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O novo perfil do profissional de educação

Cecilia Araujo - 11/11/2013
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Pense num estereótipo que represente um profissional de educação. Provavelmente seria uma senhora, idealista, sem grandes ambições, funcionária pública e com um salário módico, certo? Errado. Claro que ainda há pessoas com um perfil parecido com esse que fazem parte do setor, assim como em tantos outros. Mas não se engane: há cada vez mais jovens, empreeendedores e com formações diversas – como finanças, engenharia, design e tecnologia – que desejam seguir carreira na área, e não necessariamente no setor público. Existe espaço para trabalhar em corporações privadas, áreas estratégicas do setor público e também com empreendedorismo.

Thomas Rock, do admissions office da Teachers College, Columbia University, conta que a escola vem atraindo um perfil diferente de estudantes nos últimos anos, como jovens profissionais e pessoas que querem mudar de carreira. “Diferentemente de alguns anos atrás, muitos deles são homens, vêm do setor privado e querem começar a trabalhar com algo que lhes faça sentir bem. A educação é uma área muito gratificante, pois torna possível fazer uma diferença evidente na vida de outras pessoas e ter um impacto na sociedade”, acrescenta.

Muitas pessoas que fizeram sua graduação em outras áreas estão se despertando para pensar em formas de melhorar a educação no Brasil, e é grande a sua contribuição para o setor. “Elas trazem uma ótica diferenciada para os próprios professores e gestores. Tecnologia e empreendedorismo despertam neles um olhar mais crítico e analítico sobre seus alunos e suas formas de aprendizado. Já não basta apenas transferir ao jovem um conteúdo curricular massificado”, diz Márcia Regina Bartels, consultora educacional da FTD Sistema de Ensino. Esses profissionais estão se especializando em educação para trabalhar em grandes corporações, que estão crescendo no país, ou criar seus próprios projetos e start-ups.

Igor Lima, por exemplo, que hoje é vice-presidente de operações do grupo de ensino Kroton (atualmente o maior grupo educacional do mundo em número de alunos), não imaginava trabalhar com educação. Formou-se engenheiro no ITA, em 2003, e foi consultor da McKinsey por vários anos. A própria empresa lhe possibilitou ter sua primeira experiência com educação: em seu Third Year Out (uma política que permite trabalho temporário em outra empresa), foi trabalhar numa escola de Fortaleza e conheceu os desafios do setor na prática. Decidiu fazer um MBA na Kellogg School of Management e o estágio de verão (summer) no Brasil, em uma faculdade do Ceará. “Como venho de uma família muito simples, ter a oportunidade de estudar mudou a minha vida. O que faço hoje é ajudar outras pessoas a também ter acesso à educação”, afirma.

Para o também engenheiro Alfredo Sandes, que cursou o mestrado Learning, Design and Technology (LDT), na Stanford Graduate School of Education, como Lemann Fellow, os profissionais de educação sentem cada vez mais a necessidade de trabalhar com pesquisas baseadas em evidências, que exigem uma metodologia apurada, fazer uso das mais novas tecnologias e pensar em uma forma inovadora de gerir uma instituição, seja ela pública ou privada. “Nesse contexto, profissionais das áreas de engenharia, estatística, finanças, computação e administração têm muito a contribuir.”

Tonia Casarin, por exemplo, se formou em Administração de Empresas pela PUC-Rio, trabalhou tanto para o governo e quanto para empresas privadas, e atualmente participa do programa Adult Learning and Leadership do Teachers College, Columbia University, também como Lemann Fellow. Antes de embarcar para os EUA, ela já atuava na área de coaching, com o objetivo de auxiliar jovens a potencializar seu resultados acadêmicos e descobrir seus talentos para direcionar sua carreira desde a adolescência.

Hoje, Tonia também colabora para a plataforma Formigueiro, um projeto do nosso colunista Renan Ferreirinha, que promove crowdfunding para projetos de educação de baixo custo e rápida implementação, mas que não conseguem sair do papel por causa da burocracia do setor público brasileiro. “Essas são algumas formas que encontrei para contribuir para o meu país e ter um impacto positivo na nossa sociedade.”

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Sobre o escritor

Cecilia Araujo
Cecilia Araujo
Cecília Araújo é jornalista formada pela UFMG. Na Fundação Estudar, foi Coordenadora de Comunicação e Conteúdo, Gerente de Comunicação e Marketing e Co-Diretora. Atualmente, está à frente do projeto Pessoas pela Chapada, que retrata histórias de moradores da Chapada Diamantina.

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