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O que aprendi ao estudar na China e na França e trabalhar na Espanha

Lecticia Maggi - 29/12/2015
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Por Mário Braga

Nádia Leão sempre quis fazer intercâmbio. Acreditava que, assim, teria um diferencial no currículo, além de, é claro, uma experiência de vida inesquecível. E ela estava certa. “O intercâmbio te molda em termos de caráter, de resiliência, de autoconfiança. Aconselho todo mundo a sair da zona de conforto, colocar uma mala nas costas e ter uma experiências dessas”, diz.

Com os chineses, aprendi a respeitar o trabalho duro, a persistência e a disciplina

10 histórias para te inspirar a estudar fora

No seu primeiro programa de intercâmbio, sem nunca ter saído do Brasil, Nádia encarou logo o período de um mês na China. Aos 20 anos, ela participou do primeiro programa formal entre universidades chinesas e brasileiras, em 2009. “Em 24 horas eu estava do outro lado do mundo e tive contato com a cultura, o mindset chinês e com os valores que eles têm em relação ao trabalho”, recorda. Para ela, o programa, com foco em sustentabilidade, foi especialmente impactante por ter ocorrido apenas um ano após a realização das Olimpíadas de Pequim. Assim, foi possível aprender como o governo e as instituições investiram para sediar os jogos e como isso transformou a vida das pessoas.

Assim que voltou para o Brasil, Nádia teve apenas uma semana antes de embarcar para sua segunda experiência: uma bolsa do governo federal para cursar graduação sanduíche em Reims, no interior da França. Ela se lembra que o curso, com duração de um ano, era bastante desafiador. “O sistema de ensino é muito rigoroso e diferente do nosso. Você tem que estudar muito mais e as provas são semestrais”, conta. Entre as principais diferenças, Nádia cita a flexibilidade do currículo, mas alerta para a elevada carga horária de aulas e para atividades extras obrigatórias, como cursos de idiomas.

Mas, como nos grandes desafios sempre surgem boas oportunidades, foi neste programa na França que ela conseguiu duas oportunidades de estágio. No primeiro deles, a brasileira aplicou para um programa na Espanha. “Fui para a Universidade Complutense de Madrid ser voluntária em um laboratório para redução do uso de sódio em alimentos embutidos”. Além do conhecimento prático, ela destaca que a convivência por um mês inteiro com os espanhóis a fez aprender o idioma “de verdade” e dar adeus de vez ao “portunhol”.

Na Espanha, vi que existem ‘formas de funcionar’ que são diferentes e elas podem ser eficientes de uma maneira que eu não imaginava

Na volta à França, a goiana foi selecionada para um programa na Danone France. Para participar, Nádia se mudou para Paris, onde morou por sete meses. “Foi ali que minha vida de engenheira de alimentos começou a mudar um pouco e passei a ter experiência na área de marketing, de inteligência de mercado”, conta. Hoje, Nádia trabalha na área comercial do Google e esses conhecimentos foram fundamentais para que ela descobrisse seus interesses e desenvolvesse as habilidades necessárias para dar uma guinada na carreira.

Aprendizado – Olhando para trás, a engenheira reconhece que cada um dos intercâmbios agregou experiências diferentes. “Com os chineses, aprendi a respeitar o trabalho duro, a persistência e a disciplina”, revela. Do período na França, Nádia cita a possibilidade de conhecer mais de perto a cultura europeia, ir a óperas e a museus, além de viver um estado de bem estar social garantido pelo Estado. “Lá, o governo proporciona saúde, educação, segurança”, relata. Ao voltar para o Brasil, ela manteve a esperança de que é possível, sim, construir um mundo melhor e com justiça social. Com os espanhóis, aprendeu a respeitar e apreciar outras formas de trabalho. “Na Espanha, vi que existem ‘formas de funcionar’ que são diferentes e elas podem ser eficientes de uma maneira que eu não imaginava”, reconhece.

Para a jovem, os intercâmbios moldaram seu caráter e expandiram seu campo de visão para situações e conceitos que antes ela não percebia. E para quem quer estudar fora, Nádia aconselha entender bem os pré­-requisitos do processo seletivo e conversar bastante com quem já participou ou viveu no país de destino.

*Na foto, Universidade Complutense de Madrid, onde Nádia fez estágio 

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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