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Já pensou em fazer uma pós em Educação na Finlândia?

Cecilia Araujo - 21/11/2013
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Natural de São Luís do Maranhão, Fabiana Terra graduou-se em Turismo na Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou alguns anos no setor, até que considerou necessário aprimorar o inglês. Decidiu, então, morar por um tempo na Inglaterra, onde passou dois anos estudando o idioma em Londres. Ao voltar, já tinha perdido o interesse na antiga carreira de Turismo e começou a dar aulas de inglês – com o incentivo dos amigos que diziam que ela falava muito bem a língua. “Eu mesma não achava que fosse gostar, mas resolvi tentar. Acabou dando certo, e fui professora de inglês por três anos e meio”, conta. Cada vez mais interessada em Educação, porém, viu que precisaria de capacitação acadêmica para trilhar uma trajetória de crescimento na área. “Já tinha a experiência prática, mas ainda precisava de uma experiência acadêmica”, explica Fabiana. Ela chegou a procurar mestrados em São Paulo, mas, por coincidência, recebeu um e-mail de divulgação de cursos na Finlândia. Nele, havia o descritivo de um programa que tinha muito a ver com o que estava procurando: um mestrado acadêmico em Educação e Globalização, de dois anos de duração e lecionado em inglês. O curso seria na Univertisity of Oulu, localizada no norte do país. “Para mim foi decisivo o fato de o mestrado não ser pago. Para a minha sorte, o sistema educacional da Finlândia garante o ensino gratuito para seus cidadãos, e também para estrangeiros”, lembra. Com o apoio financeiro da sua família, conseguiria pagar os custos extras de acomodação, transporte e alimentação. Leia mais matérias do nosso Especial Educação A escola O processo seletivo da universidade finlandesa é bem parecido com o de outros países, pedindo currículo, histórico escolar, proficiência em inglês, carta de motivação, cartas de referência, entrevista e intenção de pesquisa. “A seleção é bastante holística e focada no indivíduo”, diz Fabiana. Segundo ela, alunos internacionais são muito bem-vindos na escola. No ano em que entrou, tinha apenas uma colega finlandesa na sua sala – todos os outros eram estrangeiros. “Foi muito enriquecedor conviver com pessoas de 20 nacionalidades diferentes, vindas de cinco continentes. A diversidade cultural é muito interessante para entender como outros países lidam com as questões educacionais.” A faixa etária dos alunos também variava. Alguns tinham acabado de sair da graduação, outros já estavam na casa dos 30, o que era o seu caso. “É possível aprender muito com colegas que frequentaram a graduação 10 anos depois de você, e vice-versa”, afirma. Os objetivos dos alunos eram semelhantes: trabalhar no governo, ONGs ou empresas privadas. “Tínhamos em comum a vontade de melhorar a educação do nosso país, encontrar alternativas para as soluções que já foram apresentadas até hoje.” Segundo Fabiana, embora o mestrado fosse mais teórico e analítico, a cultura de ensino era bastante aberta a discussões e trabalhos em grupo. “Era difícil ter uma aula em que o professor só falava e o aluno ouvia.” A cidade Exibir mapa ampliado Apesar de não falar a língua local, a comunicação não chegou a ser um problema para Fabiana. “O país investiu muito em educação nos últimos anos, e a maior parte dos mais jovens fala inglês. O governo também oferece um curso de ‘sobrevivência’ em finlandês essencial, em que a gente aprende a falar frases e expressões básicas”, conta. Ela destaca que, de longe, seu maior obstáculo era o frio. “Para o brasileiro, não é fácil se acostumar com o clima. Eu mesma já tinha morado na Inglaterra, mas nunca tinha pegado -35 graus. Não tem comparação!”, diz, lembrando que Oulu ainda fica ao norte de Helsinque, Estocolmo ou Oslo – capitais das vizinhas Finlândia, Suécia e Noruega, respectivamente. Porém, para Fabiana, o fato de essa ser uma experiência temporária tornou tudo menos problemático e mais interessante. “A cidade é fantástica, especialmente porque tem uma quantidade incrível de ciclovias. Você vai para qualquer canto de bicicleta. Além disso, os finlandeses têm uma cultura forte de comprar e vender coisas usadas – inclusive bicicletas! -, o que facilita muito a vida do estudante que vem de um país com moeda mais fraca do que o euro”, afirma. Segundo ela, a vivência entre finlandeses e estrangeiros e a adaptação a uma cultura tão distinta da sua foram tão importantes quanto o próprio conhecimento em educação que adquiriu enquanto esteve na Finlândia. Novas possibilidades Estudar na Univertisity of Oulu aumentou de forma definitiva o leque de possibilidades de carreira para Fabiana. Antes, sua única alternativa na área de Educação seria continuar sendo professora de inglês em uma escola de idiomas. Hoje, prestes a entregar sua tese e terminar o mestrado acadêmico, já pode trabalhar em áreas pedagógicas e até administrativas de diferentes instituições no Brasil. “Como a Finlândia tem parceria com o Brasil através do programa Ciência sem fronteiras e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), acredito que será mais fácil validar o diploma. A universidade recebe dezenas de estudantes brasileiros de graduação e pós a cada ano.” O maior interesse de Fabiana é trabalhar com a formação de professores. “O Brasil começou a atentar recentemente para a grande necessidade de investimento nessa área. Todo professor deveria se formar em um curso superior, o que não acontece hoje. Precisamos mudar esse cenário”, aponta. Ela também incentiva outras pessoas interessadas em trabalhar com algo parecido a se especializar no assunto. “Muitas vezes, os processos seletivos para estudar fora podem assustar, parecer um bicho de sete cabeças. Na verdade, são pequenos passos nada impossíveis para se chegar a um objetivo maior. Dá trabalho, mas os benefícios são imensos. Se não der certo uma vez, é simples: tente de novo!”, aconselha. _____________________________________________________________________ A Fundação Estudar e a Fundação Lemann prepararam três guias exclusivos e totalmente gratuitos para interessados em realizar um mestrado no exterior nas áreas de Educação, Saúde Pública ou Políticas Públicas. Clique no guia de sua preferência e receba o conteúdo em seu e-mail: educacao_vale estepp_vale estesaudepublica_valeeste  

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Sobre o escritor

Cecilia Araujo
Cecilia Araujo
Cecília Araújo é jornalista formada pela UFMG. Na Fundação Estudar, foi Coordenadora de Comunicação e Conteúdo, Gerente de Comunicação e Marketing e Co-Diretora. Atualmente, está à frente do projeto Pessoas pela Chapada, que retrata histórias de moradores da Chapada Diamantina.

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