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Fiocruz: conheça a organização e as parcerias internacionais que podem trazer a vacina da COVID-19

Gustavo Sumares - 27/11/2020
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Se você está acompanhando o desenvolvimento da vacina contra COVID-19 e sua possível chegada no Brasil, já deve ter ouvido falar da Fiocruz. A Fundação Oswaldo Cruz é um dos maiores centros de pesquisa de saúde pública do mundo, e suas parcerias com outras organizações científicas são uma das principais maneiras pelas quais a vacina pode chegar até nós. Por isso, veja a seguir mais sobre ela!

História

De acordo com a própria Fiocruz, sua história se confunde com a história da própria saúde pública no Brasil. Suas origens estão no ano de 1900, quando foi criado o Instituto Soroterápico Federal, uma organização responsável por produzir soros e vacinas. Em 1902, a direção do instituto foi assumida pelo médico e sanitarista Oswaldo Cruz, que viria mais tarde a dar nome à organização.

Sob Oswaldo Cruz, o instituto conseguiu vencer epidemias de febre amarela e peste bubônica no Rio de Janeiro. Também foi responsável pelo combate à varíola e foi uma das primeiras organizações a focar nas condições de vida da população do interior brasileiro, dedicando-se a pesquisas sobre doenças tropicais.

O instituto mudou de nome em 1917 para Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (por causa do bairro no Rio de Janeiro onde ficava sua sede), Mas em 1918, com a morte de Oswaldo Cruz, ele muda de nome novamente, tornando-se o Instituto Oswaldo Cruz para homenagear o cientista.

Em 1930, com a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, ele perdeu sua autonomia, mas foi recuperando-a nas décadas de 40 e 50. No entanto, com o golpe de 1964, muitos de seus pesquisadores tiveram seus direitos políticos cassados. Em 1970 ele foi renomeado para Fundação Instituto Oswaldo Cruz e adotou a sigla Fiocruz — que continuou a ser usada mesmo após ele mudar de nome novamente em 1974, para Fundação Oswaldo Cruz, nome que permanece até hoje.

Descobertas da Fiocruz

Focada em doenças tropicais que afetam principalmente as populações mais pobres do Brasil, a Fiocruz fez grandes avanços na descrição e no combate a várias delas. Foi, por exemplo, responsável por descrever o ciclo do Schistosoma mansoni, verme plano responsável por causar a Esquistossomose.

Mais recentemente, ela também foi a primeira organização da América Latina a isolar o vírus da HIV em circulação no Brasil. Até hoje, o instituto trabalha em parceria com outras organizações científicas para criar e disponibilizar antirretrovirais — remédios que ajudam no tratamento contra a AIDS.

Nos últimos anos, a organização também lutou contra a emergência médica do zika vírus no Brasil. O instituto conseguiu mapear sua chegada ao Brasil e traçar sua relação com a microencefalia. Celina Turchi, uma de suas pesquisadoras, foi considerada uma das 100 personalidades de 2017 pela revista Time graças às suas contribuições nessa situação.

Fiocruz e a vacina da COVID-19

Um dos principais motivos pelos quais a Fiocruz vem ocupando as manchetes, no entanto, é a sua participação na disponibilização de uma vacina para COVID-19. De fato, o instituto está realizando uma série de parcerias internacionais para produzir e distribuir no Brasil a vacina que imuniza contra o Sars-CoV-2.

Atualmente, segundo a Fiocruz, sua principal aposta é a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford. Num acordo com a empresa AstraZeneca, o instituto deve disponibilizar mais de 100 milhões de doses da vacina ainda no primeiro semestre de 2021. O acordo também assegura a transferência da tecnologia de produção da vacina para a Fiocruz, o que permite que o país se torne um polo de produção da vacina.

Mas além dessa aposta, a Focruz também tem parcerias internacionais com outras três organizações que estão produzindo possíveis vacinas. Três delas já estão na fase 3 de testes clínicos. São elas: a Coronavac (em parceria com a Sinovac Biotech), a BCG (em parceria com um órgão de pesquisa australiano e órgãos públicos do Mato Grosso do Sul) e a Janssen (em parceria com a Johnson& Johnson, os institutos nacionais de saúde do Reino Unido e 28 centros de pesquisa brasileiros).

Parcerias internacionais

Parte do sucesso da atuação da Fiocruz se deve à sua capacidade de se articular com pesquisadores de vários outros países para somar forças. Essa articulação se dá por meio de uma série de parcerias que a organização formalizou com órgãos públicos e empresas de inúmeros países.

A Fiocruz, por exemplo, coordenou junto com a Comissão Europeia o projeto EU-LAC Health, um consórcio de países da Europa e América Latina para criar pesquisas de saúde pública. Na França, especificamente, a Fiocruz integra a Rede Mundial Pasteur, sendo a única organização brasileira a fazer parte dessa rede.

Nos EUA, a Fiocruz tem parceria com o Instituto Nacional de Saúde (NIH) e com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que são os principais órgãos de saúde pública do país. Autoridades semelhantes no Canadá, Alemanha e Japão também são parceiras do instituto em pesquisas junto a outros países em desenvolvimento.

Fora isso, a Fiocruz também tem várias parcerias Sul-Sul, especialmente com outros países da América Latina e com países africanos que falam português (Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe).

E, naturalmente, a Fiocruz também tem parcerias com algumas das melhores universidades do mundo. Isso inclui escolas como Oxford, University of Toronto, Universidade da Califórnia em Los Angeles e University College London.

Como estudar ou fazer pesquisa na Fiocruz

As unidades da Fiocruz oferecem opções de mestrado acadêmico, doutorado e cursos profissionais para os interessados. A lista completa pode ser vista neste link. Sendo programas de pós-graduação acadêmica, eles exigem diploma e histórico da graduação, bem como a apresentação de projeto.

Para alunos em graus anteriores de estudo, a Fiocruz também oferece bolsas de iniciação científica e de iniciação tecnológica e de inovação, por meio de programas diferentes. Essas oportunidades podem ser vistas neste link, e as inscrições para elas costumam ficar abertas no primeiro semestre de cada ano.

Finalmente, a organização também oferece estágios para estudantes de áreas relacionadas que desejem conhecer o trabalho do instituto de pesquisa (e participar dele). Eles incluem desde oportunidades para estudantes do ensino médio de técnico até estágios de ensino superior em diversas áreas. É possível ler mais sobre eles neste link.

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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