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Como pensa o comitê de avaliação de MBAs internacionais?

Colunista do Estudar Fora - 03/10/2019
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Se você almeja aplicar para um MBA no exterior, é útil saber como o Admissions Committee (AdCom, comitê de admissões do MBA) analisa seu material. Entender quais são as perguntas essenciais que os avaliadores pretendem responder ao ler suas redações (essays), cartas de recomendação, CV, formulário de aplicação, histórico escolar e notas dos testes exigidos (matemática e lógica, segundo o GMAT, e inglês segundo o TOEFL) pode lhe oferecer insights sobre como abordar cada um deles e mitigar possíveis pontos fracos.

Confira algumas das principais preocupações do comitê de admissões do MBA:

1. O candidato tem potencial para suceder no ambiente acadêmico e contribuirá com pensamento crítico, conhecimento e experiência?

Aqui, suas notas (GPA, ou média geral da graduação, GMAT e TOEFL) serão levadas em consideração. Além disso, sua trajetória profissional será avaliada como um todo pelo comitê de admissões do MBA, de modo a entender seus pontos fortes, resultados, áreas de interesse, relevância na empresa (não necessariamente em termos de posições ou cargos, mas sim se demonstra iniciativa, sede por crescer e aprender, como contribui e age perante chefes, colegas e subordinados, etc.), entre outros.

2. O candidato tem valores morais similares à escola e colaborará para mantê-los?

A busca por evidências que mostrem consciência e preocupação com a ética dentro e fora do trabalho passa pelo CV, essays, e cartas de referência. Por meio dos dois primeiros, o AdCom saberá o que você pensa e como age em situações delicadas, ou até mesmo se segue tais princípios no dia a dia; já por meio das últimas, o comitê de admissões do MBA terá uma visão externa — ou seja, dos recomendadores (chefe direto ou indireto, colega, fornecedor, cliente) —, do seu comportamento no trabalho. Tudo deve estar em consonância com os valores da escola.

3. O candidato tem respeito e se mostra aberto a novas culturas, e adiciona diversidade à classe?

Produzir turmas diversas é uma preocupação constante das escolas e, justamente, uma das vantagens de se fazer um MBA no exterior. Inclusão é extremamente importante para a experiência dos alunos, já que perspectivas diferentes acrescentam nas discussões e interações dentro e fora da sala de aula. Nesse termo, encaixam-se: indústria, nacionalidade, gênero, orientação sexual, “raça”, credenciais acadêmicas e experiência de trabalho. Entretanto, ter exemplos que ilustrem como você já se expôs a outras culturas e a pessoas com background diferente do seu, como saiu da zona de conforto e do seu mundo familiar, e como cresceu por meio de tais interações, é tão ou mais relevante do que pertencer a uma minoria ou grupo específico.

4. O candidato terá sucesso na carreira pós-MBA?

O comitê de admissões do MBA certamente analisará suas ambições de carreira – se são tangíveis, se fazem sentido com o seu background, se trarão impacto ou contribuirão com a indústria / setor em questão e com a sociedade. A tangibilidade influencia até mesmo os rankings da escola – quanto mais alunos já saírem empregados do programa, melhor para a reputação dele. Ainda, futuros graduados carregarão o nome da escola para a vida; de certa forma, você representará a instituição. Eles querem, portanto, pessoas comprometidas, éticas, e que tenham a ambição de se tornarem líderes de impacto.

5. O candidato construirá relacionamentos sólidos com colegas e contribuirá com a rede de ex-alunos (alumni)?

A experiência do MBA é fortemente construída por meio do relacionamento com seus colegas. Seja em discussões em sala de aula, seja em eventos sociais, seja posteriormente como um alumnus (ex-aluno), as escolas têm interesse em pessoas que estejam dispostas a fomentar um ambiente colaborativo, que começa durante o programa (dentro da comunidade da instituição) e se estende ao futuro (dentro de empresas e da sociedade em geral). Após receber o canudo, seu envolvimento como alumnus é bem visto e contribui verdadeiramente para formar uma comunidade de suporte mútuo. Ter uma experiência passada nesse sentido para contar no application (ex: contribuição com a universidade onde se formou após sua graduação) certamente conferirá credibilidade de que você fará isso no futuro, depois de se graduar.

No fim das contas, quem estará analisando seu perfil se perguntará: “Eu gostaria de ter essa pessoa como meu colega? Quero que ela faça parte da minha escola?”. Assim, seu material escrito deve transmitir não só seus feitos profissionais, mas também sua personalidade e mostrar o quanto sua presença agregará de valor à escola. A escolha dos candidatos – assunto para outro artigo, e um processo rigoroso e sério – passa pelas mãos de, pelo menos, quatro leitores críticos.

Portanto, vale a pena gastar um tempo significativo refletindo e preparando seu material. Recomendamos ao menos quatro meses, idealmente seis meses, para o resgate de suas histórias, pesquisa sobre as escolas e rascunho de sua visão de futuro e o papel da escola em torná-la realidade.

Sobre a autora

Daiana Stolf é cientista por formação e escritora e coach por paixão. De mestre pela Universidade de Toronto (Canadá) a aluna de Gestão Estratégica na Universidade de Harvard (EUA), passando por cientista-doutoranda da EPFL (Suíça), em 2011 descobriu o prazer de guiar brasileiros curiosos e determinados a expandir seus horizontes através de cursos de pós-graduação nas melhores universidades do mundo. Ela é co-fundadora da TopMBA Coaching.

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Sobre o escritor

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Os colunistas são estudantes e especialistas convidados pelo Estudar Fora para compartilhar sua experiência. É neste espaço que você verá relatos em primeira pessoa dos estudantes ou orientação especializada de profissionais que atuam com estudos no exterior.

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