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Brasileiro conta como é estudar animação no Canadá

Priscila Bellini - 17/10/2016
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Por Priscila Bellini

Provavelmente, se você se esforçar para se lembrar dos filmes que mais assistia quando era pequeno, vai conseguir uma lista bastante extensa de animações. Procurando Nemo, Toy Story, Rei Leão e por aí vai. A animação — que está longe de ser exclusividade para o público infantil — é, por definição, um processo em que cada fotograma do filme é produzido individualmente. Podem entrar para a lista de animações também as intervenções feitas em filmes como O Senhor dos Anéis (para trazer às telas uma árvore que fala, por exemplo).

Para quem se interessa pelo ramo e planeja fazer parte das equipes que fazem as animações tomarem forma, há numerosas opções de formação. Há quem opte por graduações com esse foco, ou quem prefira dar os primeiros passos no Cinema para se especializar em seguida. Em meio às instituições que disponibilizam cursos nesses moldes, está a Vancouver Film School. A universidade canadense fica entre as mais bem avaliadas na área, e chegou a ser classificada pelo site Animation Career Review como a segunda melhor do mundo. Também formou nomes como Chad Moffitt, do time de animação da trilogia O Senhor dos Anéis, nomeada três vezes no Oscar para a categoria de Efeitos Visuais.

Fundada em 1987, a VFS ganhou destaque com seus programas que unem experiências em laboratório e práticas diversas, além das parcerias que passou a estabelecer. Uma delas, estabelecida com o Youtube, mantém um programa de bolsas integrais para estudantes que vençam uma competição de vídeos no site. Outro ponto importante da instituição está no ambiente multicultural. Não é à toa que, de lá, também tenham saído nomes como o de Shakun Batra, um dos diretores promissores em Bollywood.

Um brasileiro na VFS

Foi a combinação do ambiente diversificado, dos nomes que saíam da VFS e as várias oportunidades emergentes no Canadá que atraíram o carioca Jan Habib. Ele havia cursado Engenharia da Computação na PUC-Rio e, durante a graduação, passara seis meses em um curso de Animação 3D. Essa experiência de um semestre serviu de base para, logo em seguida, se arriscar em Vancouver, na pós-graduação em Animação 3D e Efeitos Visuais.

Durante todo o tempo que estive por lá, estava cercado de artistas incríveis

Uma vez aceito no curso, Jan passou um ano aprendendo sobre diversas partes da animação, que iam de modelagem à texturização. No segundo semestre, ele teve de escolher entre três áreas: ou um curta de animação, ou uma demonstração de modelos (esculturas digitais) ou uma cena de efeitos visuais (ou seja, inserir objetos virtuais em gravações reais). No caso de Jan, a opção foi um curta. “O filme fala sobre um vampiro que acaba de acordar para tomar a última gota de sangue que guardava na geladeira, quando é atacado por um mosquito que quer roubar esse último gole”, detalha Jan Habib, que já havia realizado outros projetos em 3D como freelancer. “Foi um projeto bem desafiador para ser realizado sozinho, mas o aprendizado adquirido elevou muito os meus níveis técnico e artístico”.

Fundamental para este aprendizado é o acompanhamento dos trabalhos realizados pelos professores. É nesse momento que os alunos podem contar com ajuda para resolver os problemas na produção dos projetos, em qualquer uma das áreas do projeto final. Quando o projeto chega à conclusão, resta aos autores do projeto um momento “inesquecível”: assistir ao curta em uma tela de cinema, na sala exclusiva para os alunos, professores e profissionais da área.

Como a Vancouver Film School tem destaque na área, não é surpresa que os formandos acabem encontrando boas oportunidades de emprego. Para apoiar os estudantes, a instituição organiza feiras com possíveis empregadores, que também costumam recorrer à escola em sua busca por novos talentos. Ao fim da especialização, Jan decidiu retornar ao Brasil para trabalhar na área. “Juntando os trabalhos que havia realizado como freelancer com o curta animado que produzi, tendo no currículo uma das melhores instituições de ensino em 3D me abriu diversas portas”, diz ele. Ter uma formação híbrida, unindo a graduação em engenharia à animação, também favoreceu Jan na hora de procurar uma posição no Brasil. Hoje em dia, ele ocupa o cargo de generalista 3D na Rede Globo, e reconhece que a experiência e o contato com profissionais do ramo na VFS foram um passo importante no caminho. “Durante todo o tempo que estive por lá, estava cercado de artistas incríveis”.

Para os interessados em ingressar na Vancouver Film School, é possível recorrer à Next Level Scholarship, bolsa que disponibiliza até 10 mil dólares para estudantes interessados. Para recebê-la, o candidato precisa responder à pergunta “qual dos estudantes ou formados da VFS inspirou você a seguir seus passos ou escrever sua própria história na VFS?” e fazer a application online.

* Foto: Inside the 3D Animation & Visual Effects Campus / Crédito: VancouverFilmSchool CC BY 2.0

 

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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