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Brasileiro conta como é fazer MBA na Coreia do Sul

Priscila Bellini - 09/06/2017
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Comida apimentada, alimentação bem diferente da brasileira, um mar de empresas gigantescas como Samsung e Hyundai. Esses são alguns dos pontos possíveis para descrever a experiência na Coreia do Sul, país localizado no Sudeste da Ásia. Apesar do destaque na região, a Coreia ainda é um destino pouco procurado por brasileiros para a formação acadêmica.

Mas, se depender de qualidade de ensino e bolsas disponíveis, esse cenário tem tudo para mudar. “Se a pessoa não quiser uma carreira tão tradicional, pode muito bem ter uma experiência completa por lá”, sintetiza o paulista Gustavo Nakano, que embarcou para o país em 2009. Na época, Nakano candidatou-se ao MBA (Master in Business Administration) na Sungkyunkwan University, um programa que unia aulas do curso à possibilidade de trabalhar por um período no país logo em seguida. Foi o caso do brasileiro, que cursou por dois anos o MBA na Coreia e permaneceu um ano a mais trabalhando no país, até 2012.

Como explica Nakano, o programa do qual fez parte era uma iniciativa da Samsung, que atraía estudantes estrangeiros para a instituição. Isso porque a universidade, fundada no século XIV, fora comprada pela empresa sul-coreana em 2006. Por meio do programa de MBA, os estudantes também tinham contato com a Samsung e trabalhavam por lá logo após a formação. Para a universidade, a iniciativa também era vantajosa, por incentivar a internacionalização. “Na turma, 70% dos alunos eram sul-coreanos, que optaram por um programa local. Com a obrigatoriedade de falar inglês, eles tinham de se comunicar mais no idioma”, detalha o brasileiro. “E isso deixava tudo mais fácil para os alunos estrangeiros”, explica ele, que se formou em Administração pela Fundação Getúlio Vargas.

Como é o programa de MBA na Coreia?

Pode parecer, logo de cara, que um programa de MBA na Coreia fugirá de todos os padrões. É justamente o contrário. Apesar das experiências particulares de viver em uma cidade sul-coreana como a capital Seoul ou Suwon, a formação em si assemelha-se muito ao que se encontra nos Estados Unidos ou na Europa. “A abordagem é bem tradicional, com muita discussão de casos e muitos projetos em equipe”, conta Gustavo.

Como, no caso de Gustavo, o programa somava experiência acadêmica à profissional, o MBA servia como primeiro passo na adaptação ao país. “Eu estava exposto a uma realidade que não dominava, em que eu não sabia dos códigos e das ordens”, explica o brasileiro. Depois do período de estudos, a transição para o trabalho na Samsung ficou mais tranquila. Não só pela adaptação à cultura, mas também pelas soft skills aprendidas no curso. “A gente tem que ser um solucionador de problemas e ter o pé no chão. O MBA ajuda muito nessa parte”, pontua.

Como é o processo seletivo do MBA na Coreia

A seleção para uma instituição do porte da Sungkyunkwan University pelo programa foi um pouco diferente do usual. Graças à parceria com a Samsung, os candidatos passavam, logo de cara, pelo crivo da empresa, que realizava entrevistas e painéis com os interessados.

Não era necessário apresentar testes como o GRE e o GMAT, provas padronizadas que costumam ser pedidas na pós-graduação no exterior. Por outro lado, o aluno deveria comprovar proficiência em inglês, idioma usado durante as aulas, por meio de exames como o TOEFL. Ainda que um curso de coreano, língua local, fosse ministrado aos alunos recém-chegados, não se tratava de um requisito. “Eu não tinha professores coreanos. Eram geralmente professores do MIT (Massachussetts Institute of Technology) que passavam um período por lá”, explica Gustavo.

Opção para brasileiros

Como o paulista Gustavo Nakano explica, a comunidade de brasileiros na Coreia do Sul é menor do que em países mais procurados, como os Estados Unidos. “É uma rede mais forte e mais unida, que se ajuda mais do que uma comunidade de milhões de pessoas”, opina ele.

Mesmo com o número reduzido de brasileiros por lá, não faltam oportunidades. O NIIED (National Institute for International Education), por exemplo, é um órgão ligado ao governo coreano que atrai estudantes para estudar no país por meio de bolsas de estudo. Na maioria dos editais, o idioma coreano não entra como pré-requisito e apenas o inglês é necessário.

“O jeito é dar a cara a tapa e tentar. Às vezes, o aluno começa a ler sobre o processo e ver o número de documentos e o que tem de fazer e já desiste”, conclui o brasileiro.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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