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Aprovação para mestrado em Stanford e Harvard sem notas perfeitas? Brasileiro mostra que é possível

Ana Moraes - 25/04/2024
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“Não me acho super inteligente, não sou mega obstinado, mas sou um cara que não desiste, que gosta de aprender e aprende rápido”. É assim que Arthur Napoleão, de 32 anos, fala sobre si mesmo. Ele, que sempre estudou em colégios públicos no Rio de Janeiro, foi aprovado para fazer mestrado em educação em Stanford e Harvard. Arthur embarca em breve para os Estados Unidos, onde vai estudar com bolsa. A seguir, conheça a trajetória desse carioca, que encontrou na educação um caminho para mudar sua vida e causar um impacto positivo na sociedade. 

O caminho até Stanford

Arthur, neto de retirantes nordestinos, teve uma infância simples. É desse período sua primeira recordação sobre a importância da educação em sua vida “Tive uma professora que criou um projeto para estimular a leitura entre os alunos. Ela foi a responsável pelo meu gosto pelos livros, o que fez uma diferença absurda na minha vida. Foi a primeira vez que pensei que eu era capaz de conseguir coisas que pareciam muito inalcançáveis”, recorda.

Em 2011, ele começou a cursar administração na UERJ, período em que ganhou prática em diversas áreas. Em seus anos de faculdade, uma experiência marcante foi a participação no Laboratório Estudar em 2013, programa de liderança da Fundação Estudar que deu lugar ao Liderança Transformadora, no qual Arthur também se inscreveu no final de 2023. “O Laboratório foi a primeira vez em que fui aprovado em um programa que parecia inalcançável. Conheci pessoas que tiveram um impacto muito grande nas minhas decisões, inclusive na de estudar fora. Entrei em contato com referências que eu não tinha até então. Dez anos depois, no Liderança Transformadora, consegui ver como cresci nesse período”, comenta.

Perto de se formar, quando foi pensar em temas para o seu trabalho de conclusão de curso, decidiu que queria se dedicar a um tema marcante. Nessa época, entrou em contato com pesquisas sobre investimento e retorno em educação. “Comecei a me aprofundar e percebi que a educação tem uma questão mais racional, como uma alavanca que ajuda o desenvolvimento de um país, e também uma questão mais emocional. Pensei na minha história, em como ter acesso à educação fez a diferença na minha vida”, conta.

Arthur fez seu TCC sobre marketing de relacionamento para ajudar na retenção de faculdades privadas e começou a trabalhar em uma consultoria que atuava com instituições de ensino superior. Com o diploma em mãos, o jovem passou por diversas áreas: consultoria, vendas, marketing e produto, para citar algumas.

Após um período de altos e baixos na carreira, se pegou pensando no final de 2022 que queria outras oportunidades de aprendizado: “Eu já tinha tido experiências muito enriquecedoras no mercado de trabalho, estava em um lugar legal, já tinha trabalhado com educação e mostrado bons resultados. Mas eu queria mais. Foi aí que surgiu a ideia de fazer um MBA nos Estados Unidos”. 

Ele se dedicou ao projeto de estudar fora ao longo do ano de 2023. Em paralelo, desenvolveu o Legado UERJ, uma iniciativa sem fins lucrativos que oferece diversos programas às comunidades de estudantes, ex-alunos e professores da universidade.

Ainda com a ideia de fazer um MBA, Arthur se inscreveu no Prep Pós-graduação, um curso online e gratuito que prepara jovens que sonham em fazer uma pós-graduação em outro país, mas não sabem por onde começar. “O preparatório foi muito importante para me dar uma visão mais ampla sobre o cenário de pós-graduação no exterior. Plantou uma sementinha na minha cabeça que me ajudou a reconsiderar o MBA. Entendi que o mestrado faria mais sentido para mim”, explica.  

O processo, no entanto, não se mostrou menos complexo. “Ouvi de uma pessoa da área que eu deveria pensar em outras universidades, porque não seria aprovado nas que eu gostaria”, relata. Arthur chegou a desistir: “Comecei a pensar que aquele sonho era muito distante da minha realidade, que não fazia sentido tentar. Eu não fui tão bem na faculdade, pensava que sala de aula não era para mim. Ainda tenho TDAH, pensava que não ia me encaixar naquele meio”, conta.

