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Reabertura das universidades: quais fatores devem ser levados em conta?

Gustavo Sumares - 16/10/2020
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Em junho de 2020, falamos sobre os planos das universidades estrangeiras para o segundo semestre do ano. Por causa da pandemia da COVID-19, as instituições de ensino superior tinham suspendido suas aulas presenciais, e ainda se discutia como continuariam suas atividades até o fim do ano. E mesmo agora, com a pandemia ainda acontecendo, a solução sobre a reabertura das universidades ainda não está dada — mas já temos uma ideia mais clara do que deve ser levado em conta pelas escolas.

De acordo com um artigo do Times Higher Education (THE), as decisões sobre a reabertura das universidades necessariamente envolverão uma série de “trade-offs” — trocas envolvendo alguns ganhos e algumas perdas. A decisão sobre quais fatores devem ser privilegiados em cada uma dessas trocas dependerá da situação específica e dos valores que regem o funcionamento de cada instituição.

Reabertura das universidades: quais fatores levar em conta

Questão da saúde

Naturalmente, um dos pontos mais importantes a ser levado em consideração é a saúde dos estudantes, professores e funcionários das universidades. Na pandemia, retomar aulas presenciais pode representar um risco de morte para uma parcela dessas pessoas. E mesmo para aqueles que não forem afetados gravemente pela doença, ainda não está claro quais são as sequelas que ela pode deixar.

Diante desta ameaça, manter as aulas online pode parecer a decisão óbvia. Por outro lado, o site argumenta que a vida em quarentena representa, ela própria, alguns riscos para a saúde, tanto mental quanto física.

Ao mesmo tempo, trazer alunos de volta para os campi de maneira segura envolverá uma quantidade muito grande de testes. E isso também pode representar um desafio às escolas. “Se as universidades, coletivamente, não conseguirem testes suficientes, e por isso não conseguirem controlar a disseminação do vírus no campus (ou nos alojamentos estudantis), então talvez a situação chegasse ao ponto em que o governo deveria ordernar seu fechamento?”, questiona a THE.

Questão da Educação

Para uma universidade, a qualidade do ensino é uma preocupação fundamental. E de acordo com a Times Higher Education, já ficou claro que é muito difícil oferecer aos alunos, no meio virtual, uma experiência de aprendizado comparável à do campus.

Apesar dessa dificuldade, também já é possível perceber que a universidade responde melhor à transição para o ensino a distância do que o ensino fundamental ou infantil, por exemplo. Mesmo assim, há sempre a questão da saúde que precisa ser considerada ao avaliar quanto das aulas pode ser ministrado online.

“O debate sobre quanto contato face-a-face é razoável ou mesmo necessário no ensino superior ainda está vivo”, argumenta a publicação. É provável que a decisão deva ser feita dependendo dos recursos e necessidades de cada universidade, e em alguns casos até mesmo de cada curso dentro da universidade.

Questão social

Mas ainda que as aulas das universidades se adaptam melhor ao ambiente virtual que as do ensino infantil, isso não é tudo. A experiência do ensino superior é composta também por um fator social que acaba se perdendo (ou pelo menos se alterando significativamente) com essa adaptação.

É comum que na universidade se formem contatos sociais que podem dar origem, nos anos seguintes, a importantes colaborações acadêmicas ou profissionais. Esse tipo de socialização essencial para o networking não acontece da mesma forma quando o ensino é feito a distância — ainda que os estudantes encontrem às vezes soluções criativas para promover mais socialização.

Ao ponderar sobre uma eventual manutenção do ensino a distância, as universidades também devem considerar atitudes que possam compensar essa diferença. Afinal, parte do sucesso de seus alumni depende das conexões que eles criam entre si.

Questões econômicas

Um ponto sobre o qual a THE fala pouco é a questão econômica que as universidades podem ter que enfrentar com seu fechamento. As instituições dos EUA e Reino Unido, em particular, têm anuidades bem elevadas, e podem enfrentar pressão para reduzí-las uma vez que o ensino a distância é uma experiência bem diferente.

Estudantes do MBA de Stanford, por exemplo, já solicitaram uma redução nas suas anuidades por causa da pandemia. Mesmo argumentando que a universidade tem um fundo de quase 28 blhões de dólares, não tiveram uma resposta positiva.

Além disso, a pandemia também dificultou em muito o acesso de estudantes estrangeiros a universidades dos EUA e Reino Unido. E para elas, isso é um problema, já as anuidades que esses estudantes pagam respondem por uma parte importante de suas receitas. Sem eles, as universidades podem se ver em apuros financeiros — e por causa disso, é possível que elas tentem compensar essa falta tornando-se mais atrativa para alunos internacionais em 2021.

 

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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