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Como manter a segurança digital em dia em tempos de serviços e estudos online

Mariane Roccelo - 17/05/2022
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Um dos legados que a pandemia deixou para o mundo foi a transferência de parte de nossas atividades do dia a dia para versões online. Seja na forma de aulas, palestras, reuniões, conversas, armazenamento e troca de documentos pessoais ou até para acessar um simples cardápio. A internet alcançou a intimidade dos usuários e por isso é importante ter controle do que ela faz com essa intimidade. Estudantes e pessoas no geral foram obrigados a aprender a usar uma série de serviços digitais no pós-pandemia – querendo eles ou não.

A presença dessa tecnologia na intimidade do dia a dia demanda um debate importante sobre segurança digital, que inclui tanto a prevenção de crimes cibernéticos quanto a proteção de dados pessoais. De acordo com um relatório da Surfshark, uma empresa holandesa de serviços de VPN (Virtual Private Network, ou “Rede Privada Virtual”), somente no último trimestre de 2021, 1 em cada 100 brasileiros tiveram dados pessoais vazados. Entre 2019 e 2020, o Brasil ficou em 6º lugar entre os países que tiveram mais ataques e tentativas de fraude online.

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Alguns desses ataques podem ser evitados apenas mudando hábitos e configurando celulares e computadores para melhorar a proteção digital. Na última semana, o caso do rapaz que denunciou as consequências financeiras após ter o celular furtado reacendeu o debate sobre segurança digital. Através da vulnerabilidade do celular e dos serviços digitais, os dados bancários do jovem foram fraudados e ele acabou com um prejuízo de R$ 143 mil reais reacendeu o debate sobre segurança digital:

A seguir, confira algumas orientações importantes que podem te proteger de grande parte dos crimes cibernéticos. Lembramos que infelizmente ainda não existe proteção digital 100% eficaz, entretanto com as orientações a seguir é possível precaver os tipos de crimes mais comuns.

1. Senhas importam, leve elas a sério

As senhas são a primeira etapa de proteção digital – e provavelmente uma das mais negligenciadas. De acordo com esse levantamento, as mais utilizadas no Brasil em 2021 foram, em ordem, as “123456” e “123456789”. No 3º lugar, ficou a também criativa “12345”.

Construir senhas estratégicas e que não utilizam números ou palavras óbvias, como datas de aniversários ou nomes de pessoas queridas, é essencial. Mesclar números e símbolos, além de letras maiúsculas intercaladas com minúsculas é a primeira orientação. Criar senhas longas com, no mínimo, 8 caracteres, é o ideal. Mas a dica principal é: tente criar senhas únicas para cada coisa e evite, ao máximo, utilizar a mesma senha para acessar coisas diferentes.

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Esse último item é importante porque, caso a senha de um serviço específico seja vazada, no máximo você perderá os dados somente daquele serviço. Uma parcela dos crimes digitais acontecem utilizando os dados obtidos ilegalmente em um único lugar e testando a senha em outros serviços.

Outras dicas importantes são: não memorize as senhas no seu navegador ou autorize o preenchimento automático.

Sistema de armazenamento de senhas e a checagem em duas etapas

Pessoas geralmente utilizam muitos serviços que exigem senhas e, caso crie uma para cada login, a quantidade de senhas criadas pode ser imensa. Dessa forma, é útil criar um sistema de códigos de fácil memorização e que registre todas as senhas de forma eficiente e pouco trabalhosa. Nesse link (disponível aqui), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul criou um guia de como criar e manter uma boa senha.

Caso a memória não seja suficiente para lembrar desse sistema de códigos para as infinitas senhas, é possível utilizar outros meios de armazenamento delas. O registro no papel sempre é o mais seguro e confiável, mas também há aplicativos de segurança confiáveis que podem ser utilizados para armazená-las. A melhor e mais segura opção gratuita é o Bitwarden. Outra opção mais manual de armazenagem é o KeePassXC.

Além disso, sempre utilize o acesso em duas etapas para os serviços mais importantes e que possuem esta opção, como o e-mail. Nesse modelo de acesso, além da senha, o sistema solicita que o usuário autorize o acesso em outro dispositivo cadastrado previamente

2. Como se prevenir do Doxing, o vazamento de dados

Se proteger do doxing pode ser importante para todos os perfis de usuários, de estudante a empresários. O primeiro passo para saber quais dados seus estão disponíveis online é: dê um Google no seu nome. Com a pesquisa, é possível saber todas as informações pessoais que estão publicadas e são de fácil acesso via internet. Algumas dessas informações podem ser apagadas pelo próprio usuário. Também é possível solicitar que elas sejam apagadas, caso apagar por conta própria não seja uma opção

Segundo: pense duas vezes antes de publicar dados pessoas nas redes sociais. Não apenas seu número de telefone ou e-mail podem ser utilizados de má forma como também a localização em uma foto ou até detalhes da sua vida pessoal em imagens no geral. Sempre que publicar dados sobre sua vida e comportamento, pense duas vezes se realmente deseja expor todas as informações compartilhadas.

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Terceiro: revise a autorização de acesso ao microfône, câmera e serviços de localização de seus aplicativos e crie o hábito de fechá-los quando não estiver usando. No whatsapp, evite deixar sessões ativas em vários dispositivos diferentes.

Aplicativos que parecem mais simples também devem ser configurados, há uma série de serviços que parecem bobos ou joguinhos para celular que são desenvolvidos para coletar dados pessoais dos usuários. Nos celulares, o caminho mais comum para mexer nas configurações dos aplicativos é entrando em Configurações e selecionando a opção Privacidade.

Durante a navegação por sites, o usuário pode considerar utilizar o “modo privado” dos navegadores (como Chrome, Mozilla Firefox, Safari etc.) – geralmente acessado digitando as teclas Ctrl + Shift + N. Este modo de navegação não armazena dados e informações durante o uso de sites e plataformas.

3. Cuidado com o Phishing, o golpe digital

Phishings são aqueles muitos links, imagens, textos e propagandas desenvolvidos para transferir algum tipo de malware – como vírus, bots, cavalos de troia, ransomware etc. – para seu sistema, seja pelo computador ou celular.

Para evitar esse tipo de problema é necessário começar a partir da regra básica: não clicar em links, imagens e propagandas sem saber a origem. Na verdade, é necessário pensar duas vezes antes de clicar em qualquer link que chegar via e-mail ou aplicativos de mensagens.

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Além disso, checar duas vezes todo tipo de movimentação online que inclui passar informações pessoais ou realizar transações financeiras é essencial. Golpistas de internet podem ser bastante eficientes copiando boletos e documentos de todos os tipos.

Cheque o e-mail de origem e a procedência de boletos de contas (mesmo as que parecem muito verossímeis), propagandas, promoções e todo tipo de mensagem que envolve compra, venda e pagamentos online.

É necessário ter em mente que phishings são desenvolvidos para pegar usuários desprevenidos que clicam ou fazem transações sem prestar atenção. Por fim, além de atenção, manter os mecanismos de proteção e antivírus dos computadores e celulares atualizados e fazer backups rotineiros dos dados pode colaborar na prevenção do phishing.

*Este texto utilizou algumas informações do Wired Guide to Digital Security.

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Sobre o escritor

Mariane Roccelo
Mariane Roccelo
Jornalista. Formada em Jornalismo e Comunicação Social pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Meios e Processos Audiovisuais (PPGMPA) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM), ambos da USP.

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