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Pandemia leva a recorde de candidaturas em instituições dos EUA, que ficam ainda mais seletivas

Marcela Marcos - 21/04/2022
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O Estudar Fora mostrou em abril de 2021 que, com as mudanças trazidas pela pandemia de coronavírus para application de instituições fora do país, os processos de admissão, em alguns casos, ficaram mais simples no período mais crítico do isolamento social, o que gerou um aumento expressivo nas quantidades de candidaturas. Um ano depois, o cenário se aprofundou, houve um boom de inscrições, e as universidades que já tinham perfil bem seletivo ficaram ainda mais. Na contramão, outras faculdades ainda tentam preencher suas turmas.

Ivy League: candidaturas disparam no período acadêmico

No caso das universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos, as taxas de admissão aumentaram conforme o aumento de inscrições. No último dia 31 de março, quando muitas das faculdades alta mente competitivas divulgaram o resultado de seus processos seletivos, foi possível notar que a disparada de aceites acompanhou o crescimento da procura.

A Universidade de Harvard admitiu 1.954 alunos, de 61.220 candidatos (uma taxa de aceite de 3,19%, que foi 7% maior em relação ao ano passado). A instituição já é conhecida por manter o índice de admissão inferior a 10%, mas a pandemia levou a milhares de novas inscrições, o que, proporcionalmente, fez o número de aprovados subir. Para quem conseguiu uma vaga, os custos (com mensalidade, hospedagem e alimentação, entre outros) passaram a ser gratuitos para famílias com renda anual inferior a 75 mil dólares (10 mil dólares a mais que no período anterior).

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Explorando melhor os números deste ano em Harvard, os estudantes brancos representaram 40% do total de admitidos; os negros, 15,5% e os asiático-americanos, 27,8%. Já os latinos ficaram om o percentual de 12,6%. As mulheres foram mais da metade (54,2%) dos aceitos.

Ainda em relação à Ivy League, a Universidade de Yale admitiu 2.234 candidatos em meio aos 50.015 que se inscreveram (uma taxa de 4,47% de aceite). Assim como Harvard, o aumento em relação ao período anterior de inscrições foi de 7%, o que também representou um recorde.

A Brown University aceitou 2.546 alunos, entre 50.649, um aumento de 9 % em relação à turma do ano passado, que até então era seu maior percentual. Já o Dartmouth College recebeu 21 inscrições a menos (28.336 no total) frente ao período anterior, enquanto a taxa de admissão ficou em 6,2%. Na Universidade da Pensilvânia, as candidaturas em geral também foram menores (55 mil neste ano, ante 56 mil no anterior).

Fora da Ivy League também houve recorde de application

Faculdades fora do famoso conjunto de 8 instituições dos EUA também tiveram uma procura acelerada. Mais de 84 mil estudantes se inscreveram na Universidade de Michigan, um aumento de 6% em relação ao ano passado. Um dos maiores aumentos (13%) foi de alunos estrangeiros. As inscrições entre grupos raciais e étnicos historicamente sub-representados também aumentaram: foram 7% mais candidatos negros e 5% mais latinos, mesmo sem uma política de ações afirmativas por parte de Michigan.

A Universidade da Virgínia também teve um recorde de pretensos alunos: 50.962, acima do total de 48.011 do ano passado. Na Universidade de Pittsburgh, as candidaturas aumentaram 62 %, o que inclusive levou a instituição a pedir paciência com a análise mais demorada dos documentos enviados pelos interessados, justamente pelo alto número de inscritos.

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O boom de applications também se estendeu à New York University (5% a mais em relação ao ano anterior), que ficou ainda mais competitiva, já que, no caso da NYU, o percentual de admissão (12,2%) foi considerado uma baixa recorde. A escola de enfermagem, por exemplo, aceitou apenas 3% dos candidatos inscritos. E nem mesmo as instituições menores escaparam da explosão de candidaturas. A Colgate University, por exemplo, teve 20,6% a mais de interessados que dois anos atrás. 

Procura maior também em colleges está ligada à qualidade do ensino

Não é difícil supor que as inscrições mais numerosas ocorrem nas instituições em que os programas em questão oferecem uma boa base de estudos. No caso do colleges, mesmo no primeiro ano da pandemia oficialmente, em 2020, 8 das 10 universidades com mais candidatos para o outono figuraram entre as 40 melhores instituições nacionais de ensino superior desse tipo, no mais recente ranking do U.S. News Best Colleges. A lista mapeia escolas orientadas para a pesquisa e capazes de oferecer uma gama diversificada de cursos de bacharelado, mestrado e doutorado. A classificação foi liderada pela University of California – Los Angeles, seguida por San Diego, Irvine, Santa Barbara e Berkeley. Depois, vêm NYU, Davis, Pennysilvania State University – University Park, California State University – Long Beach e University of Michigan – Ann Arbor.

Apesar dos recordes, grande parte das universidades dos EUA ainda tenta atrair alunos

No cenário em que as instituições de ensino superior de maior prestígio nos Estados Unidos recebem cada vez mais estudantes interessados, a lista de rejeição – ou de espera – também acaba crescendo, o que contribui para uma sensação de descontentamento maior em quem tentou entrar mais recentemente e não conseguiu. O boom de applications nas top universities gera, ainda, outra situação complicada, em que muitas faculdades públicas e privadas regionais (menos voltadas à internacionalização) têm lutado para preencher suas turmas, inclusive com medidas como isenção de taxas de inscrição, justamente tendo como objetivo engordar a lista de interessados.

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Sobre o escritor

Marcela Marcos
Marcela Marcos
Marcela Marcos é jornalista e cursa mestrado na linha de Comunicação do programa de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do ABC. Foi colaboradora do portal Estudar Fora em 2018.

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