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Como é estudar Turismo e Hotelaria no exterior?

Nathalia Bustamante - 07/02/2018
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Trabalhar em um hotel é apenas um dos caminhos possíveis para quem escolhe o curso de bacharelado em Turismo e Hotelaria – tanto no Brasil quanto no exterior. O curso, com duração média de quatro anos, visa preparar o profissional para atuar em diferentes meios de hospedagem, mas também em outros setores que envolvem o atendimento a clientes – como hospitais, restaurantes, shopping centers e consultorias.

Isso porque as melhores instituições da área têm como objetivo formar um profissional versado em “hospitalidade” – o que envolve ter foco no cliente e prezar por um atendimento de alto nível, seja em um balcão de hotel ou no atendimento a clientes em um banco de investimentos.

E essa formação se faz através de diversas disciplinas que passam por gestão, marketing e contabilidade, mas também por muita atividade prática – mão na massa, às vezes literalmente, nos laboratórios de gastronomia das instituições de ensino.

É o caso da École Hôteliére de Lausanne, a mais antiga e uma das melhores do mundo no setor. A instituição suíça exige dos seus estudantes três semestres inteiramente focados na prática – sendo um deles internamente, dentro da escola, e outros dois de estágios (remunerados) em qualquer lugar do mundo.

Formação mão na massa

Estudantes do primeiro ano trabalham em um café dentro da universidade
Estudantes do primeiro ano trabalham em um café dentro da universidade

“O primeiro ano não foi o meu favorito – mas foi importante pra entender como as coisas funcionam, como são os processos”, relembra a brasileira Ariane Tamaro, que está se formando em agosto. Ela se refere ao primeiro ano de formação da EHL durante o qual os estudantes se engajam em atividades, digamos, mão na massa. Eles são responsáveis pelo atendimento dos cafés e restaurantes da faculdade; pela produção dos doces e pães vendidos na loja oficial da EHL e mesmo pela limpeza dos quartos da residência estudantil.

Todos os 700 alunos admitidos para o primeiro ano se revezam nestas funções por seis meses e, assim, aprendem na prática competências como resiliência, resistência a pressão e, mais do que tudo, atenção ao detalhe no atendimento ao cliente. Já no segundo semestre, o estudante pode escolher qualquer instituição do mundo para fazer um estágio remunerado – desde que seja em áreas operacionais. Ariana optou por fazer seu estágio em um hotel em Barcelona.

Para Carollina Abud, que se formou na EHL em 2006, o primeiro ano prático foi uma oportunidade excelente de ter contato com a realidade desde o início do curso. “Muitos já enxergaram desde o início que aquilo não era para eles. E quem segue não chega no mundo real leigo para aqueles assuntos”, explica.

Gestão, com molho de negócios

É só no terceiro semestre do curso de turismo e hotelaria no exterior que os estudantes passam a estudar disciplinas gerais de administração de empresas – em que disciplinas de estatística, negociação e marketing são aplicados em casos do setor. Depois do aprofundamento teórico, mais uma aplicação prática: no quinto semestre, os estudantes partem novamente para um estágio remunerado em qualquer lugar do mundo, desta vez em posições administrativas. Nesta etapa, Ariana embarcou para Londres, onde trabalhou por seis meses em uma posição de comunicação em uma administradora de hotéis de luxo.

Fato é que apenas cerca de 35% dos alunos formados na EHL – mais antiga escola de hotelaria do mundo – acabam por trabalhar no ramo. Os outros 65% rumam para setores de serviço, eventos, mercado financeiro e até setor da saúde.

Isto porque o conceito que está nas entrelinhas é o de “oferecer um serviço de excelência” – seja ele onde for. “É preciso quebrar o estereótipo da hospitalidade e entender que ela se baseia em um ponto essencial: o atendimento a outros seres humanos”, resume o Diretor da Escola e veterano no setor de hospitalidade, Michel Rochat. “É por isso que consultorias, empresas do setor de tecnologia, aviação e diversas outras que demandam interação com o cliente valorizam colaboradores que saibam melhorar sua experiência”, completa Valérie de Corte, que gere a rede alumni da instituição. A taxa de empregabilidade após seis meses é de 96%.

Leia também: As 5 habilidades necessárias para uma carreira de sucesso em turismo

Diferenças entre estudar turismo e hotelaria no exterior e no Brasil

Focando apenas nos cursos de graduação, é possível comparar a grade do curso de Hotelaria Centro Universitário SENAC (o único curso brasileiro com cinco estrelas de pontuação de acordo com o Guia do Estudante) com a École Hôteliére de Lausanne. Em ambos, a formação prática é muito intensa, bem como os conceitos de gestão, comunicação e finanças. Ou seja, no aspecto de formação técnica, as qualidades dos graduados se equiparam.

Segundo Carolina Abud, que hoje atua como Diretora Comercial Brasil no Palladium Hotel Group, o principal diferencial da formação em turismo e hotelaria no exterior é o aspecto comportamental. “Ainda não recebi nenhuma pessoa formada aqui no Brasil que chegue apta a atuar – muitos jovens ainda chegam muito imaturos. Isto eu não tenho dúvida que a EHL prepara bem – em termos de exigência de mercado, responsabilidade e comprometimento”, argumenta.

É mais fácil baixar a barra do que aprender a subir depois

Isto está alinhado com o que Monsieur Laurent, “Embaixador dos Valores” da EHL, afirma:  “A visão da escola é preparar todos os estudantes para o mais alto dos padrões – é mais fácil baixar a barra do que aprender a subir depois.” Laurent, que também é conhecido pelos corredores da EHL como “fiscal do dress code”, é o responsável por garantir que todas as regras de comportamento e vestimentas da instituição sejam cumpridas. Os que não estiverem seguindo estrito código de conduta (o que inclui: deixar a barba por fazer, usar saltos alto ou baixo demais e até mesmo calças jeans) têm seus cartões de estudantes apreendidos e duas horas para se trocarem, a fim de recebê-lo de volta e poder, assim, frequentar as aulas.

Na prática, há vários motivos para investir em uma formação em turismo e hotelaria no exterior: a formação de um networking internacional, a possibilidade de fazer estágios durante o curso e nos verões em instituições de fora e a possibilidade de exercitar diversos idiomas – na EHL são oferecidas formações em inglês e em francês, mas 85% dos alunos fala ao menos mais uma língua.

Conheça os detalhes sobre a experiência de brasileiras que estudam turismo e hotelaria no exterior, na EHL:

 

 

A jornalista Nathalia Bustamante viajou a convite da École Hôteliére de Lausanne

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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