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Entenda o que são e como funcionam as Liberal Arts Colleges dos EUA

Nathalia Bustamante - 17/11/2023
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Você já deve ter lido na biografia de algum estrangeiro famoso, por exemplo, que ele se formou em uma “liberal arts college”. E se nessa hora você imaginou que ele tinha feito faculdade de Artes, se enganou! As Liberal Arts Colleges são instituições de ensino superior que têm em seu cerne a ideia de interdisciplinaridade.

A interdisciplinaridade já é discutida há alguns anos no ensino superior. As universidades públicas, de forma geral, passaram a permitir que alunos matriculados em uma determinada graduação pudessem cumprir créditos de disciplinas eletivas de outros cursos. O objetivo com isso é evitar a fragmentação do ensino e ampliar o aprendizado.

Nos Estados Unidos, no entanto, esse conceito já está consolidado e é implantado de tal forma que permite a universitários, em um único curso de graduação, se formarem em áreas completamente distintas, tal qual teatro e química, biologia e filosofia, ou ainda matemática e artes.

Em umA Liberal Arts College, todo mundo se forma um pouco administrador, um pouco filósofo, um pouco artista, um pouco cientista…

Como é estudar numa Liberal Arts College

Ao se candidatar para uma vaga em tais escolas não é preciso dizer o que se quer estudar. Isto é, diferentemente do que ocorre no Brasil, o aluno não se candidata a uma vaga em um determinado curso (psicologia, por exemplo), mas sim a uma vaga na universidade. Depois de aprovado, ele vai poder “experimentar” diversas disciplinas para saber de quais gosta mais e, somente quando se sentir seguro, vai escolher sua área de formação.

No primeiro ano, os estudantes precisam fazer as chamadas common cores. Ou seja, devem cursar matérias gerais e obrigatórias, como história, inglês e matemática. A partir do segundo ano é possível — se o aluno quiser e já souber a área que pretende seguir — se concentrar em matérias que tenham relação maior com o curso pretendido.

A consutora educacional da Fundação Estudar, Luciana Fortes, que atua na preparação de candidatos para ingresso em universidades dos EUA, é formada no Bryn Mawr College, uma renomada escola de artes liberais exclusiva para mulheres, na Pensilvânia. “Sou graduada em dança, mas tenho especialização também em francês e psicologia”, conta ela. Algo assim, obviamente, seria impossível em universidades tradicionais.

Leia também: Vale a pena estudar em uma faculdade só para mulheres?

Essa educação abrangente, na visão de Luciana, é uma das grandes vantagens dessas instituições norte-americanas: “Todo mundo se forma um pouco administrador, um pouco filósofo, um pouco artista, um pouco cientista…”.

Até mesmo por conta do nome, é comum as pessoas pensarem que uma Liberal Arts College é uma faculdade só de artes. Não é. Lá, há aulas de filosofia, biologia, relações internacionais, economia, política, entre dezenas de outras. Contudo, é mais difícil encontrar graduações na área de engenharia, medicina ou direito. “Esses cursos exigem uma especialização muito grande, demandam que o aluno se dedique intensamente a certas disciplinas. E em uma Liberal Arts College o objetivo é justamente não se especializar e poder estudar várias coisas ao mesmo tempo”, completa.

A lista de Liberal Arts Colleges é extensa e contempla nomes como Bates, Vassar, Middlebury, entre vários outros. Há ainda universidades grandes que, apesar de não serem denominadas Faculdades de Artes Liberais, seguem a mesma filosofia de ensino (a Liberal Arts Education). Ou seja, têm também uma grade curricular diversificada e permitem a escolha tardia da área de formação. Esse grupo é ainda maior e inclui algumas das mais renomadas universidades do mundo, como Harvard, Yale, Stanford e Columbia. Até mesmo o Massachusetts Institute of Technology (MIT), que tem um programa forte em engenharia, segue essa linha de ensino.

Vantagens e desvantagens

Em geral, as Liberal Arts Colleges priorizam turmas pequenas, que permitam muita discussão entre os alunos e acesso mais fácil aos professores. No Middlebury, por exemplo, há cerca de 2.500 estudantes no total, mas cada aula não costuma ter mais do que 17 pessoas.

A formação ampla dos alunos, segundo Luciana, também é um ponto valorizado por muitas empresas: “Nos EUA, muitas pessoas dizem preferir empregar jovens que se formaram em Liberal Arts Colleges porque eles sabem pensar de forma crítica e, por isso, podem ser colocados em qualquer função que vão se sair bem. São quase um tipo de  ‘faz-tudo’”, diz ela.

O lado negativo é justamente as diversas possibilidades de especialização, o que deixa alguns alunos um pouco perdidos. Além disso, como não existe nada semelhante no Brasil, pode ser que o profissional tenha dificuldade para revalidar seu diploma. Para quem tem essa preocupação, Luciana recomenda concentrar a graduação principal em uma área que já exista por aqui.

Leia também:

Qual a diferença entre Liberal Arts Colleges e Universidades de pesquisa?
Por que escolher um Liberal Arts College?
Quer graduar-se em química e teatro? Em um Liberal Arts College você pode!

O que são Liberal Arts Colleges?

As Liberal Arts Colleges são um tipo de faculdade dos Estados Unidos. Ao se candidatar para uma vaga em tais escolas não é preciso dizer o que se quer estudar. Depois de aprovado, ele vai poder “experimentar” diversas disciplinas para saber de quais gosta mais e, somente quando se sentir seguro, vai escolher sua área de formação.

Quual é a diferença de uma Liberal Arts College para outras faculdades?

De maneira geral, em outras faculdades o estudante deve passar por determinados cursos em alguns momentos de sua formação para se formar. As Liberal Arts Colleges oferecem mais flexibilidade no currículo e permitem que o estudante tenha mais escolha sobre quais matérias deseja aprender.

Quais são algumas das Liberal Arts Colleges mais famosas?

Bryn Mawr College, Smith College, Amherst College, Vassar College e Bates College são algumas das mais renomadas dos Estados Unidos.

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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