InícioGraduaçãoComo a mentoria pode ajudar no processo de candidatura

Como a mentoria pode ajudar no processo de candidatura

Priscila Bellini - 02/10/2018
Comentários:

A application para instituições de ensino estrangeiras pode parecer um quebra-cabeça complexo. Afinal, de uma vez, o aluno precisa enviar documentos variados, submeter redações temáticas e dar conta de testes padronizados. Por trás disso, está a ideia de garantir um processo de seleção holístico. Ou seja, que contemple mais de um aspecto do candidato, e vá além das notas no histórico escolar.

Não bastasse o número de requisitos, a application pode causar estranhamento a alunos brasileiros. Já que a seleção por aqui segue outros moldes – como o vestibular -, é necessário se atentar a novos requisitos. Nessas horas, a figura do mentor aparece como boa alternativa. Trata-se de alguém que já conhece o caminho das pedras e que se dispõe a orientar o candidato interessado.

Mas no que uma pessoa experiente pode auxiliar, quando o assunto é candidatura a universidades? “Na preparação para testes, na correção e melhoria de essays, em montar uma boa college list e mesmo na decisão final sobre qual universidade escolher”, explica Juliana Kagami, coordenadora do Prep Estudar Fora, programa preparatório da Fundação Estudar para graduação no exterior.

No programa, alunos brasileiros têm acesso a mentores de forma gratuita e recebem orientação para cada etapa da application. Como regra geral, os responsáveis pelas sessões de mentoria estudam ou já se formaram por universidades americanas. “Por ter passado por isso, geralmente a pessoa coletou conhecimento técnico suficiente para aconselhar e guiar alguém ao longo do processo”, pontua Juliana.

A brasileira Georgia Gabriela da Silva Sampaio, estudante da Universidade Stanford, contou com apoio de mentores em suas candidaturas. Na primeira tentativa, diz ela, ter pessoas mais experientes ao lado serviu para “acreditar que conseguiria” uma vaga em universidades de ponta. Depois de um gap year, na sua segunda candidatura à faculdade, contou com apoio para escolher universidades de interesse e para polir redações. “Eu não teria entregue uma candidatura tão forte sem a ajuda dos meus diversos mentores”. Conseguiu, então, a aprovação em nove instituições de prestígio, a Universidade Columbia e Yale.

Desde que ingressou em Stanford, Georgia tem mentorado alunos de diferentes lugares. Agora, elabora com ajuda de duas alunas internacionais uma iniciativa paga de mentoria, focada em estudantes americanos, o ignitED. Como ela explica, mais do que tirar dúvidas pontuais, o mentor presta um apoio valioso em etapas mais complexas. “Em especial, na escolha das faculdades e na revisão das redações, que são partes mais subjetivas, muito importantes e decisivas no processo”.

O caminho para uma boa mentoria

Uma ferramenta tão valiosa não pode ser escolhida de qualquer jeito. Há algumas características essenciais que definem um bom mentor. Para a coordenadora do Prep Estudar Fora, são dois vieses necessários: um técnico e um comportamental. O aspecto técnico diz respeito ao conhecimento aprofundado do processo de seleção para universidades. “Então, é preciso que a pessoa entenda como as partes do application se complementam, o que se é esperado em uma personal essay, como as diferentes partes influenciam o resultado”, lista Juliana Kagami.

Além de critérios mais técnicos, estão os tais aspectos comportamentais. “O mentor deve exercitar a escuta ativa, estar realmente interessado e prestando atenção no que o mentee fala”, destaca Juliana. Já no primeiro momento, o esforço se volta a conhecer o estudante, o que ele valoriza, seus desafios e objetivos acadêmicos e profissionais.

No caminho para uma boa mentoria, há também fases distintas de orientação. Primeiro, uma etapa “exploratória”, em que o profissional mais experiente entende as demandas e necessidades do mentee, assim como seu histórico e personalidade. Depois, já quebrado o gelo, chega o momento de aconselhamentos para cada etapa.

Para conseguir um mentor, então, vale recorrer a pessoas próximas que tenham encarado a application para universidades estrangeiras. E, ainda, que se disponham a prestar auxílio e a conhecer a fundo o estudante interessado. Caso não haja ninguém próximo, vale recorrer a programas como o Prep Estudar Fora e grupos de Facebook voltados à application.

O que você achou desse post?

Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

Artigos relacionados