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Transformando sua história e desafios em diferenciais na application

 

Por Laís Cesar Nery de Castro

Olá, pessoal!

Me chamo Laís, sou do interior da Bahia e, atualmente, estudo com bolsa integral em uma boarding school (internato) nos Estados Unidos. Hoje, quero compartilhar um pouco sobre como as experiências que estou vivendo por aqui me fizeram refletir sobre a minha própria trajetória e como aprender a contar a sua história da forma certa pode ser exatamente o que vai te destacar em uma aplicação para instituições no exterior.

Dois Mundos, histórias diferentes 

Imagine que você acabou de se mudar para os Estados Unidos. É o seu primeiro dia de aula em um internato. Da janela do dormitório, você vê alunos engravatados e, à frente, ônibus amarelos alinhados em fila, exatamente como nos filmes. Esse foi o meu primeiro contato com a nova realidade, que, apesar de parecer um sonho à primeira vista, naquele momento se tornava real. E eu precisava lidar com os desafios que viessem a partir dali.

Nas aulas, especialmente as de matemática, eu me desdobrava para entender conceitos que nunca tinha visto antes. Pré-cálculo e cálculo eram fascinantes, mas muito desafiadores. Afinal, quem mal sabia o que era um logaritmo agora precisava fazer derivadas.

Ao meu redor, observava colegas que tiravam tudo de letra, que ou tinham tutores para todas as matérias ou simplesmente eram gênios. Enquanto isso, eu ia dormir de madrugada e acordava antes das 5h para terminar de estudar —praticamente todos os dias.

Essa rotina era exaustiva e meu descontentamento era constante. Afinal, parecia que, não importava o quanto eu estudasse, eu não fecharia aquela prova. Enquanto isso, ouvia colegas desapontados com seus 90% de acerto.

Apesar da frustração, me lembrava constantemente de que havia vindo de uma realidade totalmente diferente, cidade do interior, uma base matemática que não era das melhores e nem metade das oportunidades que a maioria das pessoas naquele contexto tinha. Porém, não sentia que isso fosse motivo para me desqualificar ou me impedir de tentar voos mais altos. Afinal, se eu já tinha conseguido chegar ali, por que não poderia me desafiar mais um pouco, não é mesmo?

Ao escutar meus colegas contando sobre viagens para a Itália, China ou Islândia, eu não conseguia evitar a comparação: quantas vezes eu sequer tinha saído do meu estado?

Mas eram justamente nesses momentos que eu mergulhava ainda mais na minha própria trajetória, nos desafios que enfrentei, nas oportunidades que nunca tive e nas histórias que só eu poderia contar por ter vivido o que vivi.

Que tipo de coragem foi essa que me fez deixar o que era familiar para trás, aos 17 anos, e me mudar para outro país, a mais de 10.500 km do lugar que chamava de casa? O que será que as pessoas enxergavam em mim que, naquele momento, eu mesma ainda não conseguia ver?

Contando sua história

Com o tempo, percebi que minha história não deveria ser comparada ou moldada para se encaixar. Ela podia, e devia, ser contada exatamente como era. Entendi que o que eu tinha de diferente era também o que me tornava interessante.

No entanto, cuidado! Quando você começa a comparar sua história com a dos outros, contar a sua própria narrativa pode se tornar um desafio.

Sendo assim…

“O óbvio precisa ser dito!”

Especialmente em ambientes nos quais estamos rodeados de pessoas brilhantes, se comparar é muito fácil —e, muitas vezes, sua trajetória, conquistas e competências já se tornaram tão familiares para você que parece natural presumir que os outros também vão perceber isso ao te conhecer melhor. Pode até ser o caso, mas, no processo de aplicação, se você não fizer da sua história um óbvio coletivo, ninguém vai contar por você aquilo que só você viveu.

Pessoalmente, por exemplo, meu background é extremamente diferente do dos meus amigos gringos. No entanto, como uma aplicante brasileira no exterior, se eu não tornar minha história clara e evidente, os admission officers jamais vão entender o contexto por trás de muitos aspectos da minha aplicação.

“Ah, mas no seu caso é diferente. E quando você está aplicando do Brasil?” Bem, a mesma lógica se aplica. Assim como qualquer outra pessoa, suas vivências, visão de mundo e costumes são diferentes dos demais. Claro que, sendo do mesmo país, há experiências comuns, mas o que realmente importa é como você vai contá-las.

Afinal, algumas das melhores histórias vêm justamente do que é mais cotidiano. Uma roda de capoeira, um copo de chimarrão ou uma tarde fazendo pão de queijo com a sua avó podem parecer simples, mas carregam identidade, afeto e cultura, e podem se transformar em narrativas únicas na sua aplicação. Por isso, escolha a sua história com orgulho e conte-a do jeito certo!

Narrativa na prática: detalhes podem ser cruciais  

Antes de organizar sua narrativa escrita, é importante refletir profundamente sobre sua vida pessoal. Quais são seus sonhos, medos, o que te faz feliz, o que te entristece, o que te move?

Um exercício que tem me ajudado bastante antes de escrever essays é abrir uma página no meu computador e escrever sobre minha vida como se estivesse contando para alguém desconhecido. Nisso, me faço algumas perguntas como:

  • Como posso descrever o lugar onde nasci para essa pessoa? Qual mensagem preciso que ela entenda?
  • Quais sensações tive nesse ambiente, com essas pessoas? Quais cheiros, sabores ou sons eram os meus preferidos?
  • O que é genuinamente importante para mim? Algum momento especial vem à mente?

Agora, imagine que você precisa contar essa mesma história para uma criança de 5 anos. Qual seria o gancho da sua história para deixá-la interessante? Quais personagens precisam estar presentes? O que a torna diferente das outras? Essa criança se lembraria da história e pediria para ouvir de novo?

Pare e reflita!

A partir daí, você terá muito mais clareza sobre qual história quer contar e como fazê-lo de maneira interessante. Mas questione-se: “Eu realmente me reconheço nessa história?”

Por fim, mas não menos importante…

Tire proveito dos recursos ao seu redor! 

Dois sites que recomendo fortemente são: 

  1. Essay Hell

Possui vários artigos sobre diferentes tipos de redação, narrativas e até mesmo oferece livros como “Escape Essay Hell”, que podem ser encontrados online (verifique as políticas de direitos autorais) e em plataformas como a Amazon .

  1. College Essay Guy

Oferece diversos cursos, materiais e exercícios para ajudar a melhorar sua narrativa.

E aí, gostou?
Deixe nos comentários o que achou desta coluna e como você pretende contar a sua narrativa.

Até a próxima! 🙂


 

Laís, 18 anos, natural do interior da Bahia, é apaixonada por debates, política, economia, negócios e artes, e é movida pelo desejo constante de aprender coisas novas. Atualmente, estuda com bolsa na Annie Wright Schools, nos Estados Unidos. Como aluna e colunista do Prep, vive o processo de application para universidades no exterior e compartilha, em suas colunas, os desafios e aprendizados dessa jornada.


A coluna acima foi escrita por Laís Cesar Nery de Castro, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais e faça sua inscrição aqui.

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