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Intercâmbio na África do Sul: inglês a baixo custo, belezas naturais e trabalho voluntário

Colunista do Estudar Fora - 25/05/2023
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Estudar inglês de uma forma mais barata que na Europa ou nos Estados Unidos, conhecer o Cabo da Boa Esperança, praticar esportes radicais, visitar parques naturais e entrar em contato com culturas dos povos nativos são alguns dos benefícios de se fazer um intercâmbio na África do Sul, país de Nelson Mandela.

Localizada no extremo sul da África, entre os oceanos Atlântico e Índico, a África do Sul tem pouco mais de 57 milhões de habitantes e é conhecida por sua biodiversidade e pela grande variedade de culturas, abrigando umas das comunidades mais multiétnicas do continente africano.

Apesar de 72% da população ser composta por negros de várias etnias, como os zulus, xhosas e bapedis e de a Constituição sul-africana reconhecer 11 línguas oficiais, o inglês é a língua pública e comercial da África do Sul — ou seja, a que é falada nas escolas e universidades. Além do inglês, outro idioma dominante é o africâner, língua de ramo germânico que se originou principalmente a partir do neerlandês, e que é falada pela maioria dos brancos e mestiços sul-africanos.

Integrante do BRICS — bloco de países economicamente emergentes formado também por Brasil, Rússia, Índia e China — a África do Sul é a segunda economia do continente africano, ficando atrás apenas da Nigéria. Ainda sim, a moeda sul-africana, o rand, é bastante desvalorizada em relação ao real, equivalente a aproximadamente 20% do valor da moeda brasileira. Este fator transforma a África do Sul num destino mais barato para quem pretende viajar para um país anglófono, se comparado ao Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e Austrália.

“Escolhi estudar lá justamente pelo valor da moeda ser 4/1 em comparação com o real na época do meu intercâmbio”, conta Márcio Moreira de Andrade, publicitário formado pelo Mackenzie (SP) que fez intercâmbio na África do Sul, para a Cidade do Cabo, em 2010. “Meu principal objetivo era adquirir fluência na língua inglesa, então optei por fazer intercâmbio através de uma escola de idiomas”, lembra.

Intercâmbio de línguas

Algumas agências de intercâmbio como CI, EF e IE oferecem pacotes para cursos de inglês na África do Sul. OS pacotes vão desde hobby até a preparatórios para exames de proficiência como IELTS e TOEFL, além de cursos com foco no mercado de trabalho. O principal destino oferecido pelas agências é a Cidade do Cabo, cidade cosmopolita e capital legislativa do país.

Para fazer um intercâmbio na África do Sul de até três meses (90 dias), não é necessário tirar o visto, basta apenas apresentar o passaporte com validade de até um mês (da data de retorno ao Brasil) e apresentar o CIV (Certificado Internacional da Vacina) contra febre amarela, que deve ser tomada pelo menos 10 dias antes do embarque. Um curso de inglês quatro semanas custa entre US$ 220 a US$ 845 (valores da Good Hope para 2020) — não inclusos, nesse valor, os custos de passagens, moradia e alimentação.

Para quem vai ficar mais de 90 dias, é necessário tirar visto de estudante. Isso pode ser feito no Brasil, por meio do consulado do país (localizado em São Paulo) ou da sua embaixada (em Brasília). Caso o estudante já esteja na África do Sul e resolva estender sua estadia, pode iniciar o procedimento de emissão de visto de lá mesmo. Mas como o visto pode levar mais de oito semanas para sair, é importante se programar com antecedência.

Intercâmbio na África do Sul para universitários

A África do Sul é um dos melhores destinos do continente africano para se fazer um intercâmbio universitário, já que das cinco melhores universidades da África, segundo o QS World University Rankings 2020, quatro estão no país. São elas: Universidade da Cidade do Cabo (1º), University of the Witwatersrand (3º), Stellenbosch University (4º)  e University of Johannesburg (5º). E o melhor: todas são públicas.

Fundada em 1829, a Universidade da Cidade do Cabo (UCT) é pública e é a universidade mais antiga do país. Durante o apartheid, a UCT serviu de centro intelectual para combater a política segregacionista do governo. Está entre as 200 melhores universidades do mundo, de acordo com o World University Rankings 2020, na frente de referências de ensino no Brasil, como a USP e a UNICAMP. A instituição é reconhecida por seus cursos em Estudos Africanos, Biologia, Botânica, Negócios, Ciências Ambientais, História, Matemática, Engenharia, Sociologia e Antropologia. Entre seus ex-alunos e professores, estão cinco ganhadores do Prêmio Nobel, entre eles, o professor emérito e escritor J.M. Coetzee, que foi condecorado pela premiação em 2003. Leia aqui sobre como é estudar na melhor universidade do continente africano. E saiba mais aqui sobre como se candidatar à UCT.

A Universidade de Witwatersrand também é pública e se localiza em Joanesburgo, maior cidade da África do Sul e principal núcleo urbano e cultural do país. Foi uma das instituições em que Nelson Mandela estudou (leia mais aqui sobre outras universidades pelas quais Mandela passou). Mais conhecida como Wits University, é formada por 33 escolas e oferece 3.000 programas acadêmicos, acreditados nacional e internacionalmente, em áreas de estudo como Comércio, Ciências, Gestão, Direito, Engenharia, Ciências da Saúde e Humanas. É internacionalmente reconhecida por seu foco em pesquisa intensiva. Veja aqui o que é necessário para fazer intercâmbio na África do Sul para estudar na Wits.

