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Como ingressar em uma universidade na Alemanha

bolsa para estudar na Alemanha (2)

Quando se fala em estudar no exterior, os primeiros destinos que costumam surgir são Estados Unidos, Canadá ou Inglaterra. Mas a Alemanha, embora nem sempre esteja no topo dessa lista, oferece um dos sistemas universitários mais fortes e acessíveis do mundo. O país combina excelência acadêmica, programas de bolsas atrativos e universidades públicas com custos muito mais baixos do que em países anglófonos.

Para entender melhor como funciona esse caminho, conversamos com Luiza Voss De Gregorio, brasileira que trilhou toda a sua formação na Alemanha: graduação e mestrado em engenharia na Universidade Técnica de Munique e, atualmente, doutorado na Siemens em parceria com a Universidade Técnica de Darmstadt. Ela compartilhou sua experiência e explicou as particularidades do sistema de ensino alemão. Veja a seguir:

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Diplomas aceitos e pré-requisitos

Luiza explica que, para candidatar-se a uma universidade alemã, é preciso ter um diploma de ensino médio ou equivalente reconhecido. Entre as possibilidades estão:

  • Abitur ou outros diplomas da União Europeia
    O Abitur é o diploma de conclusão do ensino médio alemão, considerado o padrão para ingresso direto nas universidades. Quem tem esse certificado ou qualquer diploma equivalente da União Europeia (como o Baccalauréat francês ou a Matura austríaca) pode se candidatar normalmente. A única exigência adicional é comprovar o nível de alemão, já que a maioria das graduações é ministrada nesse idioma.
  • International Baccalaureate (IB)
    O IB é um diploma internacional de ensino médio, reconhecido mundialmente. Estudantes que concluem o programa têm acesso direto às universidades alemãs, sem necessidade de curso preparatório. Nesse caso, também é preciso apresentar certificado de proficiência em alemão ou inglês, dependendo do curso escolhido.
  • Um ano de faculdade no Brasil
    Quem terminou apenas o ensino médio brasileiro não tem acesso direto às universidades alemãs. Porém, se o estudante já tiver concluído pelo menos um ano de ensino superior no Brasil (em uma instituição reconhecida pelo MEC), pode se candidatar diretamente a uma vaga na Alemanha, sem precisar passar pelo Studienkolleg. É como se esse primeiro ano de graduação funcionasse como ponte entre os dois sistemas educacionais.
  • Studienkolleg
    Se o candidato possui somente o ensino médio brasileiro, precisará obrigatoriamente cursar o Studienkolleg, um curso preparatório que dura entre 6 e 12 meses. Ele nivela os conhecimentos exigidos pelo ensino médio alemão, sobretudo em matemática e ciências, preparando o estudante para o exame final (Feststellungsprüfung), que equivale ao Abitur. Só após essa etapa é possível ingressar em uma universidade.

Studienkolleg: o caminho mais comum para brasileiros

Para quem concluiu o ensino médio no Brasil, o Studienkolleg é o caminho natural. O curso preparatório, com duração de 6 a 12 meses, ajusta diferenças entre os currículos brasileiro e alemão. Luiza dá um exemplo: “No Brasil, o ensino médio em matemática costuma enfatizar matrizes, equações, geometria e trigonometria. Já na Alemanha, os alunos entram em contato ainda nessa etapa com conceitos como derivadas e integrais, que no Brasil só aparecem no ciclo básico da engenharia”.

O Studienkolleg é dividido por áreas e termina com um exame que equivale ao Abitur, válido por toda a vida acadêmica. A admissão no curso exige comprovação de alemão e aprovação em uma prova de entrada, mais parecida com o Enem do que com o SAT americano. Cada universidade pode oferecer sua própria versão, sempre destinada a estudantes de fora da União Europeia.

Escolha do curso e preparo linguístico

A Alemanha tem tradição consolidada em engenharia, mas também oferece destaque em outros campos. Já para carreiras que exigem credenciamento no Brasil, como direito e medicina, a formação pode não ser automaticamente reconhecida, o que exige cautela de quem pretende voltar ao país para exercer a profissão.

O idioma é outro fator central. A maioria dos cursos de graduação é ministrada em alemão, e o nível mínimo exigido para ingresso costuma ser o B2, comprovado por certificados oficiais ou exames como o TestDaF. Mais do que a fluência cotidiana, o estudante precisa dominar os termos técnicos da área escolhida.

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Embora haja disciplinas em inglês, principalmente em programas de mestrado, o alemão segue fundamental para a vida acadêmica, social e profissional no país: “Acredito que seja um erro vir para a Alemanha sem falar alemão. Muitos estudantes acreditam que poderão se virar apenas com o inglês, especialmente em programas de mestrado. Mas dominar o alemão faz toda a diferença, tanto no cotidiano quanto na vida profissional. É a língua que permite construir vínculos, desenvolver projetos e realmente criar raízes no país”, afirma Luiza.

Processo de aplicação e prazos

“O calendário de inscrições na Alemanha é bem diferente do dos Estados Unidos. Lá, o processo exige preparação com até um ano de antecedência, com documentos enviados cerca de dez meses antes. Já na Alemanha, os prazos são mais curtos e variam de universidade para universidade, o que exige atenção, mas não tanta antecedência“, diz Luiza.

O processo de candidatura varia conforme a instituição e o curso escolhido, podendo incluir cartas de recomendação e outros documentos. Diferentemente do modelo americano, em que os preparativos começam com grande antecedência, na Alemanha o calendário é mais enxuto. Para o semestre de inverno, que começa em outubro, as inscrições geralmente abrem entre abril e junho.

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