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Alunos do MIT recriam campus da universidade no Minecraft para a semana de calouros

Gustavo Sumares - 05/05/2020
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Com a pandemia do COVID-19, eventos presenciais em larga escala tiveram que ser cancelados. Para os estudantes do MIT, isso significava que o tradicional Campus Preview Weekend (um evento no qual o campus da universidade é apresentado aos novos alunos) não poderia acontecer. A solução que os veteranos encontraram, segundo a própria universidade, foi reconstruir todo o campus do MIT no Minecraft, em escala 1:1.

O projeto teve início no final de abril, de acordo com a Boston Magazine. O Minecraft foi escolhido por sua natureza colaborativa e simples, e por sua popularidade mas plataformas como Second Life e Club Penguin também foram cogitadas. Atualmente, graças ao trabalho de mais de 200 estudantes da universidade, o servidor já contém recriações detalhadas de dezenas de edifícios do instituto. Abaixo, é possível ver um vídeo do projeto:

Para quem não conhece, o Minecraft é uma espécie de “Lego digital”. Os jogadores podem usar cubos de diferentes materiais para construir edifícios. Também podem aproveitar esses materiais, aliados à física do jogo, para construir aparelhos que funcionam. Usando esses recursos, os estudantes do MIT conseguiram fazer uma réplica digital do campus.

Foi nessa réplica digital que aconteceu o Campus Preview Weekend de 2020. Além desse evento, outras apresentações do espaço já foram realizadas virtualmente para pessoas interessadas em estudar na instituição. A versão digital do MIT também já foi palco de festas e reuniões de alunos em recriações digitais de suas residências estudantis. A equipe que coordenou a “construção” do campus está conversando com o MIT Museum sobre a possibilidade de preservar e exibí-lo como um artefato virtual.

O quem tem no MIT no Minecraft?

Por se tratar de um trabalho colaborativo, a versão do MIT no Minecraft é surpreendemente rica em detalhes. Ela não contém apenas a fachada dos edifícios, mas também seus interiores, incluindo paredes e divisões internas, mobílias e até decorações como plantas e quadros. Tudo isso, no entanto, feito com as ferramentas do jogo, que dão à versão digital um aspecto “quadradão” divertido.

Como o jogo só permite construir com cubos, alguns edifícios do MIT (como o Great Dome, o Stata Center e o Kresge Auditorium) foram particularmente difíceis de se transferir para o mundo virtual. Para isso, os estudantes precisaram usar um plugin de geometria para ajudá-los a construir com cubos as construções esféricas.

O Kresge Auditorium da vida real pode ser visto abaixo:

E, aqui, a versão quadradona dele no Minecraft (atrás da fogueira):

MIT-Minecraft-Kresge-Oval minecraft, por Ben Kettle

Abaixo, você pode ver uma imagem do Stata Center na vida real:

Stata Center do MIT

E, aqui, a versão dele no Minecraft:

Stata Center do MIT no Minecraft/ imagem de Oren Klopfer

Shayna Ahteck, uma das estudantes envolvidas no projeto, contou à Boston Magazine que o edifício foi particularmente desafiador por causa de seus detalhes cromados, já que o Minecraft não tem materiais reflexivos. “Então estamos pensando bem em como vamos respeitar os desejos do arquiteto Frank Gehry”, comentou.

Ahteck também foi responsável pela reconstrução do McCormick Hall, a única residência estudantil do MIT reservada para mulheres. Sem poder visitar o edifício, ela recriou-o inteiramente a partir da memória. Na sua versão do Minecraft, ele tem até um elevador que funciona, em referência aos elevadores erráticos do prédio na vida real. Segundo ela, o projeto foi a primeira experiência de muitos alunos com o jogo.

O site de admissions da universidade lista outros detalhes interessantes adicionados pelos alunos: as portas automáticas do Lobby 7 atrasam de propósito, porque são meio lentas na vida real, por exemplo. O site também lista como estudantes podeem se envolver no projeto.

Cultura colaborativa

Segundo o Business Insider, a recriação do MIT no Minecraft também reforça a cultura colaborativa dos estudantes da universidade. Desde que o projeto teve início, mais de 600 pessoas já entraram no servidor dedicado. E segundo os moderadores do projeto, essas pessoas já trabalharam o equivalente a mais de dois meses no projeto.

Assim como Ahteck recriou o seu edifício de residência estudantil, cada um dos alunos foi acrescentando os detalhes de que lembrava dos edifícios que frequentavam ou de paisagens por onde costumavam passar. Naturalmente, o campus também ganhou uma versão digital do ônibus circular — que, por enquanto, ainda não funciona.

Os professores também estão interessados no projeto. William Moses, um dos moderadores, contou ao Business Insider que um professor de Estudos Midiáticos já esteve online no servidor para dar aulas por lá. E os estudantes também pensam na possibilidade de usar a versão digital do campus para realizar jogos com outras escolas.

Moses, no entanto, considera que o projeto revela o orgulho que os alunos do MIT têm dos espaços da universidade. “Ninguém vai se formar no Minecraft. Algumas coisas não podem ser feitas, mas nós ficamos contentes de fornecer materiais que ajudarão as pessoas a criar experiências diferentes”, conclui.

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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