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“O seguro-saúde salvou minha vida”, conta brasileiro diagnosticado com câncer durante intercâmbio

Priscila Bellini - 15/08/2018
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O alagoano Paulo Feitosa, natural de Arapiraca, decidiu fazer intercâmbio logo depois de terminar a faculdade. Era a chance de assumir um posto de liderança e se preparar melhor para o mercado de trabalho. “Pensei que aquele seria o momento correto, em que teria um tempo para mim, para evoluir e ter uma experiência intercultural”, conta ele. Terminou os afazeres do curso em novembro e embarcou para a Colômbia em janeiro do ano seguinte.

Ele fizera as malas para a cidade de Bucaramanga, onde desenvolveria um trabalho voluntário vinculado à AIESEC, organização em que trabalhava desde a faculdade. Logo de cara, se surpreendeu com as muitas novidades na rotina. Comidas diferentes, nenhum conhecido por perto e hábitos diversos faziam parte do pacote. Além disso, a dificuldade de falar espanhol o tempo todo. “Eu tentava me comunicar e não conseguia ser muito claro no que eu queria, fosse no supermercado ou em outro lugar”, conta Paulo. “Mas as pessoas tentavam me ajudar e entender melhor o que eu falava”.

Com o fim do intercâmbio na Colômbia, entretanto, viu que sentiria falta da experiência. “Eu também tinha saudade dos meus pais e da minha rotina antiga”, explica o brasileiro. “Mas percebi que, se antes eu tinha meu trabalho e minha faculdade, quando eu voltasse isso não existiria mais”. Retornou, então, ao Brasil por apenas dois meses, antes de encarar mais uma experiência no Peru.

“O primeiro pensamento que eu tive foi ‘eu vou morrer'”

A função de Paulo, durante o período em terras peruanas, era de comandar a diretoria de marketing da AIESEC local. Ou seja, liderar um time de 18 pessoas, culturalmente diferentes, e entender o funcionamento do setor no país. “A grande facilidade era que todo mundo da equipe tinha empatia pelo que o outro estava passando”.

Foi ainda no intercâmbio que a rotina de Paulo foi interrompida por um problema de saúde. Inicialmente, percebeu um inchaço no rosto que persistiu por dias, e o fez recorrer ao hospital. A prescrição inicial foi de antialérgicos, que não surtiram efeito. “Quando voltei ao hospital, o médico decidiu me internar e fazer uma bateria de exames”, detalha ele. “Eu tinha seguro-saúde e isso ajudou bastante a obter o diagnóstico”.

A preocupação aumentou quando os médicos demoraram para chegar a um diagnóstico preciso sobre o quadro. Perceberam, por fim, que o inchaço era só um dos sintomas. “No dia do meu aniversário, o meu médico e um oncologista viram ao meu quarto e me explicaram que eu estava com câncer”. “O primeiro pensamento que eu tive foi ‘eu vou morrer’.”

Quais eram as saídas possíveis 

Até o momento do diagnóstico, todos os procedimentos de que Paulo necessitara foram cobertos pelo seguro-saúde. Entretanto, mesmo com um tumor em estágio inicial em mãos, as opções do brasileiro mudaram de figura.

“Por contar com um seguro-saúde, eu tinha a possibilidade de voltar ao Brasil por causa da doença”, explica o alagoano. Pelas regras do seguro-saúde, não estavam cobertos tratamentos do tipo, após o diagnóstico, no exterior. Por outro lado, com todos os exames feitos no Peru, ele temia que o retorno para o país atrasasse seu tratamento.

O jovem alagoano precisou, então, recorrer aos hospitais que atendiam pelo sistema de saúde local. “Lá, você paga tudo, até mesmo a agulha que usa, mas com preço mais baixo do que os hospitais particulares”, conta Paulo.

Foi em Lima que ele começou e encerrou o tratamento, entre os meses de janeiro e fevereiro. “Eu não tive nenhuma reação à quimioterapia, meu cabelo não caiu”, detalha o brasileiro. Nesse período, conta como manteve uma atitude positiva, apoiada por quem estava em volta – dos outros pacientes à equipe médica. “As enfermeiras da oncologia eram muito simpáticas e solícitas, e o sorriso delas iluminava a sala de quimioterapia. Aquilo tornava tudo mais fácil”.

Finalizada essa etapa, fez o acompanhamento mensal até junho, no mesmo hospital peruano. Depois, vencida a doença, Paulo pode retornar ao Brasil. “Agora, já passou e é só uma história para contar”.

Como encarar situações tão difíceis no intercâmbio

Paulo reconhece que o diagnóstico e o tratamento foram uma situação delicada. “De início, eu perdi o chão, a noção do tempo e do que estava acontecendo na minha vida”, diz ele. “Consegui ter forças com ajuda dos meus amigos, que estavam comigo dando todo o apoio”.

Ele elenca alguns conselhos que o ajudaram a encarar uma situação tão difícil no intercâmbio:

#1 Confie no sistema de apoio

A confiança no sistema de apoio disponível ajuda a estabelecer referências e a lidar com os termos práticos da situação. Isso significa não só acionar o seguro-saúde a tempo, como também confiar em médicos responsáveis e tratamentos disponíveis.

#2 Conte com a ajuda dos amigos

Mesmo longe de casa, Paulo teve apoio dos colegas da AIESEC, que o ajudavam nas idas ao hospital e no apoio emocional necessário durante o tratamento. “Os amigos estão lá para nos ajudar quando começamos a fraquejar”.

#3 Seja positivo

Esse foi um dos conselhos que o alagoano recebeu do chefe, durante o período na AIESEC do Peru. “Seja positivo, viva como se fosse uma fase, porque essa vai ser só uma história para contar”.

#4 Nunca viaje sem seguro-saúde

“Até a hora do meu diagnóstico final, que era até onde o seguro-saúde podia atuar, me deram total suporte”, afirma o brasileiro. Ter apoio para remédios, exames e consultas permitiu que ele se sentisse “mais seguro”, mesmo longe do Brasil. “Ter um seguro-saúde salvou minha vida”.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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