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Harvard enfrenta processo por suposto racismo em admissões

Marcela Marcos - 17/10/2018
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Um ativista conservador americano (Edward Blum) está acusando a Harvard University de desfavorecer candidatos americanos de origem asiática em seu processo de admissões. A acusação teve início em 2014, mas a defesa da universidade começou a ser ouvida no tribunal nesta segunda-feira, em Boston, nos Estados Unidos. O julgamento, que deve levar cerca de três semanas, é o mais recente de uma série de outras acusações sobre a prática de considerar raça em seleções para faculdades americanas.

Entenda o processo contra Harvard

O caso foi apresentado pelo grupo Students for Fair Admissions (SFFA), liderado por Edward Blum, que acusa Harvard do que ele chama de “equilíbrio racial”. Isso porque, nos testes que compõem admissões, segundo o grupo, os estudantes americanos de origem asiática costumam ter notas mais altas, mas os critérios da instituição têm sido baseados em características mais genéricas, que o SFFA considera manipuláveis. Ainda de acordo com a acusação, tais critérios estariam favorecendo candidatos de outras raças. O líder do grupo se baseia no depoimento de Michael Wang, um estudante asiático-americano rejeitado por Harvard.
De acordo com o The Wall Street Journal, a universidade nega as acusações, alegando que raça é apenas “um dos fatores” considerados durante as admissões (o que é permitido pela Suprema Corte americana) e que, se não houvesse ações afirmativas, a participação de estudantes brancos aumentaria significativamente, assim como a parcela de americanos de origem asiática, enquanto o percentual de afro-americanos nas salas de aula diminuiria.

O que alega a universidade

A Harvard publicou em seu site o posicionamento oficial sobre o caso. No texto, a universidade afirma estar “empenhada em expandir as oportunidades, a excelência e em criar uma comunidade diversificada, essencial para cumprir sua missão de educar cidadãos e líderes engajados”. A publicação diz ainda que “as políticas de admissão de Harvard não discriminam nenhum grupo de candidatos”, e que “o direito do Harvard College, e de todas as outras faculdades e universidades do país, de buscar os benefícios educacionais resultantes da reunião de um grupo diverso de alunos” continuará a ser defendido de forma vigorosa.

Como o julgamento pode afetar outras admissões

A defesa da instituição está sendo ouvida em um tribunal federal de Boston, pela juíza Allison Burroughs, e pode chegar à Suprema Corte dos EUA, em que caberia ao juiz Brett Kavanaugh decidir sobre o futuro das ações afirmativas em faculdades americanas nas próximas décadas.

As políticas afirmativas em escolas de ensino do país estão sendo criticadas desde 1978, quando uma decisão judicial derrubou as cotas raciais em uma faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia. Agora, além da acusação contra Harvard movida pelo grupo SFFA, outra ação na justiça acusa as universidades de Nova York de se basearem ilegalmente em raça e gênero para selecionar estudantes de Direito para compor os principais periódicos acadêmicos.

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Sobre o escritor

Marcela Marcos
Marcela Marcos
Marcela Marcos é jornalista e cursa mestrado na linha de Comunicação do programa de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do ABC. Foi colaboradora do portal Estudar Fora em 2018.

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