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O MIT na visão de um estudante brasileiro

Lecticia Maggi - 03/02/2016
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Um dos elementos mais interessantes de estudar no MIT (e de diversas outras faculdades americanas) é a liberdade do curso. Enquanto no Brasil você escolhe um curso, e a faculdade define todas as aulas que você vai assistir, aqui isso é bem diferente: você não tem que selecionar o que vai cursar antes de começar a faculdade.

Fazemos primeiro um ano de disciplinas básicas, comuns para qualquer curso, antes de definir qual carreira queremos seguir

No MIT, fazemos primeiro um ano de disciplinas básicas, comuns para qualquer curso, antes de definir qual carreira queremos seguir. Isso ajuda muito aqueles que não estão certos do que querem fazer.

As liberdades de estudar no MIT

Outra grande vantagem é a liberdade dentro dos cursos: enquanto no Brasil a maioria das faculdades já tem predefinidas todas as classes que você vai fazer para ter seu diploma, aqui você pode escolher quais matérias quer cursar. Por exemplo, no caso de Ciência da Computação, caso eu me interesse mais por Inteligência Artificial, eu posso fazer mais aulas relacionadas a isso e menos de outras áreas. Assim, eu consigo um diploma mais rápido que no Brasil (o curso é de 4 anos) pois não gastei tempo com matérias provavelmente desnecessárias para minha atuação profissional. E também saio da faculdade com certa especialização na área que gosto.

Uma terceira grande liberdade é a ordem e a quantidade das matérias. Enquanto no Brasil fazemos tudo em uma ordem pré-estabelecida, aqui podemos escolher quando queremos fazer aquela disciplina. Isso significa que eu posso explorar matérias mais avançadas para saber se eu tenho interesse nelas ou não em vez de esperar estar no terceiro ou quarto ano de faculdade para descobrir que não gosto do que eu achava que gostava. Além disso, o fato de podermos fazer quantas matérias quisermos permite que pessoas que gostem mais das aulas façam mais matérias, enquanto aqueles que se interessam por outras coisas escolham menos classes.

Eu posso explorar matérias mais avançadas para saber se eu tenho interesse nelas ou não

Clubes Estudantis e Pesquisa Científica

Mas a liberdade não acaba por aí. Enquanto no Brasil o significado de faculdade quase que se limita às aulas, no MIT é muito mais que isso. Aqui existem clubes para quase tudo – desde olimpíadas científicas até triatlo e cubo mágico – o que nos permite encontrar vários amigos com interesses semelhantes aos nossos. Também é bem comum o pessoal fazer pesquisa científica durante a graduação ou mesmo participar de fraternidades e praticar os mais diversos esportes.

Uma quinta liberdade daqui é o fato de as aulas não serem obrigatórias. Exatamente isso: os professores não fazem chamada. Sempre tem algum professor com o qual você não consegue aprender direito nas aula, não é? Enquanto no Brasil normalmente teríamos que ficar mofando em sala, aqui você simplesmente não vai à aula, estuda pelo livro e faz as provas. Mais importante do que isso, sempre que você está em aperto em alguma matéria e tem que faltar em outras aulas para estudar ou tem algum compromisso durante as aulas, você não tem que se preocupar com presença. Isso permite que seu dia-a-dia seja muito mais dinâmico, abrindo muitas possibilidades.

Enfim, estudar no MIT é ter muita liberdade. A faculdade se adapta muito bem a quem você é, independentemente de quem você seja. Não é você quem tem que se adaptar à faculdade.

Sobre o autor

Felipe Hoffmann está no primeiro ano de Engenharia Eletrônica no MIT. Durante o ensino médio, no interior do Rio Grande do Sul, participou de diversas olimpíadas científicas, sendo campeão estadual em seis modalidades. Aprovado no IME, ITA e no MIT, fundou um site para ajudar outros jovens a alcançar esses mesmos sonhos: no virandolimpico.com, ele oferece aulas gratuitas de preparação para vestibulares concorridos e para olimpíadas de conhecimento.

*Na foto, campus do MIT

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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