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Uso e abuso de tecnologias na educação canadense

Lecticia Maggi - 05/02/2016
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Por Matheus Sampaio, estudante de graduação na Universidade da Columbia Britânica

Após minha chegada na Universidade da Columbia Britânica (UBC), em Vancouver, fui tomado pelo uso de softwares de ensino e tecnologias em classe. Você pode pensar que isso não é algo surpreendente já que estamos em 2016, mas deixa eu compartilhar um pouco das coisas que mais me surpreenderam aqui.

Como exemplo principal vou usar a aula mais inovadora que eu tive, chamada de Commerce 101, uma introdução aos negócios. Essa aula era em um grande e belíssimo auditório onde, entre cada duas cadeiras, havia um microfone e um botão. Ao apertar o botão, o microfone começava a funcionar e uma câmera fixada acima da lousa focava em você. Sua imagem era exibida em uma das três grandes telas, o que permitia que toda sala te visualizasse e ouvisse quando você respondesse a algumas das questões apresentadas pelos professores. Além disso, a câmera permitia à universidade gravar as aulas e apresentá-las ou vendê-las no futuro.

Nessa mesma aula e em muitas outras também eram usados:

iClickers – São controles remotos que permitem aos estudantes responderem em tempo real a questões de múltipla escolha feita pelos professores. Desse modo, logo após uma matéria, os professores podem testar os conhecimentos dos alunos e, assim, determinar se aquele conteúdo foi ensinado propriamente. Os estudantes também se auto-avaliam para saber se devem estudar com mais intensidade. Para completar, esse controle remoto também determina quem foi ou não à aula, substituindo a tradicional “chamada”.

Twitter dentro de sala – outro método para avaliar e armazenar respostas durante a aula era o PulsePress, o nosso “Twitter”. Os professores lançavam perguntas e nós tinhamos que escrever as respostas no programa, que fica na plataforma estudantil da UBC. O texto era exibido em uma das telonas.

Testes antes das aulas – um dia antes de cada aula, os alunos eram requeridos a completar as “pre-readings”, isto é, demonstrar por meio de um mini teste que haviam lido os textos que seriam utilizados em sala de aula.

Blogs – para demonstrar e desenvolver conhecimentos em business, os alunos eram scolicitados a criar um blog e escrever um post crítico por semana sobre notícias recentes na mídia. O blog desenvolvia, assim, o pensamento crítico do aluno, além de treinar as matérias dadas e desenvolver o hábito de ler jornais diariamente.

Elmo Projetor– uma das coisas mais legais (e simples também) são esses projetores que têm em quase todas as salas de aula. Eles filmam tudo o que o professor escreve em um papel e projetam nas telas. A maioria dos professores não utiliza mais os quadros e ainda escaneia todas as folhas em que eles das aulas e enviam pros alunos.

Tarefas digitais – a plataforma da universidade permite que nós façamos todas as nossas taferas digitalmente. Essas tarefas são geralmente únicas para cada pessoa (o sistema sorteia questões diferentes para os alunos para evitar trapaças) e geralmente permitem que você veja seus erros instantaneamente após submetido o trabalho.

Eu adoro quase todas essas técnicas de ensino (exceto o blog que, confesso, acho chato!). Foi uma surpresa para mim encontrar tudo isso aqui. Mas a surpresa não foi porque as tecnologias são super avançadas, mas sim pelo fato de que todas são até simples e as escolas brasileiras não as utilizam. Estudar aqui só mostra como as nossas universidades e escolas têm muito a avançar.

matheus2 copySobre o autor

Matheus Sampaio é estudante de graduação em negócios na Universidade da Columbia Britânica, em Vancouver, no Canadá. Vindo de uma família de empreendedores, cultivou a paixão por negócios e pelos números. Estudou em escolas públicas e quer aprender no exterior ferramentas que possam ajudá-lo a melhorar o Brasil.

 

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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