Para esses pesquisadores. a aplicação dessas técnicas comprovadamente eficazes deve ser feita através de políticas públicas. Nesse cenário, o Reino Unido é pioneiro nos investimentos em pesquisa sobre educação baseada em evidências. Entre 2010 e 2020, o país investiu £ 125 milhões em pesquisa com foco em elevar os padrões das escolas. A ação permitiu a criação da organização sem fins lucrativos Education Endowment Foundation (EEF), que já financiou, pelo menos, 160 ensaios clínicos sobre métodos de ensino.

Efeitos da pandemia na educação

Informações fornecidas pela Unesco mostram que cerca de 84% dos alunos do ensino superior em países de renda média baixa seguem fora das universidades em 2022, enquanto cerca de 40% ainda enfrentam problemas relacionados à pandemia. Alguns dos maiores desafios após os dois anos de isolamento são: garantir a equidade no acesso à educação superior, os efeitos da redução de investimentos públicos e fundos estudantis, fechamento de programas e impactos negativos para a saúde mental aprendizagem.

De acordo com os cientistas entrevistados pela Nature, a educação baseada em evidências pode ser a chave para tentar amenizar esses impactos negativos em um menor período de tempo. A partir de um conjunto de estudos desenvolvidos, a EEF desenvolveu um “kit de ferramenta de ensino e aprendizagem” baseado em testes aplicados, revisados e metanálises dos estudos.

Sobre o kit de ferramenta de ensino e aprendizagem

Com a comprovada eficácia dos kits, hoje mais de 70% dos principais líderes do Ensino Médio na Inglaterra adotam em sala de aula o que os estudos da EEF descobriu. Atualmente, há um projeto de expandi-lo para outras partes do mundo, como América Latina, África, Austrália e Oriente Médio.

Embora as pesquisas sejam feitas com alunos do ensino básico, conhecer os resultados obtidos sobre quais métodos são mais eficazes de acordo com a educação baseada em evidências pode trazer algumas reflexões para o ensino superior. Ao todo, 30 abordagens educacionais foram analisadas e traduzidas em uma linguagem facilitada.

 

Infográfico: Mariane Roccelo

Os resultados do kit vão em sentido oposto a algumas crenças enraizadas sobre educação. Entre os métodos tradicionalmente considerados mais eficazes, as evidências obtidas indicam que reduções modestas na quantidade de alunos em sala de aula, agrupar os alunos de acordo com o nível de escolaridade ou utilização de uniformes tiveram pouco ou nenhum efeito.

Já as técnicas que mais demonstraram ter eficiência para ajudar as crianças incluem ações de orientação de leitura e compreensão, como dar bons feedbacks e abordagens que trabalham a “metacognição” (a capacidade de reflexão, planejamento e autoavaliação). Os programas de tutoria também se mostraram meios eficazes e baratos de melhorar o rendimento em sala de aula. O kit completo pode ser acessado no link (disponível aqui).

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Sobre o escritor

Mariane Roccelo
Mariane Roccelo
Jornalista. Formada em Jornalismo e Comunicação Social pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Meios e Processos Audiovisuais (PPGMPA) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM), ambos da USP.

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