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Crenças limitantes no processo do application: estudar fora também é para alunos de colégio brasileiro tradicional

Por Giovana Ramalho Lacerda , estudante do Prep Program 2025

Ao longo da vida, mas principalmente na adolescência, temos diversos sonhos que inevitavelmente são acompanhados de crenças limitantes. Muitas vezes, o nosso entorno pode não parecer favorável para atingir nossos objetivos, e nos sentimos perdidos de como prosseguir.

No Brasil, o conhecimento sobre aplicação ainda é pouco difundido, e muitos que se interessam pelo tema não sabem por onde começar a se desenvolver. Para muitos jovens, de início o processo parece ser algo distante, e junto aos outros colunistas, venho aqui trazer sobre a desmistificação e aproximação desse processo com a vida dos jovens. 

Acredito que o processo de aplicação começa assim que o jovem entra em contato com oportunidades além da sala de aula, como olimpíadas, simulações da ONU e feira de ciências.

No meu caso, com 13 anos, durante a pandemia, comecei a participar de simulações da ONU de maneira remota, com países como a Índia, Turquia e Indonésia. Encontrava-as no Instagram: digitava “mun” (sigla em inglês para Molde United Nations, que significa Simulação da ONU) e apareciam várias opções. Enviava direct para obter mais informações sobre inscrição; poucas respostas. Procurava mais conferências indo nos “seguidores” de cada uma. 

Assim que participei da primeira simulação, vi que não havia volta: os MUNs tinham me conquistado permanentemente. Acho interessante falar também do ganho cultural que tive nessas experiências; assisti a um show de mágica indiano ao vivo seguido de uma apresentação musical, presente na abertura de uma das conferências que participei. E, sendo a única participante latina em várias delas, podia participar gratuitamente! 

Lembro que em cada simulação que ia, conhecia outras que eram divulgadas nos grupos. Fazia conexão com pessoas que depois me apresentaram mais oportunidades; meu envolvimento com justiça social começou quando uma garota me apresentou um projeto de debates internacionais, o Youtheria, do qual fui membro por um tempo. 

Ao ganhar experiência com as simulações, desenvolvi a coragem para fundar a simulação na escola que estudava. Foi nesse ponto que as crenças limitantes começaram a surgir: para mim, o mundo das simulações da ONU e do colégio pareciam inconciliáveis, e sabia que seria difícil estabelecer uma rotina que permitisse a integração de atividades extra classe com carga acadêmica.

Além disso, sabia que o apoio que receberia seria restrito e que eu teria dificuldade de fazer com que as pessoas quisessem participar da simulação que estava criando. Surgem então dois questionamentos: como vou desenvolver uma semente de um projeto no terreno que me parece infértil? E, como vou convencer as pessoas a se engajarem em uma atividade que não tem benefícios aparentes para a maioria ? 

À medida que planejava este projeto, tive dois aprendizados:

A ousadia — necessária para entender que o máximo que eu poderia receber seria um “não” — e a autenticidade — muitas pessoas nunca entendiam porque eu estava 2 horas da manhã debatendo aos 13 anos, mas por que precisam? 

Fui aprendendo que sempre haveria pessoas que querem mergulhar no pioneirismo desse projeto (poucas). O desafio seria encontrá-las. Comecei a ajudar a escola no processo de levar os estudantes para simulações e desenvolverem ambição nessa área.

Aprendi a encontrar pessoas engajadas que estivessem dispostas a participar de mais conferências para aprenderem sobre os MUNs e liderarem comigo a criação da simulação do colégio. E, mesmo tendo apenas 14 anos e pouca experiência com liderança, a ousadia me permitiu usar da minha experiência para desenvolver esse projeto

O processo de criação não foi fácil: por ser algo novo na escola, enfrentamos diversos desafios desde logísticos a emocionais — mantive minha postura de genuinamente e autenticamente ser apaixonada pelo que estava fazendo, e acredito que este tenha sido meu ponto mais forte. Usei da minha natureza entusiástica e conciliadora para lidar com os diversos desafios. E, ao final, a conferência aconteceu, e com muito sucesso. 

O que quero deixar claro como lição dessa experiência é se permitir mergulhar em novos oceanos que você venha a conhecer e que goste. Assim que tiver contato com uma atividade que você se identificou, mantenha contato com as pessoas, faça conexões e siga as redes de todos os envolvidos, e as oportunidades virão em cadeia. Gosto de comparar o mundo extra curricular com o efeito estufa: quanto mais você investe energia e entusiasmo neste, mais conectado e apegado a este universo você se encontra.

Além disso, não tenha medo de apresentar propostas tanto para sua escola como para seus amigos: você pode conseguir apoio, e mesmo que não consiga desenvolver o projeto dentro da sua escola, desenvolva-o autonomamente. Você pode fazer parceria com projetos similares para auxiliar na divulgação! E, seja sempre autêntico — o que mais faz as pessoas comprarem ideias é o envolvimento de quem as expressa — mostre seu exemplo, e as pessoas, mediante admiração, virão de encontro às suas propostas. 

Por fim, não tenha medo. No início, tudo é mais difícil, pois você ainda está plantando sementes. Mas depois, terá plantado um extenso jardim de possibilidades e será muito mais rápido desenvolver suas próprias iniciativas. 

Espero que esta matéria tenha ajudado vocês a terem mais coragem de seguirem seus sonhos — pela trilha da ousadia e autenticidade. 

Estou na torcida por vocês!

 


 

Giovana é uma estudante soteropolitana de 17 anos, atualmente no 3º ano do ensino médio. Sua ambição de estudar no exterior surgiu cedo e, desde o 9º ano, participa ativamente de Simulações das Nações Unidas, acumulando experiência em cerca de 40 conferências. Também se dedica à pesquisa científica, investigando os efeitos das redes sociais em jovens. Seu objetivo é cursar Ciência Política e advogar pelo acesso ao esporte.

 


A coluna acima foi escrita por Giovana Ramalho Lacerda, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais e faça sua inscrição aqui.

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