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Bolsas para mães: iniciativas nos EUA e na Europa apoiam candidatas com dependentes

Nathalia Bustamante - 21/03/2017
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Em 40% das casas brasileiras, quem é responsável pelo sustento e é “chefe de família” é uma mulher. Quando o assunto é carreira acadêmica, a ala feminina também tem se destacado: elas avançaram nos programas de doutorado no exterior, por exemplo, e são maioria no Ensino Superior, chegando a um índice de 55%. 

Acontece que, olhando mais atentamente a realidade dessas mulheres, constata-se que elas assumem uma jornada maior, por uma questão social e histórica. Somam-se aí postos de trabalho, tarefas domésticas e cuidado com os filhos. A jornada dupla ou tripla de trabalho, relegada às mulheres, é recorrente também entre as que chegam ao Ensino Superior.

Foi percebendo essa condição que instituições passaram a incorporar dispositivos para a permanência de mulheres, por exemplo, que já são mães e chefes de família. Isso significa, na prática, que as iniciativas dão apoio financeiro e acolhem, junto a bolsistas mulheres, seus filhos. É um movimento que vai contra a correnteza: em geral, os editais de bolsas de estudos limitam a oferta à estudante, sem contemplar seus dependentes. Comumente, há indicações de que, na acomodação disponível, só existe espaço para uma pessoa.

Conheça algumas das iniciativas que focam candidatas mulheres que já têm filhos e/ou tenham passado um período afastadas do meio acadêmico, focadas na maternidade.

Marie Skłodowska-Curie Actions

O programa da Comissão Europeia, que contempla candidatas brasileiras, já investiu 218,5 milhões de euros (cerca de 790 milhões de reais) em Individual Fellowships. Para se candidatar, é necessário ter um mínimo de quatro anos de experiência em pesquisa ou já ser doutora em alguma área de ciências. No caso do Brasil, o edital mais recente das Actions destacou campos prioritários, como agricultura sustentável e energia.

Em outras palavras, uma doutoranda que passou o último ano dedicada a cuidar do filho recém-nascido, por exemplo, pode ser encaminhada para um programa de reinserção junto à bolsa.

Caso as candidatas tenham passado algum tempo afastadas por motivos pessoais — como uma licença maternidade –, é possível destacar a situação para a banca avaliadora. Em outras palavras, uma doutoranda que passou o último ano dedicada a cuidar do filho recém-nascido, por exemplo, pode ser encaminhada para um programa de reinserção junto à bolsa.

Isso porque um dos objetivos das MSCA é garantir melhor empregabilidade e aperfeiçoamento profissional. Tanto é que, para quem é contemplado pelo programa, estabelece-se um Plano de Desenvolvimento de Carreira em parceria com um supervisor da universidade. O objetivo, além de monitorar o progresso do pesquisador, é identificar outras necessidades para seu aperfeiçoamento. Uma das áreas de atuação desse plano seria garantir recursos para a participação em conferências e incentivar a publicação em periódicos científicos.

Soroptimist Live Your Dream Awards

A proposta não poderia ser mais direta: fazer com que mulheres vivam seus sonhos e garantir os meios para isso. Os prêmios são direcionados a mulheres que sejam chefes de família, tenham baixa renda e estejam cursando ou tenham sido aceitas em cursos de graduação. Mulheres que sejam contempladas pela premiação da Soroptimist recebem de 3 a 10 mil dólares.

Uma das vantagens do prêmio, que existe desde 1972, vem das possibilidades de aplicá-lo a outras despesas. Se a estudante já possui uma bolsa da universidade para arcar com a tuition, pode usá-lo no pagamento de transporte, livros e mesmo cuidados com os filhos. Desde a criação da iniciativa na década de 70, a Soroptimist já distribuiu 30 milhões de dólares a milhares de mulheres.

 

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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