Ele só não desistiu porque o TOEFL já estava pago: “Não podia jogar dinheiro fora. Pensei que se eu tirasse uma nota boa continuaria. Se não conseguisse, desistiria de vez”. Por ter feito aulas de inglês na adolescência, Arthur tinha uma boa base do idioma. Ele diz que poderia ter estudado mais para a prova, mas conta que deu tudo de si no dia do exame. O resultado positivo fez com que ele avançasse no processo de application, mas um outro obstáculo quase o levou a desistir de vez: o statement of purpose (SOP), um ensaio que reúne as experiências acadêmicas e extracurriculares de um candidato. “Fiquei um mês pensando exclusivamente nisso. Tive que aprender a me vender, a contar uma história sobre mim”, lembra.

Arthur considera que o SOP foi o grande responsável por suas aprovações, já que seu GPA, número que dá uma visão geral de como foi o desempenho acadêmico de um estudante, é de 3.1 em uma escala de 0 a 4, valor que não é tão competitivo para universidades de ponta. 

Após o processo desafiador de application, Arthur foi recompensado com aprovações em Stanford e Harvard, duas das melhores universidades do mundo. Ele vai cursar o programa de mestrado em LDT (Learning Design and Technology) em Stanford, um ramo do mestrado em educação. Além da aprovação, ele conquistou uma bolsa do Lemann Center para custear os valores de anuidade e manutenção na universidade. Entre outros motivos pela opção por Stanford, ele cita a proximidade com o Vale do Silício, um dos principais centros de tecnologia do mundo.

Dicas para quem quer estudar fora

Arthur conta que foi fundamental conversar com pessoas que também fizeram mestrado em Stanford: “Eu jogava no Google ‘LDT Stanford Linkedin’ para encontrar pessoas que fizeram o mesmo curso que eu vou fazer. Depois, ia nas conexões do perfil e procurava outras para conversar, perguntava se conheciam outras pessoas que pudessem falar comigo. Quando veio a resposta de Stanford, eu já tinha falado com gerações de pessoas que passaram por lá”, relata. 

Essas conversas foram fundamentais para que ele entendesse o que a universidade buscava, principalmente para construir a SOP. Além disso, ele mostrou o ensaio para várias pessoas experientes em busca de feedbacks, o que considera fundamental.

Outro ponto importante, segundo o futuro mestre, é saber conectar seu histórico com o programa de interesse: “Eu já tinha uma história trabalhando com tecnologia, produto e marketing na área de educação, e isso se encaixava bem com o mestrado que escolhi”. Ele cogitou um mestrado na área de políticas públicas, mas percebeu que seus caminhos profissionais se relacionavam melhor com o LDT, principalmente pela vertente de tecnologia. “Eu não tinha notas tão boas, mas tinha uma história para contar com a minha trajetória profissional e usei isso a meu favor”, enfatiza.

Com o Prep Pós-graduação, Arthur conta que conseguiu criar um mapa mental com os passos do caminho para atingir seu objetivo. “O preparatório foi essencial para me ajudar na parte da documentação, traduções e outros detalhes que eram muito confusos para mim. Eu não sabia direito o que fazer, o que tinha que ter para me candidatar”, afirma. 

Agora, Arthur, que nunca tinha saído do Brasil até o final de 2023, se prepara para embarcar em breve para a Califórnia. “Só tenho que ajustar mais algumas coisas, mas já está tudo encaminhado”, comemora. Em Stanford, ele pretende trabalhar em um projeto sobre educação profissionalizante. “Minha mãe fez curso técnico, eu vi o quanto que isso pode fazer a diferença na vida de alguém. Quero ir e voltar para aumentar a adoção do ensino técnico profissionalizante no Brasil”, finaliza.

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Sobre o escritor

Ana Moraes
Jornalista e editora do Portal Estudar Fora. Entre em contato pelo e-mail [email protected].

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