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Intercâmbio em casal: existem bolsas para quem quer levar o namorado junto?

Priscila Bellini - 13/06/2017
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Quem deseja fazer intercâmbio — seja por poucos meses, ou uma pós-graduação que dure anos — não precisa abrir mão da companhia do parceiro. Afinal, passar um tempo no exterior não precisa ser uma experiência individual, e é compartilhada por muitos casais. Ainda que sejam mais escassas, existem bolsas de estudo para o “intercâmbio a dois”. Nesses casos, um dos parceiros é contemplado e o outro segue como acompanhante.

Mas o que muda quando um aluno decide estudar fora e quer levar o cônjuge para o país de destino? Para começar, é necessário verificar quais são os critérios estabelecidos pelo país para conceder o visto a ambos. Por exemplo, pode ser requisitada uma certidão de casamento, para comprovar o vínculo dos dois. Vale lembrar que alguns países, como é o caso dos Estados Unidos, costumam equiparar casais que são casados aos que têm outros vínculos legais, como as chamadas “civil unions”. No caso de casais homoafetivos, portanto, a regra seria a mesma — então, vale conferir nos editais se tal correlação é estabelecida.

Outro ponto essencial, quando se fala em intercâmbio, refere-se ao orçamento. Para quem não conta com uma bolsa de estudos, por exemplo, esse fator pesa ainda mais. De acordo com o país de destino, há exigências mínimas para que o estudante consiga um visto, e os requisitos mudam quando se vem acompanhado. Entre as mudanças, está a alteração no valor mínimo “em caixa” exigido pelos setores de imigração. Em vez de ter o valor equivalente a três meses vivendo no país, o período exigido pode ser o dobro ou o triplo do original. Há ainda programas que permitem ao cônjuge que chega junto com o estudante a permissão para trabalhar, em cargos full-time ou part-time.

Diante desse cenário, alguns editais passaram a oferecer o que se chama de “family allowance”, uma espécie de complemento para a família. A ideia é que, ao trazer o marido ou a esposa, o aluno possa contar com apoio extra para despesas do dia a dia e mesmo seguro-saúde. No caso da Suécia, por exemplo, tanto o companheiro quanto os filhos do estudante contam com o mesmo pacote de serviços em saúde.

Conheça algumas das bolsas de estudo que oferecem o family allowance para os estudantes e entenda como tais programas funcionam.

Marie Skłodowska-Curie Actions Individual Fellowships

Essa é a bolsa que pretende apoiar “os melhores e mais promissores pesquisadores de qualquer lugar do mundo”. A proposta vem da Comissão Europeia, o órgão executivo do bloco europeu.

As chamadas MSCA voltam-se para as ciências, mas não têm limitação de área específica. No caso do Brasil, entretanto, a Comissão destaca campos prioritários, como pesquisas em bioeconomia, segurança alimentar, agricultura sustentável e energia, entre outras áreas de atuação. As Individual Fellowships focam em profissionais experientes, que tenham dedicado ao menos quatro anos à pesquisa.

A bolsa inclui não apenas as despesas com os estudos, como também a viagem ao país de pesquisa, na União Europeia. O dinheiro, que é encaminhado à instituição à qual o pesquisador está ligado (uma universidade no Brasil, por exemplo), também cobre as despesas pessoais e da família do pesquisador. Quando o parceiro tem um vínculo por meio do matrimônio, ou uma ligação equivalente, recebe um valor extra de 500 euros por mês, independentemente do país em que desenvolve sua pesquisa.

Fundação Alexander von Humboldt (AvH)

Uma das instituições mais renomadas da Alemanha, a AvH apoia pesquisadores e pesquisadoras em diversas áreas, da sustentabilidade à gestão pública. Ao todo, há uma rede de mais de 28.000 ex-bolsistas (os chamados alumni) que já foram contemplados pelas bolsas de estudo. Uma das bolsas mais conhecidas da instituição é o programa German Chancellor Fellowship for Tomorrow’s Leaders. No caso desse programa em específico, que aceita quem tem apenas a graduação, o foco recai sobre projetos de pessoas com uma trajetória ou acadêmico ou profissional que demonstrem futura liderança na sua área de atuação.

Para os bolsistas que pretendem trazer seus parceiros à Alemanha, a organização oferece, “dependendo das condições do orçamento”, um apoio financeiro a mais, no valor de 276 euros. Também pode ser negociado um valor a mais no caso de filhos dependentes. Na hora da application para tais benefícios, é necessário encaminhar documentos como a certidão de casamento.

Konrad-Adenauer-Stiftung

A Konrad Adenauer (KAS) é uma organização vinculada ao partido da chanceler Angela Merkel, o CDU (União Democrata-Cristã). A KAS ficou conhecida por financiar projetos e estudos voltados para a formação política da sociedade e também oferecer diversas bolsas nas áreas de ciências sociais.

Além dos 920 euros pagos ao estudante de pós-graduação, o programa concede um auxílio a mais no caso daqueles que trazem o cônjuge à Alemanha. É necessário que o companheiro permaneça por, no mínimo, três meses e que comprove o vínculo com uma certidão de casamento. No caso de casais que têm filhos, é possível requisitar uma quantia complementar, de 184 euros por mês.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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