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Harvard propõe “reparos significativos” pela relação da universidade com a escravidão

Mariane Roccelo - 10/05/2022
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No final de abril, Harvard anunciou um investimento de US$ 100 milhões para estudos sobre a “responsabilidade moral” pelo papel da universidade durante os anos de escravidão nos Estados Unidos. De acordo com o relatório publicado, durante os séculos XVII e XVIII, mais de 70 pessoas foram escravizadas por professores, funcionários e líderes da instituição.

A iniciativa foi lançada em meio a um amplo debate no país sobre o envolvimentos de universidades centenárias dos Estados Unidos com a escravidão. Harvard acompanha as universidades de Brown, Princeton e Georgetown, que também lançaram programas parecidos. Em nota (disponível aqui), o presidente de da universidade, Lawrence S. Bacow, afirmou que “Harvard se beneficiou e, de certa forma, perpetuou práticas profundamente imorais”.

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Retratamento histórico

No cenário nacional norte-americano, o reconhecimento das consequências do racismo histórico e estrutural decorrende de séculos de economia escravocrata se intensificaram dentro e fora das universidades após o assassinato do afro-descendente George Floyd por policiais brancos em maio de 2020.

No relatório, a universidade exploca que “a ação é vital” para que Harcard possa assumir a responsabilidade pelo próprio passado e buscar “reparos significativos” para “remediar os persistentes danos educacionais e sociais que a escravidão humana causou aos descendentes, à comunidade do campus e às cidades vizinhas, à Commonwealth e à nação”.

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7 recomendações de ações para promover reparo sigificativo

O relatório destaca 7 recomendações de ações para levar o projeto para frente:

  • 1. Envolver e apoiar as comunidades descendentes aproveitando a excelência em educação de Harvard;
  • 2. Honrar os Escravizados por meio da Memorialização, Pesquisa, Currículos e Disseminação do Conhecimento;
  • 3. Desenvolver parcerias duradouras com faculdades e universidades negras;
  • 4. Identificar, envolver e apoiar descendentes diretos dos escravizados;
  • 5. Honrar, envolver e apoiar comunidades nativas;
  • 6. Estabelecer um Fundo Dotado de Legado de Escravidão para Apoiar os Esforços Reparativos da Universidade;
  • 7. Garantir a responsabilidade institucional “para liderar – durante uma fase de implementação desta Iniciativa Presidencial – a operacionalização das recomendações do Comitê e a coordenação da participação de todas as Escolas de Harvard nesses esforços”.

“Não podemos desmantelar o que não entendemos e não podemos entender a injustiça contemporânea que enfrentamos a menos que consideremos honestamente nossa história”, explicou o presidente. O relatório completo pode ser acessado neste link (disponível aqui).

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Sobre o escritor

Mariane Roccelo
Mariane Roccelo
Jornalista. Formada em Jornalismo e Comunicação Social pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Meios e Processos Audiovisuais (PPGMPA) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM), ambos da USP.

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