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Por que é tão difícil encontrar bolsas para graduação na área da saúde

Gustavo Sumares - 07/01/2020
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Se você tem vontade de estudar Medicina ou outros cursos da área da saúde, pode já ter percebido algo desagradável: esses cursos costumam ser muito caros. E, para piorar, parece ser mais difícil encontrar bolsas de estudos para esses cursos — especialmente na graduação.

Essa realidade não é apenas brasileira. Em universidades estrangeiras, a situação se repete: mesmo programas de bolsas de universidades renomadas, como Harvard e Oxford, às vezes fazem exceções aos cursos da área da saúde. Ou seja: as bolsas são para candidatos à maioria dos cursos de graduação, mas não Medicina.

Mas por que isso acontece? Há, na verdade, uma série de motivos pelos quais é mais difícil encontrar bolsas de estudos para os cursos na área da saúde. A seguir, vamos falar sobre alguns deles. Confira:

1 – O curso em si é caro

Um dos motivos é o fato de que manter o curso de medicina é algo custoso para as próprias universidades. Manter os equipamentos e instalações necessários para um curso de Medicina (incluindo hospitais universitários, equipamentos laboratoriais e cadáveres para aula de anatomia) pode ser bastante caro, e esse valor se reflete nas taxas de tuition.

Isso não inclui o valor que deve ser pago aos professores, que devem ser profissionais e pesquisadores da área da saúde. Como os profissionais dessa área costumam ganhar muito bem, as universidades precisam pagar um preço alto para que seja interessante, para eles, dedicar-se às aulas. Isso também torna o curso mais caro.

E há também o fato de que o curso de Medicina (ou “Med School” em inglês) costuma durar mais tempo do que outros cursos de graduação. Em Oxford, por exemplo, o curso de Medicina tem duração de seis anos (assim como no Brasil). Ao conceder bolsas de estudo para graduação em Medicina, portanto, a universidade está abrindo mão de um valor muito mais alto do que ao dar bolsas de estudo para alunos de outras áreas.

2 – A carreira é muito prestigiada

Como mencionado no tópico anterior, os profissionais da área da saúde costumam ser muito bem remunerados. Por isso, contratar professores para cursos de Medicina pode acabar sendo mais caro do que em outras áreas. Afinal, é necessário oferecer a eles salários compatíveis com o do mercado.

O fato da carreira ser socialmente prestigiosa também afeta o custo das faculdades de medicina de outra maneira: ele gera a expectativa de que os estudantes, após concluírem o curso, terão uma renda elevada. Diante dessa perspectiva, pode parecer mais razoável, aos alunos, gastar um valor maior para cursar Medicina.

Isso significa que há muitas pessoas dispostas a pegar student loans (empréstimos estudantis) para cursar Medicina, já que lhes parece  razoável pensar que vão conseguir pagar esses empréstimos no futuro, quando trabalharem como médicos. Em outras palavras: há mais pessoas dispostas a “dar um jeito” de pagar pelo curso.

3 – Oferta e demanda

Os dois fatores, somados, geram uma situação em que há uma grande demanda por cursos de Medicina — já que a carreira é tão valorizada. Ao mesmo tempo, eles fazem com que a oferta de cursos seja relativamente baixa, pois os cursos são caros e a formação de novos médicos dura mais do que a formação de outros profissionais.

Quando a demanda por algo é alta e a oferta é baixa, o preço tende a subir. E, de fato, é isso o que acontece com os cursos de Medicina: há muita gente querendo estudar (e disposta a pagar por isso) e uma oferta relativamente pequena de cursos. Essa situação se reflete também no preço dos cursos, especialmente em instituições privadas.

Como formar novos médicos é importante para a sociedade, é comum que universidades públicas recebam aportes vultosos do governo para ajudar a tornar o curso mais acessível. Mas esse auxílio financeiro é geralmente usado por elas para reduzir a mensalidade de todos os alunos em vez de oferecer algumas bolsas e cobrar mais caro dos demais estudantes.

 

 

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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