InícioBolsas de EstudoPor que a China atrai quase meio milhão de intercambistas anualmente?

Por que a China atrai quase meio milhão de intercambistas anualmente?

Mariane Roccelo - 01/11/2022
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Com previsão de se tornar a maior economia do mundo até 2027, a China se tornou um dos principais destinos de intercambistas de todo o mundo. O chamado boom econômico chinês, caracterizado, entre outras coisas, por investimentos maciços em educação e pesquisa são alguns dos principais motivos que atraem, hoje, quase meio milhão de estudantes internacionais para o país anualmente. 

Conhecer a economia, cultura e língua chinesa, hoje, significa estar integrado aos rumos que o mundo terá nas próximas décadas. Embora a maioria dos estudantes internacionais no país venham de países como Coreia do Sul, Tailândia, Paquistão e Índia, além dos EUA e Rússia, nos últimos 10 anos, o governo chinês abriu diversas bolsas voltadas para brasileiros ou membros do BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). 

Atualmente, há grandes programas de mobilidade estudantil do governo chinês que permanecem ativos, mesmo durante a pandemia, entre eles o Chinese School Council e o Schwarzman Scholars (que está com inscrições abertas!). Além disso, as principais universidades do país possuem programas voltados para estudantes internacionais

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Nas universidades e instituições de ensino chinesas, os alunos têm a possibilidade de entender como o país conseguiu se tornar a segunda maior economia do mundo em tão pouco tempo. 

Esses intercambistas aprendem sobre as políticas públicas de sucesso adotadas pelo país, e com isso podem levar o conhecimento para o próprio país. Além disso, a China é, hoje, referência em diversas áreas de conhecimento, como nos setores de telefonia e comunicação. Atualmente, o país colhe os múltiplos resultados de mais de 40 anos de investimentos em educação. 

Por ser, junto ao Brasil, um dos países membros do BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), a China é uma ótima opção para brasileiros que desejam estudar fora. “Estamos dispostos a fortalecer a cooperação intra-BRICS na educação e dar as boas-vindas aos Ministros da Educação”, anunciaram representantes do país no encontro dos BRICs, em 2013. 

Como o país se tornou a segunda maior potência do mundo em 40 anos

A implantação da chamada Meta das Quatro Modernizações, uma reforma política caracterizada pela abertura econômica do país se deu no fim da década de 70, liderada pelo líder político Deng Xiaoping. Nesse período, o país promoveu a coletivização da agricultura e abertura econômica para investimentos estrangeiros.

Com a morte de Xiaoping, seu sucessor, Jiang Zemin, revisou e atualizou o plano de metas em 1992. Nesse segundo período, as políticas públicas foram caracterizadas pela privatização de diversas indústrias nacionais e o afrouxamento do protecionismo econômico. 

Na educação, em 1995 o Ministério da Educação chinês iniciou o Projeto 211, um programa de incentivo à educação superior cujo objetivo foi aumentar substancialmente os investimentos na graduação, pós-graduação e pesquisa do país. 

Em 2010, o então Ministro da Educação chinês, Zhang Xiuqin, anunciou o início de uma forte política de atração de estudantes internacionais. Essa foi uma “tentativa de implementar o plano de educação nacional de 10 anos da China para mostrar a cultura chinesa à comunidade global”, afirmou em nota o ministro. 

No mesmo documento, a China anunciou um longo plano de reforma educacional e desenvolvimento das políticas de cooperação internacional. Desde então, anualmente, o governo chinês investe, anualmente, milhões de yuans em bolsas de estudo para estudantes internacionais. 

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O objetivo, na época, era atrair para o país 500 mil estudantes anualmente até 2020. Em 2019, antes da pandemia de Covid-19 começar, o país estava quase batendo esta meta, e possuia 492,185 estudantes internacionais. 

Intercâmbio na China em meio à Covid-19

No fim de 2020, a China já havia conseguido controlar efetivamente a pandemia no país. Entretanto, estudantes internacionais que voltaram aos países de origem durante durante o isolamento social permanecem sem poder voltar ao país asiático devido às fronteiras fechadas. 

Embora as universidades do país tenham adotado o modelo de aulas online, atualmente, parte dos alunos internacionais está preocupada com a possibilidade de perder o curso por não conseguir retornar ao país. Entretanto, a China está, gradualmente, abrindo a fronteira para pessoas vacinadas e segue com os programas de bolsas estudantis para ano que vem.  

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Sobre o escritor

Mariane Roccelo
Mariane Roccelo
Jornalista. Formada em Jornalismo e Comunicação Social pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Meios e Processos Audiovisuais (PPGMPA) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM), ambos da USP.

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