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Minha escola é ‘ruim’, e agora?! Um guia de como driblar a falta de oportunidades

Por Antônio Paulo de Paiva Almeida

Dezenas de clubes.
Advanced Placement (AP).
Comunidades olímpicas.
Currículo IB.
Ensino bilíngue.
Simulações da ONU (MUN).
Oportunidades de pesquisa.
A lista continua…

É comum entrar nas redes sociais de brasileiros que estudam fora, descobrir a escola onde estudaram, visitar o perfil da instituição e se deparar com essas características. Seria esse o padrão das escolas públicas brasileiras? Um gringo poderia se perguntar.

Nós, brasileiros, sabemos que não. Na verdade, esse é o padrão de uma minoria que teve o “privilégio” de não precisar delas.

Por quê? Porque o perfil da maioria das escolas públicas brasileiras é outro. Não há clubes, comunidades olímpicas ou oportunidades de pesquisa. Ensino bilíngue? No máximo, o verb to be. APs, IB e MUNs? Nunca ouviram falar. E provavelmente você não vai encontrar nem uma conta no Instagram para poder stalkear.

E qual é o problema disso? Nenhum, diria um aluno que quer prestar o ENEM ou outros vestibulares nacionais. Aliás, nada disso que eu citei é exigido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) ou pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Então, para quem isso é um problema?

Talvez para você — que faz parte dos 0,001% dos estudantes brasileiros que descobriram que é possível estudar nos EUA com bolsas integrais.

Se você faz parte desse seleto grupo, é bem provável que já saiba o quanto essas oportunidades são valorizadas no processo de candidatura para universidades americanas. Não sabia? Que bom que agora sabe!

Essa desigualdade de acesso a oportunidades acadêmicas preocupa muitos aplicantes brasileiros — e já foi, por muito tempo, um dos principais motivos de desistência. Já foi, porque não precisa mais ser! Hoje, você vai aprender como superar essa realidade.

Antes de tudo, uma observação importante:

O objetivo deste texto não é romantizar os problemas da educação brasileira ou te incentivar a se conformar com eles. Surgiu uma oportunidade melhor de ensino? Conquistou uma bolsa em uma escola referenciada? Agarre essa chance com força.

Eu tive um ensino precário no fundamental e não pensei duas vezes quando passei para cursar o ensino médio em um Instituto Federal. Por isso, recomendo (caso seja viável) que você busque bolsas em escolas particulares ou internacionais, participe dos processos seletivos de Colégios Militares, Pedro II, IFs, ETECs, CEFETs… E uma última dica de ouro: pesquise sobre as bolsas do Instituto Ismart!

Dito isso, vamos ao guia:

  1. Use o seu contexto com (e como) estratégia!

Você já entendeu a importância das oportunidades e do contexto acadêmico — mas talvez ainda não saiba como eles são avaliados por muitas universidades americanas.

Sua candidatura não será analisada em “linha reta”, mas sim por delta — ou seja, considerando o ponto de partida até onde você chegou. Isso significa que explicar os desafios que você enfrentou e como os superou é essencial, especialmente se você vem de um contexto desprivilegiado.

Mas atenção: o intuito não é se vitimizar, ok? A ideia é mostrar como você se desenvolveu apesar dos obstáculos — e não por causa deles.

Use as partes do seu application de forma estratégica para apresentar seu contexto educacional, regional ou social. Algumas formas de fazer isso:

  • School Profile bem detalhado.
  • Personal Statement sobre como seu background te moldou.
  • Supplemental Essays de community, diversity ou challenge.
  • Carta de recomendação do counselor.
  • Seção de Additional Information ou Challenges and Circumstances do Common App.
  • Entrevistas.
  • Entre outras.

Você não precisa usar todas, só as que mais fizerem sentido para a sua narrativa. E lembre-se: seu background pode ser parte da tese da sua candidatura, mas não o desfecho dela. Todo problema apresentado precisa vir acompanhado de como você lidou com ele, senão pode soar como uma red flag — e isso definitivamente não é o que queremos!

  1. Crie suas próprias oportunidades!

Se existem clubes, comunidades olímpicas e outros projetos em uma escola, é porque alguém teve a iniciativa de criá-los. Se não existem, talvez seja a chance perfeita — e desafiadora — de ser você a criá-los.

