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Começar a graduação no exterior e concluir no Brasil: saiba como isso é possível

Gustavo Sumares - 05/07/2019
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É relativamente comum que brasileiros pensem em começar a graduação no brasil e concluí-la no exterior, como transfer students. No entanto, a trajetória contrária — começar a graduação no exterior e concluir no Brasil — é um pouco menos frequente. Ainda assim, trata-se de uma possibilidade.

Foi o que a brasileira Renata Koch fez. Natural de Porto Alegre, ela começou a estudar Relações Internacionas na Seton Hall University (SHU), em New Jersey, nos Estados Unidos, e concluiu a graduação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), na sua cidade. A seguir, saiba mais sobre a trajetória dela, e sobre como é começar a graduação no exterior e concluir no Brasil.

Decisão de estudar fora

Renata conta que sempre teve vontade de estudar fora, e sempre foi encorajada por sua família nesse sentido também. Ela concluiu o ensino médio em 2013 e fez do ano seguinte um gap year para pensar em se candidatar a uma universidade estrangeira por conta própria. Foi nessa época que ela conheceu a School of Dilomacy and International Affairs da SHU, se candidatou e ganhou uma bolsa de um ano.

“Eu tinha pensado em fazer Relações Internacionais no Brasil, mas achei que as graduações que tinham em Porto Alegre não eram exatamente o que eu queria. Eram mais focadas em Comércio Exterior, ou em diplomacia mas sem o viés de organizações internacionais que eu queria”, conta. Nesse sentido, a SHU, por ficar a cerca de 40 minutos de trem da sede ONU, tinha uma vantagem enorme.

Inicialmente, ela não pretendia fazer a graduação inteira lá. No entanto, no começo de 2015, ela foi visitar sua irmã que estava na Austrália pelo Ciências Sem Fronteiras e participou de um projeto de pesquisa de dois meses na Universidade de Queensland sobre mudanças climáticas. Foi a partir dessa experiência que ela concluiu que era isso mesmo que ela queria fazer.

Estudando relações internacionais no exterior

Em 2015, Renata começou seu ano na SHU. “Foi tranquilo, mas mudou a minha vida”, lembra. Sabendo que só tinha condições de ficar lá durante um ano, ela aproveitou ao máximo as oportunidades que teve. Entre elas, participou da COP21 (a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2015) com a delegação brasileira e escreveu para o jornal de diplomacia da sua faculdade.

Em maio de 2016, ela voltou para o Brasil com diversas conquistas: tinha um GPA 4 (média máxima que é possível ter nas notas das universidades dos Estados Unidos), diversas atividades extracurriculares e um papel de liderança na comunidade. “Fiquei realmente pensando que não poderia terminar ali”, lembra. “Eu contatei os diretores da escola e consegui uma bolsa por mérito para voltar. Então eu voltei no ano seguinte, em 2016, e foi melhor ainda”, diz.

Nesse segundo ano, Renata também aproveitou as oportunidades que teve. Ela se tornou presidente do “chapter” da SHU da UNA USA, a associação das Nações Unidas nos Estados Unidos. Nesse papel, conseguiu organizar eventos sobre mudança climática e igualdade de gênero, além de fazer reuniões de conscientização e militância em favor dessas causas junto ao governo local.

Mesmo assim, ao fim do segundo ano, precisou voltar ao Brasil. “Foi sempre muito incerto o quanto eu ia ficar lá. Não teria como conseguir bolsa de novo no terceiro ano; eu não tinha me planejado para ficar lá por quatro anos, e realmente é muito caro”, conta. Além disso, ela tinha interesse em trabalhar temas relacionados à América Latina no futuro, e por isso fazia sentido começar a graduação no exterior e concluir no Brasil.

Voltando ao Brasil

Renata concluiu sua graduação na Unisinos, uma universidade particular de Porto Alegre. Isso exigiu um esforço no sentido de validar por aqui o que ela tinha estudado lá fora, o que não é um procedimento tão simples. “O currículo da graduação nos EUA é bem diferente do daqui. Então eu tive que sentar e ver exatamente o que podia ser aplicado”, lembra.

Em contato com os dois coordenadores do curso, ela conseguiu aproveitar não só as matérias que tinha feito na SHU como também suas experiências práticas nos Estados Unidos. Com isso, ela conseguiu concluir a graduação em um período bem curto: estudou na Unisinos de agosto de 2017 a dezembro de 2018. “Foi difícil, porque eu queria me formar rápido, então ficava na faculdade das 8 da manhã às 10 da noite todo dia”, conta.

O esforço deu resultado. Após começar a graduação no exterior e concluir no Brasil, Renata é atualmente analista política do Consulado Britânico no Rio de Janeiro. Recentemente, também lançou uma plataforma online chamada EmpoderaClima, com conteúdo sobre mudança climática e igualdade de gênero para jovens. Na visão dela, essas conquistas são, em grande parte, resultado da experiência que teve estudando fora.

Para quem pensa em ter uma experiência semelhante

“Eu achei que quando voltasse pro Brasil eu não teria mais acesso a essas oportunidades, e a verdade é que surgiram muito mais oportunidades”, conta Renata. Segundo ela, isso acontece porque ela construiu “um networking muito grande lá [nos Estados Unidos], e desenvolvi expertise nessa área do clima em que eu trabalhei, então eu já sabia onde procurar por essas oportunidades”.

Para quem pensa em estudar fora, Renata recomenda que explore todos os recursos disponíveis, tanto no processo de application quanto para eventuais bolsas e oportunidades de auxílio financeiro. E ela reconhece que começar a graduação no exterior e concluir no Brasil acabou sendo uma experiência muito positiva para ela. “Meus colegas [na SHU] tinham aquela certeza de que iam ficar por vários anos, e acabavam não aproveitando tanto”, lembra.

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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