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2 coisas que aprendi ao representar o Brasil em uma conferência da ONU

Colunista do Estudar Fora - 05/01/2017
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Em 2015, uma agenda mundial foi adotada na Cúpula das Nações – os 17 ‘Global Goals’, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, propostos pela ONU. São 169 metas a serem atingidas pelos países até 2030. Em razão desse compromisso, no ano passado a Índia sediou a World Youth Conference, uma conferência que reuniu jovens representantes de todo o mundo para discutir como esses objetivos estavam sendo aplicados em seus países de origem, além de expor diferentes iniciativas em busca de um planeta mais sustentável. E, junto de mais 2 brasileiros, fui selecionado para representar o Brasil nessa conferência da ONU.

Em 13 de Novembro de 2016, adentro o Vigyan Bhawan, tradicional centro de eventos em Nova Déli, na Índia, subo no palco, observo rapidamente a diversidade tremenda de jovens de 90 países a minha frente, respiro fundo e começo meu discurso: “According to INEP, our National Institute of Educational Researches, Brazil has more than 7 millions youngsters enrolled in public High Schools nationwide…“. Participar deste evento foi uma experiência incrível, com a qual pude aprender muito. Resumindo, vou compartilhar com vocês dois destes aprendizados:

#1 Não, não é necessário “reinventar a roda”

Muitas pessoas acreditam que para realmente fazer a diferença é necessário ter uma ideia genial e totalmente disruptiva. No entanto, pude perceber que a grande maioria dos jovens líderes que conseguiram resultados extraordinários em seus países não necessariamente tiveram uma ideia original, mas com toda certeza estavam trabalhando aplicando em outros contextos conhecimentos e experiências que já existiam. De forma mais concreta: um jovem de Bangladesh, por exemplo, organizava construções de bibliotecas em diferentes vilas agrícolas; outro grupo da Alemanha desenvolvia seminários de reciclagem e eventos gigantescos de troca de bens de consumo; um time do Líbano preparava jovens universitários recém-formados para oportunidades de emprego. São ideias relativamente simples e já exploradas que, postas em prática, geram resultados gigantescos. Nesse sentido, o maior exemplo que os jovens deram na conferência da ONU foi o da necessidade de ação – mais que sermos geniais, para impactarmos populações, precisamos ser pragmáticos e executar.

#2 Cuidado com o “multitasking excessivo”

Hoje, com acesso fácil a um turbilhão de informações e oportunidades, é muito comum se perder nesse meio e acabar se envolvendo com muitas atividades. Não é raro encontrar jovens que façam faculdade em período integral, desenvolvam uma atividade voluntária, pesquisas científicas e mais um trocento de coisas. Embora esse cenário seja interessante, por permitir a um indivíduo vivenciar diferentes experiências construtivas, ele pode ser prejudicial por uma razão bem específica: foco. Cada um dos líderes jovens que apresentaram seu impacto em seu país de origem detinham um objetivo claro e detalhado, no qual investiam a maior parte do seu tempo e energia. Sob essa perspectiva, talvez mais valha dedicar muito tempo e energia a um único projeto e obter resultados extraordinários com isso, a dividir seu foco em diferentes projetos e não conseguir dar o seu melhor em cada um deles.

E no fim, a sensação que predomina ao sair do Vigyan Bhawan é: a empolgação por um planeta mais justo e sustentável; a inspiração em continuar trabalhando em prol de um país verde-amarelo mais desenvolvido; e a urgência de se engajar ainda mais jovens em discussões e ações em vista de educação de qualidade, igualdade de gênero, erradicação da pobreza e todos os outros Objetivos Globais.

 

Sobre Vinícius

Nascido em Cuiabá (MT) e criado em Porto Velho (RO), em uma família com poucos recursos financeiros, Vinicius obteve seu certificado de proficiência em inglês aos 14 anos. Em seguida, conquistou uma bolsa integral em um colégio particular de São Paulo, para cursar o ensino médio. Deu resultado. Vinicius passou em 18 universidades brasileiras e três norte-americanas. Hoje, estuda medicina na USP e pesquisa sobre células-tronco no Hospital das Clínicas.

 

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