A cerca de 50km da Cidade do Cabo, a Universidade de Stellenbosch fica em Stellenbosch, a segundo colônia europeia mais antiga da África do Sul. Com aproximadamente 90 mil habitantes, a cidade é conhecida por suas rotas de vinícolas. A Universidade de Stellenbosch é prestigiada no campo de pesquisa, tendo fabricado o primeiro micro-satélite da África, o SUNSAT, colocado em órbita em 1999. Leia mais aqui sobre como ingressar na Stellenbosch.

A Universidade de Joanesburgo é mais jovem, tendo sido criada em 2005 depois da junção da Rand Afrikaans University (RAU), com a  Technikon Witwatersrand (TWR) e os campos de Soweto e East Rand da Vista University. Abriga 50 mil estudantes e é uma das instituições mais diversas e inclusivas da África do Sul, sendo que mais de 3 mil de seus alunos são estrangeiros de mais de 80 países. Saiba mais sobre como fazer intercâmbio na UJ aqui.

Estudantes internacionais que desejam fazer intercâmbio na África do Sul devem provar sua capacidade na língua inglesa. Para isso, a melhor opção é entrar em contato com os escritórios de admissão de cada escola/universidade para saber quais testes são aceitos. Os mais comuns são IELTS e TOEFL.

Trabalho voluntário na África do Sul

Outra opção de intercâmbio para a África do Sul é a de trabalho voluntário. Devido ao colonialismo europeu e, posteriormente, ao regime de apartheid implementado na região, as desigualdades sociais entre negros e brancos são muito marcantes até hoje.

Há várias opções para conhecer o país e fazer trabalho voluntário, seja no cuidado e educação de crianças carentes até no trabalho com idosos, animais selvagens e em zonas de conflito atuando junto à Cruz Vermelha. Algumas agências brasileiras, como a CI, a EF e a STB, oferecem essa modalidade de intercâmbio. Saiba mais como é fazer trabalho voluntário na África do Sul, clicando aqui.

Turismo

Além dos estudos, um dos motivos que tornam a África do Sul atraente são as belezas naturais. Para os amantes do turismo de natureza, o país é um prato cheio e oferece roteiros de safaris, praias, desertos, savanas e pastagens. No sul, há as cordilheiras do Karoo. No leste, há a maior cadeia de montanhas da África meridional, o Drakensberg. Durante o inverno, é possível ver neve nos pontos mais elevados.

Um dos pontos turísticos mais famosos da África do Sul entrou no imaginário português — e, por consequência, no brasileiro — ao aparecer em Os Lusíadas (1572), poema épico no qual Luís de Camões narra a viagem portuguesa para as Índias, liderada por Vasco da Gama. É o Cabo da Boa Esperança (conhecido anteriormente como Cabo das Tormentas), que provocava inúmeros naufrágios e atormentava os “heróis” ibéricos na época das grandes navegações, e que hoje em dia é considerado visita obrigatória no país africano.

“Um dos fatores que me fizeram escolher a África do Sul foi porque eu tinha planos de continuar viajando depois do meu curso, e lá me pareceu um lugar interessante, com atrativos para seguir viajando”, contou Jeferson Augusto, jornalista que fez intercâmbio na África do Sul no final de 2012. Assim como Márcio, Jeferson também fez um curso de inglês pela a Good Hope.

Para quem gosta de história, o lugar também oferece locais como o Museu do Apartheid, em Joanesburgo, e a Ilha de Robben, onde Mandela e outros opositores ao regime ficaram presos durante mais de 20 anos anos.

Pontos positivos e negativos de um intercâmbio na África do Sul

Alguns dos grandes facilitadores de escolher a África do Sul como destino são o clima, que é bastante parecido com o do Brasil, e a distância relativamente curta (o voo de São Paulo a Joanesburgo dura apenas 9h), o que acarreta em passagens mais baratas.

Jeferson Augusto viveu na casa de uma família numa colônia muçulmana na Cidade do Cabo. “A Cidade do Cabo é uma metrópole e, assim como toda metrópole, tem dificuldades como custo de vida, falta de segurança em alguns lugares, essas coisas”, comentou o jornalista.

“A casa de família era mais econômica, e imaginei que seria mais interessante, para conhecer um pouco mais sobre as pessoas de lá, e praticar meu inglês. Fiquei aproximadamente dois meses na casa deles, de novembro de 2012 a janeiro de 2013. Foi uma excelente experiência, fui muito bem recebido, aprendi muito, principalmente sobre a cultura muçulmana, e também um pouco mais sobre o país, sobre a cidade, a cultura e história local”, conclui.

Sobre os benefícios de ter feito intercâmbio na África do Sul, Jeferson pontua a fluência que adquiriu no inglês, idioma que não dominava. “Mas, além disso, conhecer mais sobre um país e uma região que tinha pouco ou nenhum conhecimento antes de ir para lá foi muito gratificante. Claro, conheci lugares lindos, tive ótimas experiências também. No entanto, acho que o principal que carrego dessa experiência foi saber mais sobre a África do sul, o país e a sociedade de lá.”

Por Beatriz Moura

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