Sem dúvidas, liderança é uma das qualidades mais valorizadas pelas universidades americanas. E entre os tipos de atividades extracurriculares mais bem avaliadas estão os passion projects. Se você tem uma ideia de clube, projeto ou iniciativa em mente, talvez essa seja a hora de colocá-la em prática — e receber o mérito por ser a primeira pessoa a fazer isso na sua escola ou comunidade.

Mas se você não quer criar nada agora e prefere participar, tudo bem também! Inscreva-se em projetos, summers, comunidades e eventos externos à sua escola. Há um oceano de opções online — e, com sorte, até algumas presenciais próximas de você.
Dica de ouro: acesse o site Access+ e me agradeça depois.

  1. Construa uma boa base acadêmica

Embora o processo de application seja holístico, as notas ainda importam — e muito!

Mantenha um bom desempenho na escola. Se a sua instituição não for tão exigente, aproveite isso a seu favor para ter um histórico acadêmico impecável e se manter no topo da turma.

Além disso, infelizmente, a maioria das universidades só vai validar esse desempenho se ele vier acompanhado de bons scores no SAT/ACT e no TOEFL/DET. Essa é uma das grandes desvantagens de ser estudante internacional, especialmente se você não tiver APs ou currículo IB.

Portanto: estude muito para os testes padronizados!

E se quiser fortalecer seu currículo acadêmico mesmo sem ter APs, uma alternativa poderosa são os certificados do Schoolhouse. Eles funcionam de forma parecida com os APs, podem ser feitos online e são aceitos por universidades como MIT, Yale, Brown, Columbia, Caltech, Dartmouth, Duke, Northwestern, entre outras.

  1. Conecte-se com o mundo fora da sua escola!

É raro encontrar, por perto, outras pessoas que também sonham em estudar fora. Mas isso não significa que você deva trilhar esse caminho sozinho.

É fundamental mergulhar na comunidade do application. Siga perfis sobre estudar fora nas redes sociais, entre em grupos de WhatsApp, Telegram ou Discord, crie uma conta no LinkedIn. LinkedIn? Tão cedo assim? Sim! Lá você pode conhecer e se conectar com milhares de pessoas que têm o mesmo objetivo que você — ou que já chegaram lá. Além disso, é um ótimo espaço para descobrir oportunidades e ser visto.

  1. Inscreva-se no Prep Program!

O Prep Program, da Fundação Estudar, é uma iniciativa que oferece mentoria individualizada, suporte acadêmico (inclusive para os testes padronizados) e ajuda financeira para brasileiros que querem fazer graduação no exterior.
E o melhor: é 100% gratuito.

As inscrições abrem todos os anos. Como atual participante, eu sou suspeito de falar… mas o Prep é um divisor de águas na vida de quem sonha em estudar fora. E não sou só eu quem pensa isso — centenas de alunos do Prep conquistam, todos os anos, milhões em bolsas em universidades como Harvard, MIT, Stanford, Columbia, Yale, Northwestern…

Se eu fosse você, me inscreveria!

Ah! E além do Prep, existem outras mentorias e bolsas gratuitas para quem quer estudar fora:

  • Brasa Pré-Fundamentos (para quem está no 2º ano do ensino médio) 
  • Brasa Pré-América e Pré-Europa 
  • Oportunidades Acadêmicas da EducationUSA 
  • Lidera Nordeste Abroad 
  • Bolsa Crimson  
  • Bolsa Daqui Pra Fora 
  • LALA – University Placement 
  • E tantas outras! 

No fim das contas, estudar em uma escola “ruim” não te desqualifica — te desafia. E, às vezes, é exatamente esse desafio que molda os candidatos mais fortes, resilientes e criativos. O application não mede apenas o que você teve, mas o que você fez com o que teve. E isso está nas suas mãos. Com estratégia, esforço e autenticidade, é possível transformar a escassez em força, a limitação em diferencial e o improvável em conquista.

Se o seu ponto de partida não foi o ideal, que seja, então, o início de uma história poderosa. Vai com tudo. Você não está sozinho.


 

Antônio Paulo é formado pelo Instituto Federal da Paraíba e é natural do Rio Grande do Norte, onde também reside. Sua curiosidade, liderança e proatividade o levaram a conquistar prêmios nacionais e internacionais com pesquisas científicas, além de atuar em projetos de impacto socioambiental e criar soluções educacionais. Apaixonado por desenvolvimento econômico e políticas públicas, está atualmente em processo de application para cursar Economia nos Estados Unidos com o apoio do Prep Program.

 


A coluna acima foi escrita por Antônio Paulo de Paiva Almeida, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais e faça sua inscrição aqui.

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