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Aos 18, cientista brasileira apresentará pesquisa em Congresso Internacional

Nathalia Bustamante - 23/01/2017
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Todos os anos, jovens cientistas do mundo inteiro se reúnem em um evento internacional que visa promover a troca de experiências e integração entre ciência e educação. Itinerante, em 2017, a ICYS – ou Conferência Internacional de Jovens Cientistas – será realizada em abril na cidade de Stuttgart, na Alemanha. Seis jovens pesquisadores compõem a delegação brasileira, que também inclui dois líderes de delegação, participantes de edições anteriores.

Entre estes jovens está a gaúcha Gabriela Delela, de 18 anos, que teve sua pesquisa sobre agrotóxicos selecionada para participar do Congresso através de um evento da rede Cientista Beta. Junto de uma colega, Gabriela desenvolveu um método simples e barato de identificar a presença de agrotóxicos em alimentos e na água.

“A ideia do projeto surgiu da forma mais cotidiana possível: a mídia não parava de anunciar o aumento da utilização de agrotóxicos nas plantações e como isso era prejudicial à saúde humana. Então, comecei a me perguntar: será que os alimentos identificados como orgânicos são realmente orgânicos?”, explica. O processo desenvolvido pode ajudar na fiscalização em grande escala de alimentos como frutas e verduras, pois utiliza colorimetria para detectar a existência e a concentração de glifosfato – um agrotóxico cancerígeno que oferece diversos riscos à saúde.

O projeto será apresentado em Stuttgart em abril. E a jovem está empolgada: “Com a participação no ICYS, eu vejo mais portas se abrindo para mim”, vislumbra.

Envolvimento com Pesquisa

Ainda é pouco comum no Brasil que estudantes sejam incentivados a realizar pesquisa científica ainda durante o Ensino Médio. Algumas escolas promovem feiras ou têm projetos experimentais para despertar nos estudantes esta curiosidade e, mais do que isso, proporcionar a eles a oportunidade de colocar a mão na massa. Foi o caso de Gabriela que, estudante de uma escola técnica em Novo Hamburgo, RS, começou a realizar projetos científicos no primeiro ano do Ensino Médio.

Vale ressaltar que meu envolvimento com projetos de pesquisa, e todas as portas que ele me abriu, foi um aspecto importante para a aceitação

Ela gostou tanto que, no segundo ano, esta já era sua principal atividade extracurricular. “Adentrava horas na prática de laboratório e no computador de casa lendo artigos”, relembra ela. Além de desenvolver o raciocínio lógico e propiciar aprofundamento em conhecimentos científicos, a pesquisa também a ajudou a ser resiliente. “As dificuldades eram muitas – desde a falta de tempo para conciliar o projeto com as tarefas de escola até a escassez de artigos nacionais na área”, comenta ela. “Não existe pesquisa sem dificuldades”, completa.

Outro desafio superado foi o alto custo dos reagentes químicos necessários – fazendo com que ela e a colega Mariana Buttenbender tivessem de correr atrás de doações e de instituições cujos equipamentos pudessem ser emprestados.

O esforço valeu a pena: a partir de um evento do Cientistas Beta – programa de incentivo à Ciência Jovem – o projeto de Gabriela foi premiado e ela ganhou uma inscrição para a ICYS. “Acredito que o evento vá me proporcionar uma imersão cultural muito grande, por conectar jovens dos mais diversos lugares do mundo através da ciência”, afirma. A cientista tem convicção de que sairá da conferência com uma visão muito mais amadurecida do que é ciência e como ela pode ser aplicada.

Além da participação no evento, tanta dedicação também rendeu uma aprovação no concorrido processo de candidatura da Tufts University. Em agosto, Gabriela embarca para Massachusetts, onde pretende continuar pesquisando e pensa em estudar relações internacionais. “Vale ressaltar que meu envolvimento com projetos de pesquisa, e todas as portas que ele me abriu, foi um aspecto importante para a aceitação”, explica ela.

Cientistas Brasileiros no ICYS

Desde 2005, o Brasil participa da Conferência Internacional de Jovens Cientistas, já tendo conquistado diversas premiações por projetos apresentados. Em 2014 e 2015, porém, a delegação brasileira não participou por falta de patrocínio – todos os gastos de participação, incluindo passagens aéreas e acomodação, são de responsabilidade dos próprios participantes. Assim, para que em 2017 o destino não se repita, os próprios jovens estão correndo atrás de formas alternativas de arrecadação, como um crowdfunding e apoio de empresas. No site oficial da Delegação Brasileira e é possível conferir o resumo dos projetos selecionados, bem como saber mais sobre como apoiá-los.

 

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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